SERIMAX INVESTE EM NOVAS TECNOLOGIAS DE SOLDAGEM PARA O PRÉ-SAL E MIRA LICITAÇÃO DO CAMPO DE LIBRA
Por Luigi Mazza (luigi@petronoticias.com.br) –
Sem otimismo no atual momento da indústria, as atenções se voltam cada vez mais aos futuros projetos do pré-sal e, principalmente, Libra. As licitações para atuação no maior campo da região movimentam hoje o planejamento da cadeia brasileira de fornecedores e as expectativas são altas para o projeto, que pode iniciar sua produção em um cenário de retomada do segmento. O desenvolvimento do campo está hoje no foco da Serimax, subsidiária da Vallourec especializada em serviços de soldagem, que vem ampliando seus investimentos em tecnologias para dutos e busca fornecer novos sistemas que maximizem a produção para futuros projetos da Petrobrás. De acordo com o gerente de desenvolvimento de negócios da Serimax no Brasil, Rogério Casanova, a companhia desenvolve hoje equipamentos para gerenciamento de integração, que permitem um maior controle dos elementos que compõem a solda e podem representar uma redução de custos para os consórcios atuantes no pré-sal. Entre as tecnologias elaboradas está o Cleverweld, que permite à companhia avaliar o desempenho dos dutos produtivos desde sua fabricação até o lançamento em campos. O produto foi testado durante o projeto do Rota 2 da estatal e trouxe bons resultados, o que levanta agora as atenções para a licitação de Libra. Segundo Casanova, a tecnologia vem sendo avaliada por diversas empresas e atende às demandas mundiais de gigantes presentes no pré-sal, como Shell e Total.
Como avaliam hoje as oportunidades para novos projetos do pré-sal?
Tecnicamente nós temos muitos desenvolvimentos, muitas soluções que se aplicam ao pré-sal. Nós entendemos que toda essa pesquisa que fazemos é um agregado em termos de reduzir custos de lançamento, e assim você reduz custo de exploração, que é a parte inicial do projeto. Isso está alinhado com a nossa busca pelo pré-sal, mas naturalmente isso passa pelo preço do óleo. O preço não ficar como está, a questão é quando vai mudar. Não acho que isso terá grande efeito sobre Libra. Quando acontecer, a Serimax terá um bom pacote para oferecer, com redução de custos e aumento de produtividade.
A Serimax avalia participar da licitação de Libra?
Não diretamente, porque somos uma subempreiteira, mas buscamos participar sim. A soldagem é uma parte importante, então sempre participamos da etapa conceitual do projeto.
Quais são hoje os principais projetos da Serimax no Brasil?
A verdade é que, com a redução de investimentos da Petrobrás, não há horizonte de projetos. Não há uma coisa clara, como tinha no passado. O próximo projeto é Libra. Hoje, o único que está acontecendo é o Rota 3.
A empresa já deu início a conversas com a Petrobrás?
Nós estamos em contato constante com eles. Todos sabem o que estamos fazendo. Sempre divulgamos em palestras e apresentações o valor agregado que trazemos ao mercado, com empresas como Shell, Total, Statoil e Repsol. São clientes que sempre convidamos e queremos ter no nosso portfólio para alinhar projetos com a factibilidade.
Em que tecnologias a empresa vem investindo no Brasil?
Nós temos um centro chamado Welding Technology Center (WTC), em Paris, que é um centro de excelência mundial. Lá nós desenvolvemos todas as tecnologias e há várias pesquisas acontecendo. Nós estamos desenvolvendo um equipamento para gerenciamento de integridade e inspeção visual com profilometria 3D, e isso tudo visando a soldagem de dutos cladeados. Ainda dentro disso, temos um sistema de escaneamento que pode medir se os tubos estão dentro ou fora da especificação. Todo esse desenvolvimento vem de encontro ao projeto de Libra. Conseguiremos fazer uma avaliação dos tubos para maximizar a produtividade. Com essa visão ótica interna do Cleverweld, é possível ter controle total sobre a integridade dos dutos, desde a produção até o lançamento. As demandas mundiais vão de encontro à Petrobrás, e Shell e Total são parceiras dela em Libra.
Como funciona o sistema do Cleverweld?
O Cleverweld é responsável por fazer a integração. Quando você está soldando algo, você tem os tubos, executa a solda, faz o exame não destrutivo, depois faz a junta de campo da solda e faz o lançamento. São várias famílias envolvidas nisso. Ele faz a integração de todos os componentes associados por junta, porque os tubos e soldas têm seu lote, composição química e certificação. Cada família dessa é integrada no Cleverweld; você sabe que lotes está soldando. Você consegue ter o controle de todos os elementos que entraram nessa junta, permitindo que haja um controle bem preciso do que está associado ao tubo.
A tecnologia já foi fornecida para algum projeto?
Nós fizemos um teste em escala menor. Como isso envolve tudo, é preciso que todo mundo esteja preparado para fazer essa integração. Os tubos têm que estar propriamente identificados. Fizemos o teste no Rota 2 da Petrobrás com esse equipamento e foi muito bem. Esse projeto foi finalizado em outubro.
A parceria fechada recentemente com a Technip se estende às operações no Brasil?
Essa parceria visa só à operação de spoolbase. Isso se aplica mundialmente, mas a empresa hoje não tem nenhuma unidade dessas atuando no Brasil. A cooperação surgiu com a Technip interessada em ter isso operado pela Serimax, que se destaca no ramo da soldagem. Existe uma sinergia muito grande nesse sentido.
A companhia investiu em algum novo foco devido à crise?
Nosso foco continua sendo a área de óleo e gás. A Serimax é uma empresa ligada ao pré-sal e ao pós-sal, e nos mantemos firmes nessa busca com a fabricação de equipamentos subsea. Também temos presença nessa área na América Latina. Temos projetos encaminhados, com indicação de que vão acontecer, então de uma forma geral não ficamos tão dependentes do Brasil.
Em que outros países da América Latina a empresa atua hoje?
Hoje temos projetos na Bolívia, Peru, Chile, Equador e Venezuela. Esses mercados são menos offshore e mais terrestres, por isso temos uma participação mais modesta. Temos agentes presentes lá, e viajamos regularmente para mostrar os benefícios dos nossos produtos. Além disso, existe a preocupação de conteúdo local nesses países, e essa é outra fortaleza da Serimax. Somos muito fortes na capacitação local, e essa é uma oportunidade que os países têm de aumentar sua produtividade e seu nível tecnológico.
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