PETROBRÁS DESISTE DE MONTAR ESTANDE NA OTC BRASIL E REFORÇA PESSIMISMO DA INDÚSTRIA

Aldemir BendineO corte de investimentos na Petrobrás chegou também à OTC Brasil, onde ela teria o maior e o principal estande da feira. Teria porque a estatal desistiu de montar a estrutura na última hora, obrigando o IBP a usar a criatividade para não deixar um grande buraco no coração da exibição. Ao invés do esperado espaço da Petrobrás, foi criada uma pequena área para palestras, com algumas cadeiras e algumas obras de arte – realizadas com sobras de montagens de evento – para compor o ambiente.

A decisão é a mesma que a companhia tomou em relação à Offshore Europe, em Aberdeen, no mês passado, quando foi realizado o segundo maior evento internacional do setor de óleo e gás, sem a presença da estatal, que mandou apenas um executivo, com participação inexpressiva.

As duas posturas seguem o plano da companhia de tentar economizar US$ 12 bilhões até 2019 cortando treinamentos, viagens, brindes e participações em eventos, como revelou o Petronotícias. No entanto, apesar do aparente rigor do novo comando da empresa, liderado pelo presidente Aldemir Bendine, os patrocínios a feiras e encontros que não têm qualquer relação com seu negócio continuam em vigor.

Sobras de MontagensNo papel de uma empresa estatal e sendo a maior do Brasil, era natural que ela apoiasse iniciativas culturais e sociais pelo país, como sempre fez. Mas, neste momento, em que a dívida da companhia chegou a níveis alarmantes, com o rebaixamento de seu rating pelas agências de risco, tendo grandes e necessárias obras paradas, como o Comperj, e precisando se desfazer de inúmeros ativos de grande relevância, é difícil entender a decisão  da Petrobrás quando deixa de montar estande num evento como a OTC Brasil, mas anuncia o patrocínio à Oca da Sabedoria dos Jogos Mundiais dos Povos Indígenas e ao Encontro Internacional de Palhaços, dentre outros. É claro que são eventos importantes para o país e para a sociedade, mas, se a empresa não está conseguindo se manter firme nem no seu próprio negócio, como ajudar aos outros?

O fato é que a crise já deixou de dar sinais para se tornar uma dura realidade há algum tempo, mas neste evento isso pode ser sentido mais do que nunca. A reunião de executivos de grande porte pelos corredores, em uma feira menor do que a dos últimos anos – apesar do grande esforço e da boa organização do IBP – mostra que a situação não está boa para ninguém.

Vazio PetrobrasExecutivos de companhias nacionais e estrangeiras são unânimes em reconhecer que o quadro está muito complicado. A perspectiva de melhora e de novos investimentos não é esperada no horizonte próximo. Alguns defendem modificações nas regras regulatórias do segmento, como o fim da obrigatoriedade de operação da Petrobrás nos blocos do pré-sal, enquanto outros esperam que a estatal consiga dar algum sinal positivo para as empresas, mas poucos têm alguma previsão de melhora no curto prazo.

O evento chega a sua terceira edição no país, com maior respaldo do que na primeira edição, já que desde o seu segundo ano passou a contar com parcerias importantes, como o IBP e a ANP, mas mesmo assim ficou bastante esvaziado. Além do enorme espaço aberto deixado pela estatal brasileira no centro da feira, boa parte do pavilhão 3, o único utilizado pelos expositores, acabou não sendo ocupada.

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