SHELL RETOMARÁ ATIVIDADE EXPLORATÓRIA NA BACIA DE CAMPOS NO SEGUNDO SEMESTRE DESTE ANO | Petronotícias




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SHELL RETOMARÁ ATIVIDADE EXPLORATÓRIA NA BACIA DE CAMPOS NO SEGUNDO SEMESTRE DESTE ANO

andre-araujoO ano de 2021 tem sido, até aqui, de boas notícias para a Bacia de Campos. Depois do lançamento do PROMAR e da perfuração de um poço da ExxonMobil na região, a novidade positiva da vez vem agora da anglo-holandesa Shell. O presidente da petroleira no Brasil, André Araújo, participou de conversa com jornalistas e revelou que a companhia contratou a sonda West Tellus, que iniciará uma campanha exploratória a partir do segundo semestre na Bacia de Campos. Os trabalhos serão realizados no Parque das Conchas (BC-10) e também no bloco C-M-791 (arrematado na 15ª Rodada de Licitações). Falando sobre o pré-sal, o executivo disse que a empresa ainda não chegou a uma decisão sobre a perfuração de um novo poço no bloco de Saturno, na Bacia de Santos, e que ainda é cedo para falar de devolução da área. Durante a entrevista, Araújo também comentou o interesse da Shell em acompanhar as possíveis oportunidades que podem surgir no Brasil envolvendo energia eólica offshore. O executivo revelou ainda o desejo da companhia em participar de novos leilões de geração de energia e citou planos para começar a venda de gás natural no mercado livre a partir de 2022. Por fim, o presidente da Shell mencionou as discussões em Brasília sobre os regimes de concessão e partilha, as metas do grupo na transição energética e o disposição da empresa em disputar o Terminal de Regaseificação da Petrobrás (TR-BA), na Bahia.

Poderia nos atualizar sobre as campanhas exploratórias da Shell? Como estão os planos de retomar a exploração de Saturno?

west tellusEstamos com uma campanha para 2021. Contratamos a Seadrill, com a sonda West Tellus. O timing será no segundo semestre de 2021. Essa campanha vai incorporar trabalhos em BC-10 (Parque das Conchas). Também na área exploratória vamos para o bloco C-M-791. Então, vamos retomar a atividade exploratória, mas não tenho previsão ainda, junto com o consórcio, de retomada de Saturno. Nós estamos ainda em conversa com os nossos parceiros [sobre a decisão de perfurar mais um poço em Saturno].

Existe a possibilidade de devolução de Saturno?

É muito cedo para falar sobre isso.

Poderia nos apresentar um panorama sobre a contratação do FPSO de Gato do Mato?

Tivemos o lançamento do tender e postergamos a data de recebimento [de propostas]. Vamos aproveitar este ano e a nossa ideia é que até o final do ano ter, junto com os parceiros, uma decisão da nossa evolução no projeto de Gato do Mato. Temos uma expectativa bastante alta. É um projeto que está muito ligado a nossa capacidade de operação. Vamos torcer para ver os resultados. Estamos ainda aguardando o resultado específico do tender e a análise com os acionistas.

Como a Shell vê a atratividade de projetos pré-sal sob o regime de partilha em futuros leilões?

shellNós temos bastante interesse no Brasil e iremos olhar os projetos em qualquer regime. Temos uma preferência natural – que nunca deixamos de expor – pelo regime de concessão. Eu tenho a expectativa que Brasília escute o que os operadores estão dizendo sobre qual que é o caminho que a indústria considera mais factível. Mas, no final do dia, essa é uma decisão do país.

Para mim, alguns pontos são extremamente importantes. Primeiro: analisar os termos e condições dos contratos. Qual será o valor do bônus? Como essa parte muito crítica do edital reflete a [busca por] competitividade do setor? Acho que o leilão da Cessão Onerosa e o último leilão de partilha demonstraram que estamos passando por uma espécie de turning point em relação aos padrões dos leilões. É extremamente importante que o país continue bastante competitivo.

Boa parte das grandes empresas do setor de óleo e gás tem os seus limites de investimento de capital. Hoje, para muitas empresas, esse limite de investimento começa a competir com outros possíveis mercados, já que estamos buscando investimentos em outras áreas, como energias renováveis. Por isso, é importante falar em competitividade, estabilidade nos contratos e previsibilidade. Posso garantir que eu percebo que o governo tem o interesse de ouvir as empresas.

Temos interesse em olhar as oportunidades em qualquer regime. Mas espero que o IBP [Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás] ajude a demonstrar para os congressistas, que vão tomar decisões junto com o CNPE [Conselho Nacional de Política Energética], que não basta fazer uma perfuração e o petróleo já sai jorrando no dia seguinte. São anos de investimentos e há incertezas sobre as áreas. [O pré-sal] não é um bilhete premiado.

Sobre a devolução de parte de Libra, vocês acreditam que o bloco não teve o sucesso que era esperado?

Libra1Sobre Libra, obviamente gostaríamos que todas as áreas do bloco fossem produtivas. O que fizemos [referindo-se à devolução de uma fração do bloco] faz parte de um negócio de risco. É uma área geográfica grande. Imaginávamos que existiriam diferenças entre algumas áreas. Mas temos uma área que é bastante produtiva e estamos caminhando para o quarto FPSO [de Mero]. Acho que isso, para nós, é um projeto pioneiro e importante.

Na Europa, existe uma certa resistência sobre o papel do gás natural na transição energética. Essa resistência pode atrapalhar os projetos da Shell no Brasil?

Primeiro, vamos ser transparentes: gás natural não é energia renovável. Dentro do grupo de hidrocarbonetos, é entendido como aquele que possui o menor volume de emissão. A estratégia de transformação energética do grupo Shell reconhece que as respostas serão diferentes em cada lugar. A Europa, hoje, é uma grande importadora de gás natural. O continente tem, entre diversas estratégias, o desenvolvimento de uma capacidade de segurança de abastecimento de energia junto com a estratégia de descarbonização. A Europa já está migrando para novos segmentos, particularmente o setor de hidrogênio, onde a Shell está bastante ativa e com vários projetos.

Para mim é muito claro que o Brasil tem um caminho no gás natural. Obviamente, temos a reserva do pré-sal no Brasil que está em pleno processo de desenvolvimento, com um volume de gás associado que não é de graça. É uma excelente oportunidade para o Brasil e vários clientes têm sido muito ativos na busca de desenvolvimento de regras flexíveis de acesso ao gás natural. Não somente as operadoras estão trabalhando no processo de regulamentação do gás natural. Os clientes também estão.

Como os novos projetos de renováveis podem contribuir para que Shell atinja as metas da estratégia de transição energética do grupo? E de que forma essas metas concorrem com os leilões de petróleo?

eolicamar1Acho que é importante mencionar que nós temos um portfólio global de upstream de reservas provadas. Temos a expectativa que 75% dessas reservas serão produzidas até 2030. Dessas reservas que temos hoje, esperamos que só vamos ter 3% dessas reservas a partir de 2040. Então, acho que é importante mostrar que temos uma perspectiva de redução das nossas reservas provadas, particularmente ao longo dessa década e da seguinte. Isso faz com que tenhamos uma necessidade de repor parte dessas reservas, porque entendemos que o mercado vai continuar precisando de óleo e gás e a Shell vai estar presente.

Acho importante destacar que as metas de transição energética lançadas pelo grupo não são uniformes em relação a todos os países, que estão em posições diferentes. Não precisamos ter uma expectativa que todos estarão no mesmo lugar à medida que os anos forem passando.

A Shell no Brasil tem seus investimentos também na Raízen. Estamos com uma posição no país muito alinhada à estratégia do grupo, particularmente no setor de crescimento, que está muito ligado ao trabalho que fazemos na Raízen. E aí, estamos falando de todo um trabalho que não existe em outros lugares do mundo, que é o foco muito grande da companhia em biocombustíveis. O grupo Shell tem demostrado interesse [pelo setor]. Tivemos duas plantas sendo inauguradas pela Raízen recentemente, além da aquisição da BioSev, demonstrando claramenrte a intenção de crescimento.

Ainda falando em renováveis, como está o interesse da Shell por eólicas offshore no Brasil? Vocês acompanham a discussão do marco regulatório?

Temos acompanhando sim e estamos discutindo com o grupo central da Shell. Offshore wind é uma prioridade, temos feitos diversos projetos, particularmente no Mar do Norte e nos Estados Unidos. A empresa tem décadas de experiência nesse setor. Estamos avaliando. Obviamente, tudo isso consome recursos humanos e financeiros. Temos discutido sim se colocaremos o Brasil como prioridade já nesses próximos anos. Temos acompanhado também a evolução de um marco regulatório e possíveis discussões sobre a forma que o governo definirá para essa linha de negócios.

A Petrobrás lançou recentemente um novo edital para arrendamento do terminar de regaseificação da Bahia. Como avaliam essa oportunidade?

terminal-baSeguramente vamos analisar as opções. Temos bastante interesse em trabalhar no mercado de gás, que é um dos pilares dentro do pilar de transição. Entendemos que o mundo terá uma demanda ainda crescente por gás natural, apesar de se falar muito do foco em energias renováveis.

Lembro-me que a Shell tem uma grande prioridade local, que é a monetização do gás doméstico. Temos colocado bastante foco nessas oportunidades no gás doméstico, particularmente em Marlim Azul [termelétrica que está sendo construída em Macaé (RJ)] e possíveis outros projetos.

O vetor mais aparente tem sido o mercado de crescimento do setor de geração de energia e uma unidade de GNL na Bahia pode ser interessante. Vamos avaliar. É muito cedo para dizer com clareza, mas nosso time seguramente verá a revisão desse tender.

Além de Marlim Azul, a Shell tem interesse de participar de novos leilões de energia com novos projetos termelétricos? E quando vocês acham possível vender gás no mercado livre?

Bom, sobre a primeira a primeira pergunta, nós temos interesse sim em participar de novos leilões. Sobre a segunda questão, estamos nos preparando para vender [gás] ao mercado de consumidor, a partir de janeiro de 2022, se as questões pendentes forem endereçadas. Obviamente, vai depender de negociações comerciais também, mas a estrutura da companhia está se preparando para poder lidar diretamente com o consumidor a partir do ano que vem.

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