PLANO DECENAL DE ENERGIA SERÁ LANÇADO HOJE, DANDO DESTAQUE PARA POTENCIAL DO BRASIL EM HIDROGÊNIO

bentoCom uma previsão de R$ 3,2 trilhões de investimentos até 2031 no setor energético do país, a versão final do Plano Decenal de Energia (PDE) será apresentada ao mercado hoje (6), às 11h, em Brasília, em cerimônia com a presença do ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque. O documento agora conta com algumas das contribuições e sugestões feitas por instituições do setor elétrico que participaram da consulta pública do plano. Uma das grandes novidades do PDE 2031 será um capítulo inteiro dedicado à produção de hidrogênio no país. Pelo fato de poder ser usado tanto para o armazenamento de energia quanto para o acoplamento do setor de energia aos segmentos de indústria e transportes, o hidrogênio tem chamado atenção de investidores em todo o mundo. De acordo com o PDE, a estimativa do potencial técnico total de produção de hidrogênio no Brasil até 2050 totaliza 1,8 milhão de toneladas por ano. Esse volume representa mais de 14 vezes a demanda mundial de hidrogênio em 2018.

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Potencial técnico de produção de hidrogênio a partir do saldo dos recursos energéticos até 2050. Fonte: PDE 2031

Boa parte desse potencial virá, na visão dos técnicos que elaboraram o plano, das fontes renováveis offshore. Para os pesquisadores, o recurso com a maior participação será a fonte solar fotovoltaica flutuante, com 79% do potencial. Em seguida, aparece o eólico offshore além dos 100 km até o limite da Zona Econômica Exclusiva (ZEE) com 15%. O PNE trabalha com a premissa, que é compartilhada por alguns especialistas, de que o hidrogênio produzido pela eletrólise da água (usando eletricidade gerada a partir de fontes renováveis, como hídrica, eólica e solar) será competitivo até 2030.

Outro destaque do PDE é que o Brasil tem grandes oportunidades para aproveitar suas renováveis na indústria de hidrogênio verde e de zero ou baixo carbono em geral. Além disso, o documento aponta para potencial de demanda em diversos segmentos, como produção de biocombustíveis avançados, armazenamento de energia para geração elétrica de fontes variáveis, célula combustíveis para transportes leves e pesados, aço verde, metanol verde e até mesmo os tão falados fertilizantes.

fertilizantesApesar de muito dependente de importações para atender sua demanda por fertilizantes, o Brasil possui uma forte indústria do agronegócio. Portanto, é uma grande oportunidade de produzir hidrogênio para fertilizantes no Brasil, que poderá se beneficiar do Plano Nacional de Fertilizantes. O mesmo vale para o minério, o aço e outros metais”, aponta o PDE. Como se sabe, o hidrogênio e o nitrogênio são usados para a produção de amônia – esta, por sua vez, é o composto base para fertilizantes como ureia e nitrato de amônio. O processo convencional usado para produção de amônia gera muito dióxido de carbono. Por isso, a indústria tem concentrado esforços na chamada amônia verde – que é produzida a partir de hidrogênio verde (ou seja, hidrogênio gerado a partir de fontes limpas).

Nesse contexto, o Brasil pode se tornar um grande exportador de hidrogênio no futuro, sendo um país muito competitivo em fontes renováveis, com recursos hídricos significativos (inclusive extenso acesso ao mar e tecnologia de dessalinização, bem como grande potencial de reuso de água), infraestrutura robusta, inclusive logística e portuária, com um setor energético de porte e moderno, bem como capital humano nacional para desenvolver um mercado de hidrogênio importante e exportar para o mercado global, tirando vantagem de sua distância para os principais mercados desenvolvidos”, destaca o PDE.

Entretanto, para aproveitar as oportunidades, o PDE cita que há desafios tecnológicos e de custos na  infraestrutura do hidrogênio, que requerem soluções de metalurgia especiais para dutos e  tanques e que são mais caras do que as  infraestruturas convencionais. Outro ponto de atenção são os próprios custos de produção do hidrogênio, que são um desafio à sua competitividade.

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Potencial técnico de produção de hidrogênio a partir de recursos renováveis offshore

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