PRESIDENTE DA CÂMARA QUER DEMISSÃO IMEDIATA DE JOSE MAURO COELHO E O ACUSA DE RETALIAÇÃO POR TER SIDO DEMITIDO
O presidente demitido da Petrobrás, José Mauro Coelho, vai deixar a Petrobrás com a imagem ainda pior daquela que saiu o ex-presidente Roberto Castello Branco – que também foi demitido e permaneceu no cargo, mas sem qualquer poder, só o de atrapalhar. Há muito agito no mercado em torno de mais um aumento nos preços dos combustíveis anunciados pela Petrobrás nesta sexta-feira, valendo a partir de amanhã. Os aumentos de 5,2% na gasolina e de 14,2% no diesel nas refinarias caíram como uma bomba pela falta de sensibilidade da companhia, que apesar do maior lucro de sua história em apenas três meses, abriu a garganta para querer ainda mais. Uma das fortes reações foi na bolsa de valores e a queda acentuada no preço das ações. A outra, foi do presidente da Câmara, Arthur Lira. Ele disse que o Congresso vai abrir a “caixa preta” da Petrobrás e ameaçou também com medidas duras de responsabilização do presidente demissionário José Mauro Ferreira Coelho e da diretoria da petrolífera pelo reajuste de combustíveis. Ele acusou Coelho de agir por retaliação por ter sido demitido do cargo, pouco mais de um mês depois de assumir a presidência da estatal.
O presidente da Câmara lembrou que a função social da Petrobrás está prevista na Constituição e avaliou que a empresa não cumpre com as obrigações de transparência. “É necessário que agora tenhamos que discutir essa política de preços da Petrobrás e chamar o CADE mais uma vez à responsabilidade pelo monopólio que existe”. Lira cobrou a renúncia de Coelho imediatamente. “Ele está a serviço de quem? E vai sobrar o que dá Petrobrás quando ele sair de lá?”, questionou. Para Lira, a Petrobrás exerce monopólio e concentração puro de poder e trabalha para pagar dividendos aos fundos de pensão internacionais.
O presidente da Câmara mostrou toda sua irritação e revelou que o presidente da Petrobrás estava há menos de um mês pedindo para ser apadrinhado no Congresso para permanecer no cargo. Lira revelou que ligou para Coelho ontem para fazer o apelo para não fazer o reajuste. “A sensibilidade dele e do conselho foi zero. Toda ação tem tem um reação. Terá consequências.” O Presidente da Câmara fará uma reunião “muito dura”, segundo disse, nas áreas de energia e petróleo com pessoas que orientem os parlamentares. “Não queremos o caos, mas iremos abrir a caixa preta e responsabilizar essa diretoria e esse presidente por esses atos de má-fé”.
Lira disse que nada justifica a decisão do Conselho de Administração da Petrobrás, “capitaneado” por um presidente demitido, de fazer uma reunião num dia de feriado para dar um aumento de preço na magnitude do que foi anunciado. Ele disse que há várias formas de fazer o reajuste, com espaçamentos, e com a sensibilidade necessária num momento em que o País está saindo da pandemia no meio de uma guerra entre a Rússia e a Ucrânia. “O Congresso tem que tomar medidas mais duras em relação à empresa.” Ao comentar o risco de desabastecimento apontado pela Petrobrás, ponderou que o Brasil tem cerca de 85% de autonomia na produção de diesel com importação de 25% do produto. “São esses 25% que estão desequilibrando o preço? São esses 20% que justificam R$ 0,70 de aumento num dia de feriado? Não podemos encontrar alternativas aqui com biocombustíveis. É isso que faz com a Petrobras venda para uma refinaria a Bahia mais cara do que exporta para China?”, questionou Lira.
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