PAULO ROBERTO COSTA FICA CALADO E CPI DA PETROBRÁS VIRA PALANQUE PARA DISCURSOS DE PARLAMENTARES
“Vou me reservar o direito de ficar calado”. Essa foi a maneira com que o ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás Paulo Roberto Costa iniciou e conduziu todo o seu depoimento na sessão desta quarta-feira (17) na CPI Mista da Petrobrás, pedindo desculpas em algumas oportunidades. A decisão do depoente já era esperada por ele estar contribuindo, em esquema de delação premiada, com as investigações do Ministério Público e da Polícia Federal sobre o envolvimento de políticos em esquemas ilegais envolvendo a estatal. Mesmo assim, alguns parlamentares insistiram em fazer perguntas, que Costa recusou responder.
Antes da entrada do ex-diretor na sala da CPI, deputados e senadores defenderam que a reunião fosse aberta, mas membros da oposição manifestavam o desejo de torná-la secreta, caso Costa concordasse falar nessas condições. Mas, quando essa possibilidade foi colocada em votação, a maioria dos presentes, formada pela base governista, decidiu por sessão aberta, argumentando que não haveria respostas de qualquer maneira. O depoente permaneceu se recusando a responder as perguntas dos parlamentares, que anunciaram que irão requerer ao STF o compartilhamento das informações dadas pelo ex-diretor no regime de delação premiada. De resto, a sessão se transformou em palanque para os políticos se manifestarem não só sobre o assunto em questão, mas também para exibirem discursos de caráter eleitoral, com direito a ataques aos partidos rivais.
A quebra de sigilo bancário de Paulo Roberto Costa e de seus familiares indica a movimentação de quase R$ 90 milhões nos últimos 10 anos. Em seu depoimento à PF, Paulo Roberto Costa havia revelado que as empreiteiras contratadas pela Petrobrás eram obrigadas a fazer doações para um caixa paralelo de partidos e políticos integrantes da base de sustentação da presidente Dilma Rousseff. Em agosto, a revista Veja revelou os nomes citados por Paulo Roberto Costa à PF no recebimento de propinas por contratos na estatal. Entre eles, estão o deputado Henrique Eduardo Alves; o senador Renan Calheiros; o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão; o ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral; a governadora do Maranhão, Roseana Sarney; e o ex-governador de Pernambuco e ex-candidato à Presidência da República, Eduardo Campos, morto no mês passado em acidente aéreo.
Mesmo colaborando com as investigações, Costa deverá ser condenado a uma pena aproximada de cinco anos, o que lhe garantiria, ao final do processo, o direito ao regime semiaberto, no qual seria sentenciado a uma sanção menor do que oito anos de prisão, recebendo a condição de trabalhar durante o dia fora da cadeia, voltando para o presídio no início da noite. Nesse caso, a progressão da pena poderia lhe levar ao regime aberto em poucos meses. A expectativa entre os procuradores da República e sua própria defesa era que fosse condenado a uma pena superior a 50 anos pelos crimes de lavagem de dinheiro e ocultação e destruição de documentos. Pelo acordo, o ex-diretor também abre mão do dinheiro ilícito que mandou para o exterior. Pelo menos US$ 23 milhões estão bloqueados na Suíça em cinco contas atribuídas a ele.
Esta é a segunda vez que Costa vai ao Congresso Nacional para dar explicações sobre denúncias de irregularidades na Petrobrás. Em junho, ele prestou depoimento à CPI exclusiva do Senado sobre a compra da refinaria de Pasadena, no Texas, suspeita de superfaturamento que motivou a criação dos colegiados. Na ocasião, ele disse que a empresa não é uma “casa de negócios”, negando tê-la utilizado para benefício próprio. O ex-diretor está preso por meio da Operação Lava Jato da Polícia Federal, deflagrada para desmontar uma organização acusada de lavagem de dinheiro.
Na derradeira seção da CPI mista da Petrobras no Congresso, quando o Cerveró foi recebido como um “homem integro” e saiu dali com sua esposa e de cabeça erguida. Já o PRC no depoimento de hoje, entrou mudo e saiu calado e foi chamado de bandido. Qual a razão do tratamento diferenciado para os dois ex Diretores da Petrobras se ambos cometeram ilícitos idênticos.Fala-se ate em liberdade a ser concedida ao Ex Diretor PRC em face da delação premiada. Considerando que as duas CPI instaladas no Congresso deveriam “depurar” todos os atos de corrupções ocorridos na Petrobras, não constatamos no… Read more »