PESQUISA DA ABINEE APONTA EFEITOS DEVASTADORES DO COVID-19 NA INDÚSTRIA BRASILEIRA
Uma quinta sondagem realizada pela Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), entre os dias 8 e 9 de abril, sobre o impacto da pandemia de coronavírus na produção do setor eletroeletrônico apontou que 97% das entrevistadas estão sofrendo efeitos negativos decorrentes da pandemia, sendo que 54% relatou que os impactos foram intensos, enquanto que em 43% são moderados. Apenas 3% indicaram que não perceberam consequências desfavoráveis. Quase metade das empresas (47%) informaram que já operam com paralisação parcial ou total na fabricação local. Esse resultado é bastante superior ao observado nas últimas duas pesquisas anteriores, que era de 6% (6 de março) e de 24% (25 de março). Das empresas que já apontam paralisação, 20% estão totalmente paralisadas e 80% têm paralisação parcial.
Além das empresas que já estão paradas, outros 5% têm paralisação parcial programada com data definida. Mesmo com esse cenário, embora 36% das empresas não tenham programado paralisação na atividade, isto dependerá do tempo em que a atual situação persistir e esse percentual tende a aumentar se a
quarentena persistir após 22 de abril. O presidente da Abinee, Humberto Barbato (foto), está muito preocupado: “A última pesquisa revela que os impactos da pandemia no setor produtivo são graves e o importante é que cada setor industrial tenha claro os protocolos que deverão seguir visando ao retorno mais eficaz e tentando minimizar os impactos desta crise sem precedentes. O governo precisa ver essa questão com urgência pois sem aval do Tesouro o dinheiro empoçado nos Bancos não chegará na indústria e os efeitos poderão ser devastadores. Com a pandemia, o nível de vulnerabilidade do Brasil frente a outros mercados se escancarou.”
Com esse novo cenário, aumentou de 21% para 40% o número de empresas que não atingiram a produção prevista para o 1º trimestre deste ano. Conforme essas empresas, a produção trimestral deverá ficar em média 20% abaixo da projetada. Por outro lado, 48% das entrevistadas acreditam que será possível manter a produção estimada para o trimestre, entretanto face aos reflexos que ocorrerão ainda nos próximos meses, somente 8% acreditam que não haverá quebra na produção até junho. .
A sondagem da Abinee apontou ainda que 58% das pesquisadas apresentam dificuldades no recebimento de componentes, insumos e matérias-primas não somente da China, mas também de diversos outros países. Nas duas últimas pesquisas já foi observado que o problema deixou de estar concentrado nas importações de insumos chineses, somando-se dificuldades com outros países, como alguns outros da Ásia, alguns da Europa, e principalmente por problemas locais, decorrentes da chegada do coronavírus no Brasil. O maior problema apontado na atual pesquisa passou a ser o custo dos fretes. Do total de entrevistadas que importam, 65% perceberam aumento no custo do frete por embarque.
A dificuldade de acesso ao crédito foi um dos entraves mais citados nesse levantamento. Destacou-se que 34% das
empresas relataram que as medidas adotadas pelo Banco Central, com o objetivo de aumentar a liquidez do Sistema Financeiro Nacional não facilitaram efetivamente a adoção do crédito. As empresas informaram que os recursos do compulsório que foram reduzidos pelo Banco Central não estão sendo repassados pelos bancos.

publicada em 17 de abril de 2020 às 18:00 




