PLANO DE NEGÓCIOS DA PETROBRÁS NÃO DEVE REDUZIR VOLUME DE DÍVIDAS

BENDINEElaboradas com otimismo e foco no crescimento, as projeções da Petrobrás sofrem agora com um choque de realidade. A concretização do Plano de Negócios da estatal, que prevê investimentos de US$ 98 bilhões entre 2015 e 2019, deverá exigir uma captação de cerca de US$ 65 bilhões no mercado, mantendo vivo o maior inimigo da empresa: seu endividamento. As informações, apontadas em um relatório sigiloso da área técnica da companhia, indica que o plano, no melhor dos cenários, levaria as dívidas para o patamar de US$ 112 bilhões em 2020, valor pouco inferior ao total de US$ 126 bilhões acumulado pela empresa no final do ano passado.

Segundo reportagem do Valor, os investimentos previstos deverão demandar, já no próximo ano, uma captação de US$ 28 bilhões junto ao mercado. Caso seja concretizada, essa busca por recursos dificultaria ainda mais a reestabilização das finanças. A diminuição de US$ 14 bilhões no endividamento prevista até 2020 é baseada em um cenário no qual tudo ocorresse conforme planejado pela estatal, com orçamentos estimados sem alterações e metas de prazo e produção cumpridas. Na hipótese, a produção fecharia o período com um volume em torno de 2,7 milhões de barris de petróleo por dia.

O histórico da Petrobrás, no entanto, aponta contra essas probabilidades. Na média dos últimos cinco anos, a empresa contou com atraso de cinco meses em seus projetos de E&P, que consumiram 19% a mais do que o planejado inicialmente. O volume de produção, por sua vez, ficou 12% abaixo do previsto e com custos 10% acima do orçamento.

Os dados foram apontados em um relatório da área técnica da companhia, entregue no final do último mês de forma anônima ao Conselho de Administração. Diante das evidências de um otimismo exagerado por parte da empresa de Aldemir Bendine (foto), os funcionários sugeriram um plano de negócios com valores reduzidos, em um total de US$ 63 bilhões para investimentos até 2020. Nesse caso, a necessidade de captação cairia para a casa dos US$ 43 bilhões. A diferença da produção entre os dois cálculos só seria percebida em 2020. Em sua hipótese mais conservadora, ela ficaria estável em 2,4 milhões de barris diários a partir de 2019.

O relatório interno é o mesmo que apontou, há cerca de duas semanas, o costume de cálculos exagerados dentro da Petrobrás: a diretoria executiva da empresa teria superestimado em US$ 45 bilhões o retorno financeiros de 59 de seus maiores projetos. Segundo a análise dos técnicos, os empreendimentos, calculados com um retorno de US$ 109 bilhões, tiveram mais de 40% de redução nos lucros em 2014 devido a variações negativas nos prazos e custos operacionais.

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