ORANGE APOSTA EM CONECTIVIDADE E SERVIÇOS DE DADOS PARA CRESCER NO SETOR DE ÓLEO E GÁS
Por Bruno Viggiano (bruno@petronoticias.com.br) –
A Orange Business Service vê no setor de petróleo e gás um dos maiores mercados explorados pela companhia. Se no Brasil a WEG é um grande cliente, a Total mundialmente é a maior cliente da companhia, mas outras grandes empresas também têm serviços fornecidos pela Orange, como Aramco, Saipem, Siemens, BW Offshore, Bourbon Offshore, Akzo Nobel e Veolia Water. O diretor global para o setor de óleo, gás e mineração da Orange, Martin Denari, destacou a importância do acesso remoto desenvolvido pela empresa, que permite a certeza de que um equipamento está funcionando perfeitamente, em localidades remotas, como plataformas de petróleo à muitos quilômetros de distância da costa. Neste nicho, a companhia francesa vem apostando em novas tecnologias de conectividade e de armazenamento de dados, com opções de serviços de compartilhamento para empresas que atuam em consórcios e precisam compartilhar informações de forma segura. O executivo também acredita que o mercado de petróleo e gás brasileiro passa por um momento de reconfiguração, uma fase de mudança, muito por conta das regulamentações ambientais, que se tornam cada vez mais constantes e rígidas.
Como a Orange está inserida na cadeia de óleo e gás?
Na industria de óleo e gás, nós temos um grande ecossistema. Centenas e centenas de empresas e todas trabalham juntas. Às vezes acontecem parcerias específicas como, por exemplo, com empresas que querem explorar uma determinada área, e que produzem muitos dados. Um dos problemas chaves no mundo é que a quantidade de dados só está aumentando, sendo que muitas vezes esses dados precisam ser compartilhados com diversas partes do ecossistema numa campanha de exploração. Isso significa que, se as companhias A e B são parceiras em um campo, elas precisam dividir entre eles os dados. Se eu vou guardar dados que serão divididos, preciso de estrutura. Por exemplo, se estamos explorando no Brasil eu e você, e precisamos dividir dados. Então precisamos de um lugar em comum para armazenar esses dados. Amanhã, eu estarei em parceria com outra empresa, e mais uma vez teria que ter uma estrutura de armazenamento, ou seja, mais um investimento nessa área. Então nós disponibilizamos nosso data center, ou seja, a conectividade é garantida com segurança, pois os dados são criptografados. Por isso é chamado de armazenamento flexível. Não importa a quantidade de dados, nós tomamos conta disso. A outra coisa é que nós permitimos que os parceiros se conectem ao sistema e estabeleçam dinamicamente qual dado eles querem disponibilizar com qual parceiro. Assim todos nós podemos ser parte do sistema e ter diferentes tipos de conexões.
Quanto representa o setor de óleo e gás para a Orange?
Globalmente representa uma quantidade de negócios muito significativa. Somos muito fortes internacionalmente. Só para te dar uma ideia, alguns de nossos clientes estão entre as maiores empresas do mundo.
Dentre os clientes, qual é o maior? E no Brasil?
A Total. Mas também trabalhamos com grandes empresas como a Aramco, Saipem, Siemens, BW Offshore, Bourbon Offshore, Akzo Nobel e Veolia Water. Aqui no Brasil não podemos ainda falar com quem negociamos, a não ser que seja um cliente, pois isso poderia atrapalhar as nossas vendas. Um dos nossos clientes que podemos falar é a WEG. Com essa empresa nosso contrato não conta com cláusula de confidencialidade, portanto, podemos falar dela.
Que tipo de soluções são oferecidas pela Orange?
Nós temos diversas soluções que podem encaixar em diversos problemas. No caso da WEG, por exemplo, nós fornecemos conectividade. Conectividade e soluções para os impasses do dia a dia da companhia. A indústria do petróleo e gás é um negócio global, o que significa que existem clientes com negócios mundo a fora. Para a gente, o que importa é o negócio que estamos fazendo com os clientes, então para um cliente particular podemos oferecer uma solução especial em diferentes partes do mundo. E isso é uma das maiores forças. A Orange trabalha como um time globalmente. Existem diversos casos que fazemos uma oferta para um cliente em algum lugar do mundo e a entrega se realiza em outra parte.
Há algum serviço específico para a indústria de petróleo e gás?
Em termos de soluções, temos diversas linhas de serviços. Vamos desde conectividade, com alguma especificação da conectividade para a área de petróleo e gás, como VSAT, como cabos para conectar plataformas, que é uma conectividade muito específica. Essa conexão existirá por 10, 15 anos, e nossa habilidade única de conectar plataformas por fibra ótica nos dá uma liderança grande de vantagem por causa da confiança, do custo etc. Então, é possível perceber que nós damos soluções específicas que se encaixam perfeitamente no investimento. Uma aplicação que merece destaque é o acesso remoto de máquinas.
O que é o acesso remoto de máquinas?
É uma das peças chave, já que a maioria das coisas interessantes acontecem nas mais remotas localidades e na indústria de óleo e gás. Quando se fala em um lugar remoto, não significa um lugar longe, significa um lugar longe do lugar longe. O que acontece é que precisamos da certeza de que um equipamento está funcionando perfeitamente. O que você quer fazer é evitar a manutenção de reparo e iniciar a manutenção de prevenção, pois com ela você envia o seu técnico e ele olha cada pedaço dos equipamentos, ele se assegura de que tudo está funcionando corretamente, pois você quer evitar ter que acordar no meio da noite ouvindo “essa bomba está quebrada”, somando prejuízos. Temos um protótipo que desenvolvemos para uma companhia que trabalha nos Alpes, em locais muito remotos, com clima muito hostil, no meio das montanhas, e somos capazes de enviar pela internet todos os parâmetros chaves de cada máquina que eles têm, além de permitir à companhia fazer toda a análise. Queremos prevenir um compressor de explodir no ar, por diversos motivos, desde prejuízos financeiros até a morte humana, e isso é a chave da indústria. Tudo que pudermos fazer para prevenir acidentes que podem ter impactos em vida humana ou no meio ambiente, tem prioridade máxima.
Qual a estrutura da Orange no Brasil?
Cerca de 600 empregados. Metade deles no Rio, porque temos um grande centro de serviços em Petrópolis. Com alguns técnicos e operadores remotos, especialistas para todas as soluções que nós oferecemos para nossos investidores. Temos cinco centros de serviços mundo afora e um deles é este do Rio. Temos operação de vendas também aqui no Rio, em São Paulo, em Curitiba e em Porto Alegre, e também temos todos servidores profissionais, gerentes de projetos, consultores de soluções, gerentes de vendas, equipe administrativa, etc.
Para a Orange Brasil a área de óleo e gás é o maior foco?
É um importante componente do nosso trabalho, mas não podemos detalhar muito por conta da política da empresa. O que acontece é que a Orange está presente em diversos setores. Todos os clientes precisam de conectividade, para acessar e-mails, fazer telefonemas, armazenamento de dados, vídeo conferência etc. Além da conectividade que oferecemos de uma forma segura e privada, com VPN, também oferecemos serviços de integração para esses clientes.
O que a Orange pensa do momento do Brasil no setor de óleo e gás?
Deixe-me fazer uma outra pergunta: se achasse que é um momento ruim você teria 600 empresas como você teve na Rio Oil & Gas dete ano? Precisa colocar as coisas em perspectiva. Não acho que deva-se dizer que é um momento ruim para o preço do óleo que temos hoje em dia. Já vivi quando o barril custou oito dólares. E também a 16. Aqueles eram tempos ruins. Se vir o preço do óleo hoje, não pode dizer que o momento é ruim. Agora, tendo dito isto, a indústria do petróleo varia muito de país para país, e sem querer ter nenhuma conotação política, porque não é minha responsabilidade, nem é da minha conta, a desregulação, ou a troca constante dos donos das empresas, talvez tenha algum impacto. Então, eu diria, com todo respeito, nós vemos uma mudança. E mudança sempre deixa as pessoas desconfortáveis, porque não se sabe o que vai acontecer.
Como a Orange pode colaborar com as empresas nesse momento de desconforto?
As pessoas na indústria estão procurando investimentos com baixo custo e monitoramento remoto, e isso reduz custo pois previne mais custo no futuro. Então acredito que temos ótimas aplicações para investimentos e para reduzir custos. Eu penso que o que pode estar causando um desconforto é a nova onda de regulamentação. No passado isso não existia, hoje em dia estamos muito mais alertas com relação à natureza. Como uma sociedade sabemos dos danos, riscos e cuidados que devemos ter com o meio ambiente, então existem diversas conversas do que tem ou não que ser regulado, mas acredito que é parte do que as pessoas expressam de achar que não é o melhor momento, a regulação.
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