PROJECTUS ESTUDA EXPANDIR ATUAÇÃO EM INFRAESTRUTURA, MINERAÇÃO E ENERGIA

A Projectus Consultoria fez uma reorganização societária internamente e montou uma estrutura que considera ser mais ágil para a sua atuação, agora com apenas dois sócios (antes eram três) e com funções divididas. A empresa trabalhou em muitos projetos no setor de óleo e gás em 2011 e já estuda criar novas áreas para atender ao mercado de energia, infraestrutura e mineração. O presidente da Projectus, Marcio Alberto Cancellara, conversou com o repórter Daniel Fraiha e contou os planos da empresa.

Como foi 2011 para vocês?

Não foi um ano fácil. Foi um pouco mais complicado do que 2010, em função da crise mundial, e pela expectativa em relação ao plano de investimento da Petrobrás, que veio mais tarde do que o esperado. Mas fizemos bastantes projetos e estamos com muitos trabalhos em andamento.

O plano da Petrobrás frustrou expectativas?

Não frustrou, mas mostrou a necessidade de uma adequação estratégica das empresas. O plano desloca recursos do abastecimento para a área de exploração e produção, então as empresas vão precisar se preparar para atender às novas necessidades que venham a surgir. As companhias se dedicaram muito ao setor de abastecimento, mas com a conclusão desses projetos a caminho, evidentemente que agora a Petrobrás tem que desenvolver a exploração e produção, o que deve gerar naturalmente uma migração dos contratos para essa área.

Quais são os principais projetos da empresa atualmente?

Estamos com vários projetos, principalmente em óleo e gás. Estamos desenvolvendo as carteiras de diesel (unidades de melhoramento da qualidade do diesel) na Replan (Refinaria de Paulínia, em São Paulo) junto com a Galvão Engenharia, e também estamos fazendo este trabalho na Regap (Refinaria Gabriel Passos, em Minas Gerais), em que fazemos parte do consórcio construtor. Em Paulínia também estamos fazendo a melhoria da gasolina. Temos cinco projetos no Comperj, em que faremos o projeto das tubovias para a MPE, a parte de pipe rack (estrutura de sustentação das tubulações) com a Odebrecht, a UTC e a Mendes Júnior, além de termos diretamente para o comperj os projetos das unidades de recuperação de enxofre e de hidrotratamento. Na Refinaria Abreu e Lima (Rnest) temos quatro projetos de tratamento de águas, de efluentes, dutos de expedição e edificações administrativas. Estamos também com uma boa expectativa em relação aos replicantes (módulos para FPSOs da Petrobrás).

Vão participar de quais pacotes da licitação dos replicantes?

Vamos participar de todos os cinco, mas com empresas diferentes. Como fazemos só o projeto, e às vezes o suprimento, temos parcerias distintas para os pacotes da licitação. A concorrência vai se desenvolver ainda este mês e estamos com uma boa expectativa.

Além da área de óleo e gás, estão com projetos para outros setores?

Estamos revendo nosso planejamento estratégico para ampliar o leque de serviços da empresa. No início trabalhamos muito com infraestrutura, mas quando houve a redução de investimentos nessa área, e o aumento de aportes em óleo e gás, mudamos um pouco. Agora estamos revendo nosso planejamento para olhar mais para as áreas de infraestrutura, energia e mineração.

No momento há algum projeto em energia?

Só um projeto básico de barragem de acumulação de água, mas ainda é incipiente perto do que pensamos em criar, que seriam novas áreas para atender aos setores.

Em 2010 você escreveu um artigo defendendo a importância de o governo subsidiar a energia eólica para que ela se tornasse competitiva. Em 2011 a eólica foi uma das que dominou os leilões da Aneel com os incentivos que vem recebendo. Está com projetos para entrar nessa área?

O custo da eólica está caindo e começa a ficar interessante, principalmente em lugares como o Nordeste. Não vou dizer que é um boom, mas é um crescimento bem geométrico. Estamos conversando com algumas empresas internacionais que tenham algum tipo de tecnologia que possa ampliar e agregar valor ao nosso leque de serviços para atuar no segmento. Até em óleo e gás temos procurado alguns parceiros para oferecer um serviço diferenciado. Mas a ideia é fechar acordos envolvendo tecnologias avançadas e não aquisições.

Como vê as regras do conteúdo local?

No caso da engenharia, com a crise da década de 90, perdemos um pouco da qualificação. E para recuperar esse nível dos profissionais são outros 10 anos. O compromisso da Petrobrás e do próprio governo é que os projetos básicos sejam feitos aqui no Brasil, para que os técnicos adquiram esse conhecimento. Esse passo é uma ação importante para a indústria brasileira, porque atualmente na área de óleo e gás só o Cenpes (Centro de Pesquisas da Petrobrás) e as empresas estrangeiras fazem esses projetos. No Brasil só fazemos o detalhamento. Como os projetos básicos envolvem muitas especificações de fornecimento, toda a cadeia será afetada quando os profissionais brasileiros passarem a ter o conhecimento necessário para fazê-los.

Há alguma novidade da Projectus para este ano?

Fizemos agora, a partir no final de 2011, uma pequena reorganização societária da empresa, para ficar um pouco mais ágil e um pouco mais enxuta. Somos dois sócios agora, ficamos eu e o Márcio Ramos. Compramos partes iguais do terceiro sócio. Ressalto que nos damos muito bem e foi um acordo comum. O objetivo é buscar uma unificação na tomada de decisões, pois antes tínhamos uma direção compartilhada. Com a mudança, eu passei a ser o presidente, responsável pelas atividades operacionais, e o Ramos continua na diretoria dando todo o apoio comercial, institucional, nos conselhos dos consórcios, mas não na parte operacional.

Quais são as expectativas para 2012?

Esse ano a expectativa é favorável para o crescimento da receita, apesar da incógnita sobre o que a crise mundial possa gerar no país. Temos também a expectativa de discutir uma nova forma de contratação de serviços de engenharia. Porque no nosso caso, em que trabalhamos apenas com o projeto, o nosso custo é relativo somente aos salários. Com o mercado aquecido, há uma tendência do aumento das taxas salariais e, se temos contratos fixos, é difícil manter os profissionais. Queremos conversar com os clientes para criar novas formas de contratação, para reduzir os efeitos desses fatores. Temos que privilegiar o bom técnico, pois é preciso contar com os melhores profissionais e poder remunerá-los bem.

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