PETROBRÁS PODE NEGOCIAR PARCERIA PARA CONSTRUÇÃO DO QUARTO TERMINAL DE GNL

Por Daniel Fraiha (daniel@petronoticias.com.br) – 

Carlos PereiraA Petrobrás está revisando seu plano de negócios e ainda não divulga detalhes dos novos investimentos, apesar de já ter informado que a área de exploração e produção vai ser priorizada. No entanto, o mercado de gás brasileiro anda se movimentando em busca de avanços, e o próprio plano de venda de ativos da estatal, que inclui cerca de US$ 5,5 bilhões da área de gás e energia (40% do total de US$ 13,7 bilhões), é um dos atrativos para os investidores do setor privado. O gerente geral de marketing da Petrobrás, Carlos Arentz Pereira, que deu palestra no Rio Gas & Power Forum nesta quarta-feira (25), não adiantou números ou previsões do próximo plano, mas deu um panorama de como a estatal está vendo o segmento de gás e destacou que a empresa continua vendo o Gás Natural Liquefeito (GNL) como um fator fundamental para o fornecimento ao mercado brasileiro, principalmente quando se tratam das termelétricas. Além disso, afirmou que a empresa tem licença para construir um quarto terminal de regaseificação no Brasil, mas ainda não há planos para levá-lo adiante.

“Se alguém tiver interesse, podemos negociar. Podemos até contratar o uso desse terminal como serviço”, disse. Ao final do evento, questionado sobre a possibilidade de avanço dessa negociação, Pereira não quis dar detalhes sobre o assunto, dizendo que não estava autorizado a falar com a imprensa.

Atualmente, a Petrobrás possui três terminais de regaseificação em operação, distribuídos por Rio de Janeiro, Ceará e Bahia. A unidade carioca fica na Baía de Guanabara, com capacidade para 20 milhões de m³/dia, enquanto os outros ficam nas cidades de Pecém e Salvador, com capacidade para 7 milhões de m³/dia e 14 milhões de m³/dia, respectivamente. O quarto terminal, pouco detalhado pela empresa, seria instalado no município de Aracruz, no Espírito Santo, junto ao Terminal Aquaviário de Barra do Riacho. A unidade estudada receberia GNL de navios metaneiros e, após a transformação em gás natural, distribuiria para a rede por meio de uma interligação a ser feita com o gasoduto Cacimbas-Vitória. O trecho de interligação teria 13 km de extensão com 14 milhões de m³ da capacidade de vazão. As informações constam do Relatório de Impacto Ambiental apresentado pela estatal ao governo do Espírito Santo em 2012.

O gerente da estatal não deu qualquer detalhe extra sobre o empreendimento, que foi mencionado apenas após a sua palestra, na sessão de perguntas. Durante sua apresentação, o executivo tratou de perspectivas gerais do mercado nacional de gás, evitando entrar em números em avaliação pela companhia.

“Se eu fosse bom de previsão, preferiria a Mega Sena. É complicado falar de futuro. Estamos num momento de transição, mas a melhor forma de falar disso é olhar para o passado”, disse, antes de rememorar alguns avanços da indústria de gás no Brasil, citando o Gasoduto Bolívia-Brasil, de 1999, como um dos principais exemplos.

Pereira apresentou alguns dados do último plano de negócios da Petrobrás, lançado ainda na época em que a empresa era comandada por Graça Foster. Dentre os destaques, a previsão de que o mercado termelétrico deva atingir um consumo de 23 milhões de metros cúbicos de gás natural por dia em 2025, com uma geração média de 5,4 GW, saltando para uma demanda de 40 milhões de metros cúbicos por dia em 2030, para a geração de 9 GW.

Apesar desse aumento, o executivo ressaltou que o pilar dos investimentos e o maior cliente da Petrobrás é a área industrial, que deve chegar a 2030 com uma participação de 76% do consumo.

“A gente ouve do mercado de gás que ele quer estabilidade, valor do gás estável, volumes definidos e etc. Então o maior valor de uma empresa de energia é cumprir os compromissos, e a Petrobrás tem sempre feito isso”, afirmou.

O gerente da Petrobrás abordou ainda a questão da desvalorização do barril de petróleo, falando sobre dados recentes do mercado americano, onde o número de sondas em operação tem caído bastante, apesar de ainda não ter havido queda na produção.

“A quantidade de sondas está caindo e a produtividade ainda não, mas isso se manterá?”, questionou, em tom provocativo, complementando que, se essa tendência continuar, haverá redução da produção com o tempo e isso levará o preço do barril a subir novamente.

Além disso, citou as previsões elaboradas em janeiro deste ano pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e pelo Banco Mundial, que indicaram uma curva ascendente no preço do petróleo para os próximos anos.

“Todo mundo olha para o preço do brent e fica ressabiado, mas, se olhar para a história, já passamos por isso”, afirmou, citando a crise de 2008, antes de concluir: “incertezas são componentes normais do mercado de óleo e gás”.

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