RECUPERAÇÃO JUDICIAL DA SETE BRASIL PODE LEVAR A ABANDONO DO PROJETO DE SONDAS E CORTE DE 20 MIL EMPREGOS EM ESTALEIROS
As movimentações internas da Sete Brasil vêm sendo acompanhadas com atenção pelo mercado, e os impactos de uma possível recuperação judicial já levantam preocupações para a indústria naval brasileira. Diante da perspectiva de um auxílio na Justiça, os estaleiros contratados pela empresa buscam que a reestruturação financeira seja feita fora da esfera judicial, com o objetivo de dar continuidade ao projeto de sondas que atualmente se encontra paralisado. De acordo com a Associação Brasileira das Empresas de Construção Naval e Offshore (Abenav), a recuperação na Justiça pode levar à paralisia dos contratos, resultando na demissão de até 20 mil trabalhadores da indústria nacional.
Atualmente, o projeto conta com 17 sondas em diferentes estágios de construção, tanto no Brasil quanto em países como Cingapura, Japão, Indonésia e China. Segundo reportagem do Valor, as duas unidades mais avançadas se encontram em estaleiros brasileiros: no Brasfels, a sonda Urca tem 89,96% de suas obras completadas, enquanto no Jurong a embarcação Arpoador está com 84,76% de sua construção concluída.
A expectativa do setor é de que os acionistas da Sete encontrem outra saída para a situação junto à Petrobrás. Com uma nova assembleia prevista para o próximo dia 28, os assessores financeiros das duas empresas podem aproximar os interesses, que se encontram em discordância há mais de um ano. No último mês, a Sete recusou proposta da estatal que propunha reduzir as sondas para apenas 10 unidades, com um prazo de cinco anos para o afretamento. Além de reduzir o pacote para menos da metade firmada inicialmente, com 28 sondas, a companhia propôs taxas menores para o aluguel das embarcações.
Até o momento, no entanto, os acionistas seguem sem acordo e estão divididos quanto a um possível processo de recuperação judicial. As instituições privadas vinham votando em favor do processo, ao passo que os acionistas de entidades públicas se colocavam de forma contrária; um sinal de mudança veio na última reunião, quando a Funcef, fundo de pensão dos funcionários da Caixa Econômica Federal (CEF), votou em favor da recuperação.
A possibilidade da mudança vem sendo vista com maus olhos pela indústria naval. A expectativa do setor é de que a mudança, em vez de levar a uma reestruturação clara, conduzirá a uma briga sem fim entre os maiores acionistas da empresa. Com isso, o projeto de sondas seria paralisado e não receberia os aportes atualmente necessários, agravando o cenário de demissões. Segundo dados da Abenav, os estaleiros brasileiros contavam com 82 mil empregados em dezembro de 2014. Hoje, o número caiu para apenas 58 mil.
Deixe seu comentário