RISCO DE COLAPSO DA INDÚSTRIA DE PETRÓLEO AMERICANA PODE SER EXEMPLO PARA A PETROBRÁS
A indústria petrolífera dos Estados Unidos está enfrentando um colapso sem precedentes e, como a economia global enfrenta sua pior recessão desde a década de 1930, é improvável que a indústria se recupere novamente aos níveis anteriores ao colapso. Muitas empresas vão quebrar ou ter dificuldades de honrar seus compromissos financeiros. Ontem (28), noticiamos aqui o pedido de recuperação feito pela Diamond Offshore à justiça do Texas. Com isso, levando junto a Diamond Ofsshore Brasil, que atua em dois campos na Bacia de Santos para a Petrobrás. Os preços caíram e não há espaço mais para armazenamentos. A única opção para muitos produtores é fechar seus poços, correndo o risco até deles não voltarem a produzir. Isso significa que não há renda. A maioria tem dívidas consideráveis.
Essa lição talvez seja a melhor oportunidade para o conselho de administração da Petrobrás avaliar se manter o pensamento do presidente da companhia de vender os seus bons e melhores ativos e se concentrar na exploração e produção, como é a atual estratégia da companhia, é realmente um bom negócio. Manter ou mudar pode representar o revigoramento ou fim da empresa, como conhecemos. A empresa já vendeu grande parte de seus melhores gasodutos e oleodutos de distribuição. Vendeu a BR Distribuidora, a joia da coroa. E está se esforçando para vender seu parque de refino a qualquer custo. Se isso já tivesse sido feito, onde a companhia estaria estocando sua produção agora? São nas refinarias e em alguns terminais de recebimento que estão seus maiores tanques de armazenamento. Sem eles, onde o presidente da empresa iria colocar o óleo que produz?
O coronavírus mudou tudo. Quanto mais tempo durar, menos o futuro será parecido com o passado. A maioria das pessoas, formuladores de políticas e economistas ainda não conseguem ver o desenho completo do mercado e, portanto, não pode entender completamente a gravidade ou as consequências do que está acontecendo. Energia é a economia e petróleo é a parte mais importante e produtiva de energia. O consumo de petróleo nos Estados Unidos está no seu nível mais baixo desde 1971, quando a produção era apenas 78% do que era em 2019. Assim como o petróleo, a economia desaba.
A antiga indústria do petróleo e a velha economia se foram. O mix de energia subjacente à economia será diferente agora. É improvável que a produção e os preços do petróleo recuperem os níveis do final de 2018. As fontes renováveis ficarão para trás, juntamente com os esforços para mitigar as mudanças climáticas, dizem os especialistas norte-americanos. É um novo momento que ninguém se arrisca a afirmar o que acontecerá. O momento é para caldo de galinha quente.
A Petrobras deveria, imediatamente, rever o seu Planejamento Estratégico, com um olhar nos polímeros, no gás, na distribuição, nos oleodutos e, principalmente, nas fontes alternativas de energia, que serão o divisor entre as que permanecerão no mercado e as que desaparecerão.