PAULO ROBERTO COSTA NEGOCIOU INFORMAÇÃO PRIVILEGIADA PARA LOBISTA
A Operação Lava-Jato investiga o ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás, Paulo Roberto Costa, por fornecer informações privilegiadas para o lobista Wanderley Saraiva Gandra. O objetivo da negociação seria antecipar a Viggo Andersen, diretor da Maersk no Brasil, detalhes sobre as licitações e contratos da Petrobrás disputados pela empresa, que obteve vantagens, segundo Costa.
Costa disse, em delação premiada, que o lobista possuía informações sigilosas a respeito da necessidade de navios disponíveis, fazendo com que a Maersk pudesse ser avisada com antecedência sobre a quantidade de embarcações que deveria reservar para as disputas. Segundo a Polícia Federal, tanto Andersen quanto Wanderley já estavam sendo investigados no último ano por que teriam recebido propinas em contratos assinados com a Gandra Brokerage, empresa offshore de fachada criada por Costa. Esta informação é confirmada pelas declarações de Paulo Roberto em depoimentos prestados ao juiz Sergio Moro, depois de acordar a sua delação premiada.
O ex-diretor da Petrobrás afirmou tomar conhecimento das comissões pagas a Wanderley e Viggo depois de fornecer as informações pela primeira vez. A partir disso, ele passou a receber 0,75% da parte destinada a Gandra, que realizava a entrega do dinheiro em espécie, em sua casa no Rio de Janeiro. Para cada acordo assinado, tanto o lobista como o diretor da Maersk ficavam com 1,5% do valor de contrato cada, de acordo com Costa.
Em nota, a Maersk afirmou que não tem ou teve qualquer contrato com Paulo Roberto Costa e disse que pagava apenas a taxa de corretores de navios e plataformas, de 1,25%, aos responsáveis por intermediar negócios da empresa com clientes – no caso a Petrobrás -, assim como faz em todo o mundo. Disse ainda que o percentual é uma taxa padrão na indústria e norma internacional com relação ao pagamento de comissões a corretores, ressaltando que usou meios legais e canais bancários oficiais para isso, em um banco designado no Rio de Janeiro.
Veja a nota da Maersk na íntegra:
“O Grupo Maersk reitera a sua política de combate à corrupção. Os subornos e as propinas são estritamente proibidos para todos os funcionários da Maersk ou terceiros que trabalhem com a empresa.
Nos negócios globais da indústria dos navios petroleiros e transportadoras de gás, é comum e habitual recorrer a corretores que prestam apoio de marketing externo com o objetivo de promover os serviços dos operadores de navios petroleiros junto de vários clientes de diferentes países. A taxa da indústria padrão e a norma internacional com relação ao pagamento de comissões a corretores é de 1,25% sobre o total de ganhos obtido, conforme acordado no contrato de fretamento. A Maersk Tankers recorre a esses corretores para promover os seus serviços para clientes no Brasil, incluindo a Petrobrás. Cumprindo estritamente as normas da indústria, a Maersk Tankers solicitou os serviços da Gandra Brokerage como corretor no Brasil, pagando a comissão padrão de 1,25%. As comissões entregues à Gandra Brokerage foram pagas mediante a apresentação de faturas adequadas e oficiais e através de canais bancários oficiais em um banco designado no Rio de Janeiro. A Maersk Tankers é a única empresa da Maersk que realizou negócios com a Gandra Brokerage.
Os navios petroleiros e as transportadoras de gás fretado para a Petrobras faziam parte de contratos fixos de acordo com os níveis prevalecentes no mercado daquele momento. A Maersk não tem nenhum contrato com Paulo Roberto Costa, antigo Diretor da Petrobrás.
O Grupo Maersk reitera novamente, em consonância com a sua política, que combate qualquer tipo de corrupção e está em conformidade com a legislação. O Grupo encara com muita seriedade as alegações levantadas. Não encontramos quaisquer provas de que a Maersk tenha participado em atividades consideradas impróprias ou ilegais. Procuramos e fornecemos diligentemente informações às autoridades federais brasileiras e, através de assessoria externa, providenciamos uma reunião com o promotor público federal em julho de 2014. Não fomos contatados pelas autoridades federais desde essa data, mas estamos à disposição para qualquer colaboração.
O Grupo Maersk realiza negócios com a Petrobrás há muitos anos e, em 1977, estabeleceu negócio no Rio de Janeiro para fortalecer o relacionamento com os clientes brasileiros e parceiros em geral. Consequentemente, os negócios da Maersk com a Petrobrás cresceram nas áreas upstream e downstream. A Petrobrás tem empregado, por exemplo, plataformas de perfuração, embarcações offshore, navios petroleiros e transportadoras de gás”.
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