SEBRAE APOIA EMPRESAS MINEIRAS NA BUSCA POR INOVAÇÕES EM PROCESSOS INDUSTRIAIS
ABERDEEN – A feira de Aberdeen, que termina nesta sexta (11), não a toa leva o nome Offshore Europe, já que seu foco principal é nas operações marítimas. No Brasil, o Rio sempre foi um dos principais estados com vocação para o setor, mas a participação nacional no evento deste ano se deu de uma forma curiosa: a missão de empresas de Minas Gerais – que não tem acesso direto ao mar – foi a maior de todas. A responsável pelo Projeto de Energia do Sebrae Minas, Simone Mendes, explica que o objetivo maior delas não é necessariamente atender ao segmento offshore, mas sim buscar inovações que possam ser aproveitadas em seus processos industriais, já que muitas vezes há sinergias entre as tecnologias utilizadas no setor com as de outras áreas. “Na verdade, o que estamos fazendo com essas empresas é abertura de mercado, e não só para o setor de petróleo e gás”, diz, reconhecendo que a crise da Petrobrás está afetando também o mercado mineiro, principalmente por conta do plano de desinvestimentos da estatal, que incluiu a fábrica de fertilizantes de Uberaba na lista de projetos que serão desativados ou vendidos. Segundo Simone, eram 400 trabalhadores diretos na planta, com a previsão de chegar a 5 mil ao longo das obras, mas agora os que estavam se voltando para esse setor já buscam diversificar.
Como surgiu o interesse das empresas de Minas em participar de um evento voltado ao subsea?
Nós temos dois trabalhos focados na cadeia de petróleo, gás e energia. Um no Vale do Aço, no setor metalmecânico, que trabalha com usinagem, caldeiraria e estrutura metálica. Temos também um trabalho em Uberaba, que no primeiro momento foi voltado à planta de fertilizantes da Petrobrás, a Fafen, mas, como a obra entrou no plano de desinvestimentos da companhia, agora estamos com um foco muito forte na cadeia de energia.
E como a Offshore Europe entrou no escopo do trabalho?
Na verdade, o que nós buscamos aqui são inovações, processos. Temos empresas que trabalham com movimentação de carga, tratamento de resíduos, entre outras coisas, com atuações em segmentos muito variados, e que precisam trabalhar a inovação. Então não necessariamente o atendimento no primeiro momento será ao subsea. Mas visamos buscar novos processos. Estivemos num estande de guindastes e uma das empresas que veio conosco viu um processo muito interessante, que pode contribuir para as atividades dela. A empresa já é inclusive fornecedora da Petrobrás.
É curioso que, apesar da vocação do Rio para o offshore, a segunda maior delegação foi a de Minas…
São sete empresas. Na verdade, o que estamos fazendo com essas empresas é abertura de mercado, e não só para o setor de petróleo e gás.
Qual a impressão sobre a feira? É a primeira vez que visitam?
Em Aberdeen é a primeira vez. No ano passado estivemos na ONS, na Noruega, mas achei a feira desse ano, aqui, muito fraca, apesar de ter algumas inovações.
E como está sendo o acompanhamento?
Contratamos uma consultoria para fazer visitas guiadas com os empresários, para que seja uma coisa mais objetiva. Lembrando que o nosso trabalho no Sebrae é sempre com micro e pequenas empresas, então é mais diferenciado. Houve uma prospecção de expositores, para que o aproveitamento fosse o melhor, e está sendo feito todo o acompanhamento necessário.
Além dessa inovação do guindaste, viram outras coisas interessantes?
Não é só guindaste não. Fizemos uma visita com todo o grupo, houve um acompanhamento com as explicações detalhadas sobre o subsea, e depois os empresários fizeram novas visitas separadas, de acordo com seus interesses específicos. Tem também sistemas de automação, que interessam a empresas da missão que trabalham com empilhadeiras, manutenção e locação, entre outras coisas.
O objetivo no fundo é para fazer joint ventures, trazer inovações ou outros tipos de parcerias?
Temos dois objetivos. Um voltado a parcerias para desenvolvimento tecnológico no Brasil, enquanto o outro é para conhecer inovações para os processos e produtos deles, que não necessariamente vão estar na cadeia de petróleo e gás, porque eles atendem outros segmentos também. A JG Martins, por exemplo, desenvolveu um compactador de lixo para navios, a partir de um encontro do Platec (evento de fomento ao desenvolvimento de novas tecnologias apoiado pela Onip) em Ipatinga. Foi uma demanda de um estaleiro, eles usaram a linha Sebraetec, de inovação, que envolve centros de pesquisa e universidades para desenvolver produtos e processos. Foi desenvolvido a partir de um Platec que nem estava previsto para Minas Gerais, por conta desse estereótipo de que Minas Gerais e mar não têm nada a ver.
A questão da Petrobrás teve algum impacto nas empresas mineiras?
Lá em Uberaba sim. O nosso projeto começou em 2012, com a assinatura de convênio, o atendimento direto ao empresário em 2013, e o foco é a planta de amônia de Uberaba. Nesse primeiro momento, o atendimento é à Toyo Setal, e fizemos inclusive um ponto de negócios com ela. Só que a planta entrou no plano de desinvestimentos da Petrobrás, então estamos com outro foco. Fizemos duas ações de apoio ao cadastramento das empresas ao Petronect e temos empresas já fornecendo para a Petrobrás.
Fornecimentos para a planta?
Não, para a Petrobrás mesmo. São empresas do Vale do Aço que atendem diretamente a ela.
E como ficou a região?
Em Uberaba o impacto foi muito grande, em função da planta. Eram cerca de 400 pessoas da Toyo atuando lá, além das empresas que se prepararam para orbitar o projeto. A previsão era alcançar 5 mil funcionários durante o processo todo. Tem uma empresa nossa lá em Ipatinga, fornecedor de um estaleiro, que está há meses esperando para receber por conta da questão da Sete Brasil. Então há impacto.
Qual o foco agora?
O que buscamos no Sebrae é a diversificação de mercado para essas empresas, uma vez que a grande maioria é de setor transversal, atendendo a vários segmentos.
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