OFFSHORE EUROPE, A SEGUNDA MAIOR FEIRA DE PETRÓLEO DO MUNDO, COMEÇA COM APOSTA DE BRASILEIROS EM NOVAS PARCERIAS INTERNACIONAIS

Aberdeen 08.09 tarja 1ABERDEEN– Começou na manhã desta terça-feira (8) a maior feira de petróleo da Europa, que está sendo realizada aqui em Aberdeen, na Escócia. São seis pavilhões abrigando 1.500 estandes de empresas de mais de cem países, mais de 335 empresas do que a edição anterior, há dois anos. São esperados mais de 63 mil visitantes que desembarcam aqui vindos do mundo inteiro, além de 130 veículos de imprensa credenciados. Do Brasil, apenas o Petronotícias, que dará toda cobertura a este evento.

A crise mundial na área do petróleo também tem reflexos em todo Reino Unido e especificamente em Aberdeen, considerada a capital do petróleo da Europa há 50 anos. A Inglaterra tem mais de 450 mil pessoas trabalhando diretamente  com o setor de petróleo, uma indústria que movimenta 57 bilhões de dólares em negócios. Com o amadurecimento de seus campos, a produção, que já passou de 4 milhões de barris por dia,  hoje se estabilizou em 1,5 milhão de barris diários. E, assim como o Brasil, a expectativa dos analistas e profissionais do setor com quem o Petronotícias conversou neste primeiro dia de feira é que haja uma recuperação apenas em 2017.

Aberdeen 08.09 (1)Muitas empresas inglesas, irlandesas e escocesas querem estreitar relações com as empresas brasileiras. Ao contrário do que acontece no Brasil, o conteúdo nacional não era um fator tão importante. Mas, com a redução acentuada do mercado, este pensamento está sendo considerado com mais atenção, assim como no Brasil. As negociações entre empresas brasileiras estão sendo capitaneadas pela UKTI, que tem uma participação extremamente importante na aproximação das pontas do negócio. Neste primeiro dia, a partir do meio dia, hora local, sete da manhã no Brasil, as primeiras reuniões entre empresas brasileiras e do Reino Unido se iniciam. Essas conversações se manterão também na quarta-feira (9).

A busca é por novos negócios. Por conversações que podem resultar em desenvolvimento de tecnologias, trocas de tecnologias e criação de joint ventures, para que as empresas inglesas possam chegar ao Brasil e atender ao mercado, seguindo as exigências de conteúdo nacional, sem precisarem aprender o cipoal de taxas, impostos e burocracia brasileiras, um entrave permanente para o desenvolvimento do país.

Aberdeen 08.09 (2)Na segunda (7), descobrimos, finalmente, quem representará a Petrobrás no evento. Uma feira que envolve tanta gente, tantos países, tantas tecnologias, ficará a cargo do gerente executivo Edival Dan, auxiliar direto do Conselheiro do presidente Aldemir Bendine e responsável pelo conteúdo nacional da Petrobrás, Paulo Alonso.

Se não seguir os mesmos passos de sua chefia direta, poderá ter um bom futuro pela frente. Basta enxergar a necessidade das empresas brasileiras, não querer subtrair os intentos de quem quer crescer, compreender o que está fazendo e não usar a arrogância como defesa. O Petronotícias apurou que Edival Dan ficará apenas dois dias em Aberdeen e depois seguirá com uma equipe da UKTI para Londres, onde conhecerá uma feira de petróleo, a IMPA, que está sendo realizada paralelamente na capital do Reino Unido. Por uma política recente da Petrobrás, apenas ele veio representando a empresa. Uma pena. Uma feira com tantos recursos em subsea mereceria que muita gente do segmento do setor de exploração e produção estivesse presente, acompanhando o que há de novidades no setor.

Aberdeen 08.09 (3)O empreendedorismo das quase trinta empresas que estão aqui contrasta com o descaso com que a Petrobrás está tratando o evento. Muitas delas estão tomando conhecimento do mercado de petróleo pela primeira vez, mas há empresas importantes do setor que querem se desenvolver e buscar alternativas diante da crise. Veja a relação das empresas que estão na delegação brasileira organizada por SEBRAE, FIEMG, CNI, FINDES, ONIP, IEL-MG e SENAI-MG.

A lista segue a ordem alfabética: Analítica Química, Ápice Projetos de Gestão, Araxá Ambiental, Assess, Azanonatec, Casa do Torneiro, Emalto Indústria, Estel Serviços industriais, Estevão Odone Leuck & Cia, Gaia, Gigante Locadora de Guindaste, HP Parafusos e Abrasivos, JG Martins, Lifting, Mac Log Solutions, Megatherm, MPI Eletrônica, Navium, OAZ Administração e Participações, Ogramac, Ponte Consultoria, Progel – Projetos Geológicos, RP Technologies, Tecnofink, Tecnofil, Valtec.

Um dia após a publicação desta reportagem, a Petrobrás entrou em contato com o Petronotícias pedindo que fosse incluída uma nota escrita por sua assessoria de imprensa. Segue abaixo na íntegra:

“A Petrobrás repudia o texto “Offshore Europe, a segunda maior feira de petróleo do mundo, começa com aposta de brasileiros em novas parcerias internacionais”, que contém ofensas a respeito da companhia e de alguns de seus profissionais.  A Petrobrás apoia historicamente o desenvolvimento e fortalecimento da indústria brasileira de petróleo. A companhia tem sólida política de conteúdo local, visando não apenas ao desenvolvimento de fornecedores nacionais como também à formação de parcerias entre estes e empresas estrangeiras. O trabalho vem obtendo resultados expressivos. Nos últimos três anos, de 250 fornecedores estrangeiros selecionados e avaliados, 80 demonstraram interesse em se instalar no Brasil e já dispararam ações nesse sentido; no que concerne ao suporte financeiro a fornecedores, o sistema Progredir, idealizado pelo PROMINP e implantado com o apoio da Petrobrás, já concedeu um volume total de financiamento de contratos da ordem de R$ 5,4 bilhões, beneficiando 661 fornecedores. A companhia, através do PROMINP, também contribuiu para a capacitação de 100 mil trabalhadores para a indústria de petróleo e gás com os recursos da participação especial. O conteúdo local dos projetos de investimento da Petrobrás na área de exploração e produção passou de 57%, em 2003, para um valor médio de 68% em 2015. Sobre a participação em eventos da indústria mundial de petróleo, a Petrobrás esclarece que tem como prática avaliar a sua presença em cada um dos principais fóruns e congressos levando em conta o momento, os objetivos e benefícios do ponto de vista da empresa, bem como a contribuição a ser oferecida à indústria”.  

O Petronotícias mantém sua posição de crítica construtiva às ações da Petrobrás. O repúdio usado pela companhia deveria ser usado contra ela mesma. Por falta dessas críticas, a maior companhia brasileira está envolvida num cipoal de corrupção que nem ela mesmo sabe quanto perdeu. O Prominp foi realmente um programa vitorioso, mas as glórias não se devem apenas à Petrobrás. Muitas outras entidades, como a ABEMI, tiveram grande participação no treinamento de mão de obra brasileira. Curiosamente, o PROMINP foi à mingua quando passou a ser coordenado pelo gerente executivo Paulo Alonso. Merecida ou imerecidamente, é tido por muitos como o “coveiro do PROMINP”.

Hoje, é quem coordena o Programa de Conteúdo Local, que já fez a companhia comprometer milhões de reais em multa por não respeitá-lo na íntegra. E a empresa insiste em mandar obras para a China e Malásia, onde a concorrência com as imposições burocráticas não se compara. É mais fácil responsabilizar as empresas e os empresários brasileiros do que apontar diretamente o X do problema, como excesso de exigências que as empresas precisam cumprir elevando às nuvens o preço pago a um trabalhador aqui no Brasil. A carga tributária e as cobranças de QSMSRS que a estatal não cobra e nem fiscaliza com o mesmo rigor nas operações internacionais, principalmente na China. A Petrobrás deveria aproveitar este momento para se renovar. Buscar sangue novo em seus quadros. Se livrar de profissionais de boca torta de quem fuma cachimbo.

Ter humildade para aprender com o novo. Com as inovações que estão sendo mostradas ao mundo do petróleo na cidade de Aberdeen. Mas a arrogância ainda parece estar incrustada em algumas pessoas da companhia, apesar de toda exposição vexatória que está passando. Enquanto isso não mudar, a empresa continuará tropeçando nela.

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[…] ABERDEEN – Se alguém esperava que a Petrobrás pudesse dar importância à maior feira de petróleo da Europa, pode tirar o cavalo da chuva. Pelo jeito, a empresa brasileira não tem nada mais para aprender com ninguém. E quando não se tem nada para aprender, é o início do fim do conhecimento. Esperava-se que a estatal usasse o bom senso, o bom critério, mandando profissionais para que pudessem olhar o que há de novo no mercado de petróleo e gás. O que está se fazendo numa indústria com muita experiência. A busca de todas as empresas aqui na Europa… Read more »

Biffy
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Biffy

Trabalho, desenvolvimento, crescimento, tecnologia e reconhecimento, caminham junto e no caso da maior empresa nacional, outras práticas vinham dominando o seguimento e em nada acrescentaria, marcar presença em mais uma “feirinha”, isso devido ao fato de os maiores negócios realizados pelos mais importantes cargos da estatal, eram escusos e realizados fora do circuito de negócios da importância de uma SPE. Temos a exata impressão de que nossos mais importantes e influentes executivos poderosos, não compareceram por estarem usando coleiras eletrônicas e ou falta de liberação do MPF, para o primeiro escalão, os substitutos que ousaram estar presente, fizeram uma apresentação… Read more »