ROUBOS EM OLEODUTOS NA NIGÉRIA CHEGARAM À NIVEIS ALARMANTES, COM PREJUÍZOS DE US$ 3,3 BILHÕES DESDE 2021

O roubo de petróleo na Nigéria chegou a níveis alarmantes. Uma rede de oleodutos ilegais que está sendo desenterrada na região do Delta do Níger, na Nigéria, revela a extensão do roubo de petróleo no país, surpreendendo pelo volume desviado ultimamente na antes lucrativa indústria petrolífera da nação. As autoridades não precisaram cavar fundo para descobrir oleodutos ocultos.  No estado do Delta, os ladrões construíram seu próprio oleoduto com 4 km de comprimento através dos riachos até chegar ao Oceano Atlântico. “Foi um trabalho profissional”, disse o chefe da Nigerian National Petroleum Company Limited (NNPC), Mele Kyari, caminhando pelos pântanos durante uma inspeção. O petróleo bruto é o principal produto de exportação da Nigéria, mas a produção e a receita vêm diminuindo há anos por causa dos ladrões, dizem as autoridades. A produção de petróleo caiu de 2,5 milhões de barris por dia em 2011 para pouco mais de um milhão em julho de 2022, segundo o regulador.

As autoridades dizem que mais de US$ 3,3 bilhões foram perdidos em roubo de petróleo bruto desde o ano passado e, em um momento em que outros produtores de petróleo estão tendo lucros consideráveis, a Nigéria não consegue nem cumprir sua cota de produção. O país é dominado pela pobreza generalizada e está fortemente endividado. Muitos estão dizendo que a recente descoberta dos oleodutos ilegais confirma as suspeitas de longa data de uma corrupção maciça no setor, onde há pouca transparência. A indústria petrolífera da Nigéria tem um histórico documentado de corrupção, desde um esquema interminável de subsídios a combustíveis, onde ninguém sabe realmente quanto é importado, até o loteamento sombrio de blocos de exploração de petróleo.

O fato de o assalto ter sido descoberto por uma empresa de segurança privada e não pelas autoridades também aumentou a perplexidade da população. Mas a Tompolo, uma empresa comum de segurança privada, também exerce enorme influência na região do Delta do Níger. O chefe do reino de Gbaramatu, no estado do Delta, rico em petróleo, esteve no passado envolvido na explosão de oleodutos e agora está protegendo essas infraestruturas após um controverso contrato feito com o governo nigeriano no fim de agosto. Ele é considerado uma espécie de “mafioso” do petróleo, o mais rico da Nigéria, que já foi o homem mais procurado do país e até vendeu ao governo uma frota de navios de guerra. Conhece a geografia do Delta do Níger, os poços de petróleo e os oleodutos oficiais.

Ele também sugeriu que grande parte do petróleo foi roubado precisamente das áreas onde havia postos de controle do exército e da marinha. Os militares não responderam a essas alegações, mas é improvável que contradigam abertamente um homem com quem se associaram para reprimir o roubo de petróleo. Lucky Irabor, chefe de defesa da Nigéria, que fazia parte do séquito que percorreu a trilha oleosa dos ladrões, escoltado pelos homens de Tompolo, prometeu uma investigação. Mas não é a primeira vez que as agências de segurança da Nigéria, especialmente os altos escalões do Exército e da Marinha, são acusadas de roubo de petróleo. Em janeiro, Nyesom Wike, governador de Rivers, um estado vizinho, disse que um superintendente da polícia estava envolvido em roubo de petróleo no estado e queria que ele fosse expulso. Em 2019, Wike também acusou um comandante de alto escalão do Exército de se envolver em roubo maciço de petróleo no estado, o que foi negado.