PRESSÕES DE TODO LADO DEIXAM A CONCLUSÃO DO GASODUTO NORD STREAM 2 EM SUSPENSO E ALEMANHA SEM DECISÃO

A chanceler alemã, Angela Merkel, está enfrentando forte pressão desde a última quinta-feira (3) para reconsiderar o término do gasoduto Nord Stream 2. O grau da fervura já estava alto com as pressões americanas, que querem tirar a possibilidade dos russos venderem mais gás para Europa, em detrimento das ofertas que os americanos fazem.  Angela Merkel fez uma acusação contra a Rússia, ao afirmar que o opositor de Putin, Alexei Navalny, foi envenenado por um agente nervoso de estilo soviético. Navalny, está sendo tratado em um hospital de Berlim. Moscou negou envolvimento no incidente e o Ministério das Relações Exteriores da Rússia disse que a afirmação da Alemanha não foi apoiada por evidências. Merkel tem sido inabalável em seu compromisso com o projeto do gasoduto – que inclui a Uniper Wintershall DEA, a Royal Dutch Shell, a Engie e a OMV. Ela disse que o caso de Navalny não deveria ser vinculado ao oleoduto. Muitos legisladores de seu partido, que é próximo à comunidade empresarial, ainda querem que ele seja concluído. Faltam apenas 150 quilômetros de tubos para serem lançados no mar, desde a Rússia.  Mas este lançamento foi suspenso por ameaça dos Estados Unidos de retaliação econômica.

“Devemos buscar uma política dura, devemos responder com a única linguagem que Putin entende, que é a venda de gás”, disse Norbert Roettgen, chefe do comitê parlamentar de relações exteriores da Alemanha, à rádio alemã. “Se o oleoduto Nord Stream 2 for concluído agora, será a confirmação e o incentivo máximos para Putin continuar com esse tipo de política”. O Nord Stream 2 deve dobrar a capacidade do gasoduto Nord Stream 1 existente no transporte de gás diretamente da Rússia para a Alemanha mas via Urânia e Finlândia.  Liderado pela empresa russa Gazprom com parceiros ocidentais, o projeto está mais de 90% concluído e deveria operar a partir do início de 2021. Isso pode complicar os esforços para interrompê-lo.

Para lembrar, o projeto dividiu a União Europeia, com alguns países alertando que vai minar o tradicional estado de trânsito do gás, a Ucrânia, e aumentar a dependência do bloco da Rússia para o fornecimento de energia. Os Estados Unidos, interessados em aumentar os embarques de gás natural liquefeito (GNL) para a Europa, também se opõe ao gasoduto e tem como alvo algumas empresas envolvidas em sanções. As relações entre a União Europeia e a Rússia estão particularmente amargas no momento, os dois lados em desacordo sobre uma série de questões, desde a anexação da Crimeia pela Rússia.

O Nord Stream 2 também tem oposição da Ucrânia e da Polônia, que serão contornadas pelo gasoduto sob o mar Báltico, bem como algumas outras nações europeias.  No mês passado, três senadores republicanos dos Estados Unidos  ameaçaram aplicar sanções contra uma operadora portuária alemã envolvida no projeto Nord Stream 2, o que levou o ministro das Relações Exteriores da Alemanha a levantar a questão com o secretário de Estado Mike Pompeo. A Allseas, com sede na Suíça, que opera navios que colocam seções do oleoduto submarino, suspendeu seu trabalho em dezembro depois que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou uma legislação que ameaçava sanções contra empresas ligadas ao projeto. Wolfgang Kubicki, vice-líder do Partido Democrático Livre, pró-negócios, alertou que o Nord Stream 2 está quase concluído e que as empresas russas e alemãs estão investindo maciçamente no projeto.