REATE 2020 PREVÊ AÇÕES PARA BUSCAR FINANCIAMENTOS, LICENCIAMENTO MAIS VELOZ E ESTUDO DO POTENCIAL TERRESTRE

Por Davi de Souza (davi@petronoticias.com.br) –

CNPE se reunirá no mês que vem para avaliar criação do comitê que colocará as ações do Reate em prática

CNPE se reunirá no mês que vem para avaliar criação do comitê que colocará as ações do Reate em prática

Apesar do pré-sal ser a grande joia da coroa do setor de óleo do Brasil, o governo prepara um conjunto de novas medidas para estimular também as áreas terrestres. A meta é quase duplicar a produção ao longo dos próximos dez anos nesses campos, saindo do patamar de 270 mil barris diários de óleo equivalente para 500 mil barris diários de óleo equivalente em 2030. A estratégia para alcançar tal intento está traçada no conjunto de propostas do Reate 2020, apresentado nesta semana, em Mossoró (RN). O plano de ação divulgado deve ainda ser submetido ao Conselho Nacional de Política Energética (CNPE). O colegiado se reunirá no dia 12 de dezembro para avaliar a proposta de criação de um Comitê Interministerial, com duração de 4 meses, que será o responsável por implementar trabalhos e ações no âmbito do Reate 2020.

As estimativas do Ministério de Minas e Energia indicam que o gás natural terá um ritmo maior de crescimento do que o petróleo durante essa escalada da produção de ativos terrestres. Para se ter ideia, o volume de gás sairia dos atuais 25 milhões de metros cúbicos por dia para mais de 50 milhões. O governo leva em consideração que há 14 estados com potencial de produção terrestre: Alagoas, Amazonas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Minas Gerais, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Piauí, Rio Grande do Norte, Santa Catarina e Sergipe.

Mas para destravar a produção desses estados, serão necessárias ações em quatro frentes de trabalho já identificadas pelo Ministério de Minas e Energia. Na primeira delas, que envolve a parte de regulação e inovação, por exemplo, um desafio se refere à demora do processo de licenciamento ambiental. Na avaliação feita pelo Reate, essa morosidade se dá em virtude de alguns fatores, como a carência de conhecimento ambiental das áreas e o deficiente aparelhamento de órgãos ambientais. Para reverter esse quadro, o programa propõe medidas para dar maior agilidade e eficácia ao processo. Uma delas é a promoção de boas práticas e harmonização dos procedimentos de licenciamento ambiental. O resultado esperado é reduzir cronogramas e custos envolvidos no licenciamento.

plataformasonshoreA segunda frente de atuação do Reate diz respeito à multiplicação das companhias de óleo e gás e de bens e serviço. Para tal, a ideia é estudar novos modelos de negócios e mapear novas fontes de financiamento para projetos onshore. Outra medida é a criação de um calendário de eventos para a divulgação das atividades terrestres, a fim de disseminar o potencial desses ativos. Assim, o governo espera incentivar o surgimento de empresas nacionais, incluindo startups, além de estimular o investimento estrangeiro.

Na terceira frente de atuação do programa, a ideia é discutir sobre o potencial técnico, econômico e de mercado das bacias brasileiras com instituições governamentais, academia e agentes do setor. Na visão do Ministério de Minas e Energia, ainda existe uma carência de estudos geológicos mais aprofundados, que estimulem o interesse nas atividades de exploração e produção terrestres. Assim, a proposta do Reate é criar um relatório contendo o mapeamento do potencial das bacias onshore brasileiras, com georreferenciamento dos plays efetivos, estimativas de volume e custo, além de análise da infraestrutura.

Por fim, na quarta frente, a ideia é propor ações que incentivem a concorrência e o aprimoramento das condições de comercialização da produção onshore. Um estudo apresentado pelo governo indicou que os produtores independentes apontaram dificuldades na comercialização de suas produções com a Petrobrás, virtualmente o comprador único, justamente pelos altos custos envolvidos nas transações. A meta do Reate é encontrar caminhos que propiciem a comercialização a preços competitivos.

RECURSOS NÃO CONVENCIONAIS: PROJETO PILOTO NO PLANEJAMENTO

the-process-of-fracking-credit-RTO plano de ação do Reate indica que as bacias sedimentares brasileiras com potencial para óleo e gás de folhelho (shale oil e shale gas) estão na pauta de diversas empresas de exploração de hidrocarbonetos. As áreas de maior destaque nesse sentido são as bacias do Paraná, Parecis, Parnaíba e Recôncavo. O documento aponta, no entanto, que existem muitas bacias terrestres que carecem de dados geológicos e geofísicos, o que dificulta identificar os recursos com maior precisão.

Apesar disso, o Reate trabalha com estimativas que indicam um “potencial relevante de desenvolvimento da indústria de não convencionais no Brasil”. Além disso, existe a expectativa de “recursos de gás em locais estratégicos e próximos ao mercado consumidor”.

Outro obstáculo para a exploração desses recursos é a preocupação com o meio ambiente e possíveis riscos de contaminação de água subterrânea. Por isso, uma das ações do Reate 2020 é a criação de projeto piloto para recursos petrolíferos em reservatórios de baixa permeabilidade (não convencionais), chamado de Poço Transparente. O objetivo dessa iniciativa seria avaliar e monitorar os impactos, além de capacitar a expertise e criar soluções tecnológicas e operacionais para os recursos não convencionais.

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