ROSATOM TEM INTERESSE EM FINANCIAR PROJETOS NUCLEARES NO BRASIL
Por Daniel Fraiha (daniel@petronoticias.com.br) –
A estatal russa Rosatom, uma das três maiores companhias de energia nuclear do mundo, afirmou que tem interesse em investir em projetos de usinas nucleares no Brasil, incluindo a possibilidade de financiar parte deles, dependendo do que o governo definir no futuro como novo marco para o setor.
O diretor geral da estatal, Kirill Komarov (foto à esquerda), explicou que a empresa tem muitos tipos diferenciados de investimentos em usinas nucleares pelo mundo, contando com 67 usinas já construídas e mais 28 em construção no momento.
“Se for decidido que o Brasil está pronto para permitir a participação privada nos projetos, estaremos à disposição, mas a primeira palavra está com o governo brasileiro”, afirmou.
Komarov contou que esteve com o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, para apresentar a empresa e todas as possibilidades que ela poderia oferecer ao mercado nacional, mas ainda não sabe qual será a decisão do governo neste assunto.
“Atualmente estamos prontos para qualquer tipo de cooperação que seja confortável para o Brasil”, disse, diplomaticamente, explicando que em alguns casos eles têm o controle total da usina, como nas quatro unidades que estão construindo na Turquia, cujo investimento total está avaliado em US$ 20 bilhões, e que em outras situações apenas constroem a usina e vão embora, sem deter participação no empreendimento.
O diretor de desenvolvimento de negócios da Rosatom, Anton Moskvin (foto à direita), explicou que a empresa possui mais de um tipo de financiamento para empreendimentos nucleares no exterior, incluindo a possibilidade de crédito provido pelo governo russo, e demonstrou interesse no mercado brasileiro.
“Estamos prontos para apoiar iniciativas em países interessados em desenvolver projetos nucleares”, disse.
CONTEÚDO LOCAL
Outro ponto destacado pelos executivos foi o fomento à cadeia local com a entrada de novos investimentos para a construção de usinas nucleares. Um dos exemplos utilizados foi referente ao projeto Temelin, que está sendo implementado na República Tcheca, onde o empreendimento conta com cerca de 70% de conteúdo local.
Na visão de Komarov, este é um segundo passo a ser pensado para o Brasil, já que ainda há entraves de regulamentação, mas ele estima por alto que aqui um projeto deveria contar com entre 30% e 40% de conteúdo local no primeiro momento, aumentando gradativamente com a continuidade do programa nuclear.
O presidente da Abdan, Antonio Muller (foto à esquerda), ressaltou a importância da entrada do capital privado no setor nuclear e destacou a importância da Rosatom para o setor energético.
“A Rosatom tem 24 mil MW em operação, 9 mil MW em construção e mais 24 mil MW planejados na Rússia até 2017, além dos projetos nos outros países”, contou.
O presidente da Eletronuclear, Othon Luiz Pinheiro, enfatizou a abundância das reservas naturais de urânio no Brasil e se mostrou receptivo em relação à entrada de novas empresas no cenário de energia nuclear nacional.
“Nosso país tem em urânio o equivalente a 40% do pré-sal em potencial energético (…). A Eletronuclear vê com bons olhos a ampliação da competição”, disse.
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