PETROLEIRAS PODEM REDUZIR CUSTOS EM ATÉ 18% EM ÁGUAS PROFUNDAS COM DIGITALIZAÇÃO E MELHORIAS LOGÍSTICAS
Os impactos da pandemia do coronavírus e a transição energética impõem desafios às grandes petroleiras globais, que agora estão novamente em uma cruzada para reduzir custos e aumentar a eficiência. Uma análise lançada nesta semana pela IHS Markit indica que ainda há espaço para novos cortes em gastos, que podem ser alcançados com investimentos em operações retomas, análise de dados, eficiência energética e otimização da cadeia de logística. Nas contas feitas pela consultoria britânica, as operações em águas profundas podem alcançar uma economia de até 18%. No caso dos ativos de tight oil (óleo encontrado em rocha reservatório relativamente impermeável), o corte chegaria a 20%.
Durante a última grande recessão da indústria mundial de petróleo e gás, entre 2014 e 2016, a IHS Markit afirma que as empresas petrolíferas reduziram coletivamente os custos unitários, em classes de recursos como não convencionais e águas profundas, entre 35% e 40%. Cerca de dois terços dessas reduções foram obtidas graças a concessões feitas por fornecedores, especialmente em plataformas offshore, embarcações de instalação, equipamentos e aço. A IHS avalia, no entanto, que os principais segmentos de fornecedores só podem oferecer hoje descontos de até um dígito percentual nas atuais condições de mercado.
A consultoria apontou um conjunto de iniciativas que as empresas podem buscar para reduzir o OPEX. O primeiro grupo de ações se refere a operações remotas. Aproveitando os avanços nas tecnologias de sensores, redes de comunicação e controle e infraestrutura de TI, a IHS acredita que as petroleiras podem mudar o trabalho local para o suporte remoto. “Essa mudança vai além das tarefas básicas de vigilância que estão em andamento há anos e em direção a atividades mais complexas, como controle completo de ativos, verdadeira visita por exceção, inspeção de instalações e suporte de manutenção remota”, disse a consultoria.
Em desempenho e confiabilidade de equipamentos, a análise indica que o maior acesso a dados de desempenho de ativos em tempo real e o desenvolvimento de ferramentas analíticas avançadas, permitem identificar melhor equipamentos com desempenho inferior ao ideal ou falhas iminentes. Isso dá a chance para que as empresas tomem as ações corretivas antecipadas. “Essas atividades não apenas aumentam a produtividade e o tempo de atividade dos ativos, mas também reduzem as despesas de manutenção e o uso de consumíveis”, detalhou a IHS.
Na parte de otimização da cadeia de suprimentos e logística, a consultoria diz que os períodos de baixos preços das commodities costumam expor ineficiências na forma como as empresas gerenciam suas redes de logística e transporte. “Por meio de planejamento integrado, melhor utilização de veículos e otimização de rota e velocidade, as empresas petrolíferas demonstraram reduções de 10% a 30% nos custos gerais de transporte”, detalhou.
Por fim, em eficiência energética, a IHS Markit diz que o consumo de energia e combustível é um componente de custo significativo, principalmente em ativos maduros e campos offshore. “Ao monitorar proativamente equipamentos críticos e sistemas de produção em geral para garantir o uso ideal de energia – e tomar medidas quando eles saem fora dessas janelas – até mesmo as empresas líderes do setor foram capazes de reduzir o consumo de 5% a 15%”, apontou a análise.
REDUÇÃO DE EMISSÕES E CORTE DE CUSTOS CAMINHAM JUNTOS
A IHS Markit disse também que a redução de custos e a diminuição de emissões não caminham em sentidos em opostos. Ao invés disso, a consultoria vê uma forte correlação entre os operadores mais eficientes e aqueles que estão fazendo o máximo para reduzir a intensidade de carbono de seus ativos.
“A otimização da cadeia de suprimentos e da logística, juntamente com as operações remotas, minimizam o número de viagens feitas e o número de quilômetros percorridos para realizar o trabalho necessário. O potencial de melhoria de eficiência de 20% a 40% documentado pelo IHS Markit seria acompanhado por uma redução semelhante nas emissões veiculares”, explicou a consultoria. A IHS constatou também que uma melhoria de 5% a 15% na eficiência energética levaria a uma redução equivalente nas emissões de CO2.
A análise apontou ainda que as mesmas tecnologias usadas para identificar e prever falhas de equipamentos podem ser usadas para monitorar e mitigar emissões não intencionais de metano. Sensores podem alertar a equipe de operações sobre liberações do gás e, em seguida, vincular-se a sistemas de gerenciamento de manutenção que iniciam automaticamente as atividades de reparo.
A análise IHS Markit indica que, para a maioria dos ativos de óleo e gás, alguma combinação dessas opções citadas anteriormente pode reduzir as emissões totais de gases do efeito estufa na ordem de 20% a 30%.
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