PETROBRÁS QUER CONCLUIR A OBRA DA RNEST PARA DEPOIS COLOCÁ-LA À VENDA
Se alguém pensou que a Petrobrás poderia voltar atrás e desistir da venda da RNEST, pode tirar o cavalo da chuva. A estatal anunciou hoje (25) que irá retomar a venda do ativo. A empresa vai além. A ideia é concluir a construção do trem 2 da refinaria para torná-la mais atraente para seus potenciais compradores. A afirmação foi feita pelo diretor financeiro e de relações com investidores da companhia, Rodrigo Araújo (foto). Ontem, conforme noticiamos, a petroleira confirmou que investirá US$ 1 bilhão para a conclusão do segundo trem da planta.
“A Petrobrás não desistiu [da venda da RNEST]. Pelo contrário. Continuamos engajados em cumprir e realizar o processo. O que houve foi que realizamos uma tentativa na qual não tivemos ofertas na fase vinculante. Um dos principais pontos que apareceram na fase de discussão do processo foi o risco de completação da obra”, disse Araújo. “Então, entendemos que avançando no processo de conclusão da obra, vamos aumentar o valor do ativo e as perspectivas de conseguir fazer uma venda bem sucedida”, acrescentou.
O diretor da Petrobrás afirmou também que a empresa está em discussão com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) quanto ao timing para anunciar a nova tentativa de venda da RNEST. Atualmente, a Petrobrás precisa concluir no segundo trem da refinaria a parte da destilação atmosférica, o sistema do croqueamento retardado, o HDT de diesel e nafta, geração de hidrogênio e demais tratamentos. A previsão é que a planta vai ampliar sua produção de 115 mil para 260 mil barris por dia (bpd) em 2027.
“Quanto à empresa que irá concluir a parte da SNOx, estamos em um processo final de licitação. Em breve, teremos a empresa contratada”, disse o diretor de refino e gás natural da Petrobrás, Rodrigo Costa (foto à direita). O executivo declarou também que o potencial de geração de empregos nas obras de conclusão gira em torno de 10 mil vagas. Costa concluiu dizendo que os novos investimentos feitos na RNEST serão repassados na nova tentativa de desinvestimento.
“Nós tivemos insucesso no procedimento de venda em relação à REFAP, REPAR e RNEST. Iremos de novo ao mercado, de acordo com os compromissos que assumimos ao CADE. Estaremos definindo um novo cronograma junto com o CADE para ir ao mercado. Em paralelo, temos que seguir com o transcurso dos nossos negócios e com os investimentos, que serão incorporados na nossa expectativa de valor”, explicou.
O anúncio já gerou reações no mercado. “O novo plano é altamente concentrado na exploração e produção (E&P), grande parte dele no pré-sal. Há novos investimentos anunciados em refino. Mas preveem que, no total, a capacidade de refino da Petrobrás deve encolher de 2,2MMbpd em 2021 para 1,2MMbpd em 2022. Os projetos estão concentrados na integração das Bacias do Sudeste (Reduc e GasLub). No caso da RNEST, fica a indagação: sinalizaram a volta do investimento porque não apareceram compradores para a refinaria?”, disse o coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Deyvid Bacelar.
“Parece que há iniciativas inovadoras para a produção de BioQAV, BioBunker, mas nada para os combustíveis mais utilizados no mercado interno. Onde estão os investimentos para o processo de transição energética, para os renováveis, dos quais a direção da Petrobrás vem se desfazendo, indo na contramão da tendência mundial? Onde estão os investimentos em novas tecnologias, que gerem energias mais limpas?”, questionou o sindicalista.
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