REATORES MODULARES E MEDICINA NUCLEAR GANHAM DESTAQUE NA NOVA POLÍTICA INDUSTRIAL DO BRASIL | Petronotícias




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REATORES MODULARES E MEDICINA NUCLEAR GANHAM DESTAQUE NA NOVA POLÍTICA INDUSTRIAL DO BRASIL

celso-cunhva-novaA nova política industrial brasileira, apresentada nesta semana pelo governo federal, conseguiu arrancar elogios de diversos setores produtivos da economia. O texto da chamada “Nova Indústria Brasil (NIB)” prevê R$ 300 bilhões para financiamentos destinados à nova política industrial até 2026, abrangendo projetos estratégicos em diferentes segmentos. A energia nuclear foi contemplada na política, com destaque para os chamados pequenos reatores modulares (SMRs, na sigla em inglês) e o Reator Multipropósito Brasileiro (RMB). Os detalhes desses investimentos foram discutidos nesta semana em Brasília, durante uma reunião entre o presidente da Associação Brasileira para Desenvolvimento das Atividades Nucleares (ABDAN), Celso Cunha (foto principal), e o secretário Uallace Lima, do Ministério de Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).

A reunião foi, sem dúvida, muito produtiva. Foi uma oportunidade para apresentar os relatórios e números do setor nuclear ao secretário, e percebemos que ele ficou verdadeiramente satisfeito com o que trouxemos. Discutimos sobre os principais segmentos da indústria nuclear, desde mineração até geração de energia, passando pelos SMRs e chegando à medicina nuclear”, comentou o presidente da ABDAN. Cunha ressaltou que dois itens ganharão atenção especial nesse primeiro momento – a medicina nuclear e os SMRs.

imageA missão 2 da Nova Indústria Brasil prevê ampliar de 42% para 70% a participação da produção no Brasil das necessidades nacionais em medicamentos, vacinas, equipamentos e dispositivos médicos, materiais e outros insumos e tecnologias em saúde. Um dos desafios é justamente reduzir a dependência externa de insumos farmacêuticos ativos de saúde, atualmente em 90%. O Brasil ainda é dependente da importação de radioisótopos para a fabricação dos radiofármacos, que são usados no diagnóstico e tratamento do câncer. Por isso, o Reator Multipropósito Brasileiro é visto como uma peça-chave para completar essa lacuna existente no país. Para lembrar, o RMB é um projeto que pode levar o Brasil à autossuficiência na produção de radioisótopos.

Enquanto isso, a missão 6 da política industrial pretende obter autonomia na produção de 50% das tecnologias críticas para a defesa. Nessa missão, a energia nuclear é colocada como área prioritária, juntamente com sistemas de propulsão, sistemas de comunicação e veículos autônomos. É nesse bojo que os SMRs poderiam ser contemplados pelo governo.

O secretário compartilhou conosco a perspectiva de desdobramento do recente plano lançado, destacando dois pontos fundamentais que se encaixam de maneira perfeita com a visão do governo. Um destes pontos refere-se ao Complexo de Saúde. Ele disse que pretende conversar esse assunto diretamente com o Ministério da Saúde. O outro ponto está relacionado aos SMRs, uma área que ele visualiza como integrante essencial na missão de defesa e de interesse nacional”, acrescentou o presidente da ABDAN. Cunha destacou ainda que o secretário do MDIC se comprometeu a agendar uma reunião com secretário de Transição Energética do Ministério de Minas e Energia, Thiago Barral, e com representantes do Ministério da Saúde para discutir esses tópicos.

Ilustração do futuro Reator Multipropósito Brasileiro

Ilustração do futuro Reator Multipropósito Brasileiro

Celso Cunha ainda lembrou que o Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI) já havia sinalizado no ano passado que os SMRs estavam na lista de prioridade nacional para o desenvolvimento da nova política industrial. Para ele,  estar incluído nesse contexto é mais do que um reconhecimento – é um sinal claro de que a tecnologia nuclear e a medicina nuclear estão dentro da pauta governamental. “Este é um passo significativo que sinaliza não apenas reconhecimento, mas também um compromisso real de fomento e investimento no setor”, analisou.

Por fim, o presidente da ABDAN avalia que a inclusão da fonte nuclear na política industrial aumenta substancialmente as perspectivas de avanço para os projetos. “A nova política industrial incorpora dois pontos particularmente interessantes para o setor nuclear. A inclusão explícita da tecnologia nuclear e da medicina nuclear é uma clara indicação de que estamos alinhados com as metas e visões do governo. Agora, o próximo passo é trabalhar diligentemente para que, no detalhamento da política, sejam delineadas as ações necessárias para impulsionar efetivamente o setor”, concluiu.

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