TECNOLOGIA BRASILEIRA PODE ACELERAR PROCESSO DE PERFURAÇÃO DE POÇOS DE PETRÓLEO USANDO JATOS DE ÁGUA

A Universidade Federal de Santa Catarina e a BraBo Tecnologia estão trabalhando juntas no desenvolvimento de uma tecnologia ainda desconhecida no Brasil e de grande importância para o setor de petróleo e gás: a perfuração de rochas a jato de água,  que dispensa o uso de brocas em um projeto que obteve R$ 8,6 milhões de financiamento pelo FINEP e possui 70% de conteúdo  nacional. Com a pretensão de perfurar a camada do pré-sal, a universidade e a empresa especializada na execução de protótipos planejam o desenvolvimento da tecnologia que desperta grande  interesse da Petrobrás.  Além de duplicar as taxas de perfuração, garante maior navegabilidade na camada sal.   Marcos Noronha, professor na UFSC e sócio da BraBo Tecnologia conversou com o repórter Estephano Sant’Anna sobre os desafios desta tecnologia e como ela contribuirá para o segmento de exploração e produção:

 Qual é a ligação que a UFSC tem com a BraBo Tecnologia e há quanto tempo trabalham neste projeto?

A BraBo foi criada como empresa há dois anos e meio, quando ganhou o primeiro projeto da FINEP. Depois disso, ganhamos um projeto maior e agora trabalhamos no terceiro, que obteve R$ 8,6 milhões de financiamento por meio do edital do pré-sal, para um período de três anos. Essas chamadas de financiamento para projetos envolvem a UFSC e a empresa. A Universidade sozinha não tem condições de arcar com um projeto desse tipo, assim como a empresa precisa de uma instituição por trás. Esse último trabalho vem sendo desenvolvido há cinco anos e começou a ser desenvolvido na USP com desenvolvimento voltado para máquinas tuneladoras.

 O que vai ser feito nesses três anos?

Executaremos três protótipos. No primeiro ano, iremos executar o primeiro protótipo que será testado em laboratório perfurando blocos de concreto. No segundo ano, utilizaremos uma pedreira aqui em Santa Catarina, onde vamos perfurar rochas duras que tenham a ver com características do pré-sal. E na terceira e última fase, daremos início ao projeto offshore, em águas rasas.

  Como funciona essa tecnologia?

É uma tecnologia de perfuração de rochas a jato d’água capaz de dispensar a utilização de brocas. Isso pode oferecer ganhos de navegabilidade na camada sal, aumento das taxas de perfuração, além de cuidar para que o poço não se feche durante a perfuração do pré-sal, principalmente na camada de sal. A tecnologia é baseada em várias inovações, sendo a principal, o jato d’ água. É um mercado muito promissor para área de petróleo e gás, principalmente porque serve para a criação de linhas de gasoduto. Esperamos também que possa beneficiar também outros mercados na área de energia, mineração, etc.

 Como funciona o Corte por tecnologia “smart-power”, que é um dos diferenciais da tecnologia?

É um segredo industrial. Uma tecnologia que usa baixa energia para romper rochas. O jato d’ água perfura o poço mas requer uma tecnologia complementar para aproveitar o material que sobra. A perfuração com brocas destrói tudo, já a tecnologia “smart-power”, com baixa energia, consegue trabalhar os blocos de material que sobram.

 E quanto à extrusão?

A extrusão tem a ver com a completação do poço, revestindo-o para evitar problemas de colapso. Essa é uma inovação total ainda não utilizada em poços, mas que tem sido discutida inclusive com a Petrobrás. A parede de concreto é moldada concomitantemente com a escavação, enquanto a máquina avança a execução do poço. Para isso, dependemos de uma empresa que desenvolveu um tipo de concreto com alta resistência e rápido endurecimento. Então, à medida que a máquina avança, executamos esse revestimento que, após poucos minutos, já esta com alta resistência. Do contrário, usa-se a camisa metálica ou concreto pré-moldado, que são muito mais difíceis de trabalhar.

 Quem está desenvolvendo o projeto e a que nível ele se encontra?

Tanto a UFSC quanto a BraBo. Contamos com um grupo de alunos bolsistas, mestrados, doutorados, inclusive da empresa também. Vale a pena lembrar que o projeto está em um nível inicial. Até agora, foram estudos, simulações, cálculos, ensaios de laboratório, etc. Agora iremos partir para execução de protótipo. A BraBo é especializada nisso e já está trabalhando nisso. Estamos transferindo a tecnologia que nasceu na UFSC com engenheiros que vão detalhando o projeto que, inclusive, conta com uma instalação no parque tecnológico de Santa Catarina, no INPETRO.

 Qual o prazo para a instalação do primeiro protótipo?

Provavelmente no próximo semestre de 2012. Para isso precisamos de uma rede de alta tensão e instalação de rede de água com volume e pressão alta. Isso já está em fase final de construção para que a execução do protótipo aconteça no mês de julho.

 A tecnologia é atrativa para a Petrobrás?

É de interesse total deles. Ganhamos o projeto da FINEP que, na verdade, é vinculado às demandas tecnológicas do Pré-Sal. A maior inovação é o jato d’água, mas o que interessa para eles é a utilização dessa tecnologia em diferentes tipos de material como rocha dura, branda, sal. Quando falamos em perfuração com brocas, precisamos lembrar que há uma broca diferente para cada material que se quer cortar. Já o jato d´água não depende dessas especificações e, além disso, possui uma performance muito maior quanto à velocidade da perfuração que, em laboratórios, chega a ser até mesmo duplicada.

 Isso já existe em algum país?

Não pra esse tipo de aplicação. A tecnologia com jato d’ água já foi utilizada para poços, mas normalmente é utilizada em conjunto com as brocas. Desconheço qualquer caso desses no Brasil, mas há registros de algumas experiências na Finlândia e nos Estados Unidos, por exemplo. Só que a tecnologia é sempre acoplada à broca. O que estamos propondo agora é um equipamento independente, uma perfuratriz operada remotamente que, dependendo do detalhamento de projeto, pode chegar a cerca de 30 metros de comprimento. Este equipamento possui certa flexibilidade e pode fazer curvas, sendo especialmente adequada para poços direcionais com pequenos raios de curvatura. É claro que temos componentes importados, mas mais de 70% da tecnologia é nossa. Portanto, podemos dizer que é uma inovação nacional.

Não é um projeto muito arriscado?

É prioridade nossa manter o máximo de embasamento e segurança porque a tecnologia pede muita inovação. Porém, como em qualquer projeto, quanto mais riscos envolve, mais atrativa a proposta se torna. Entretanto, queremos e precisamos gerenciar o risco da melhor forma possível. Nosso protótipo tem um Plano B e um Plano C. É óbvio que se tivermos que fazer uso do Plano C, a performance pode cair um pouco mas, ainda assim, representa uma forte redução dos riscos, tornando a tecnologia atraente para o investidor.

 Qual a expectativa de vocês?

No meio termo, estamos aguardando investimentos e esperamos que, com evolução do primeiro protótipo, haja um impulso maior por conta da demanda do pré-sal. Nosso objetivo é justamente levar essa tecnologia até a perfuração do pré-sal. Visualizamos um horizonte de dois anos ou mais. Isto depende, é claro, do nível de investimentos que a gente consiga. A perspectiva maior é poder falar em negócio de tecnologia com alto rendimento para investidor, atraindo investimentos para esta área. Desenvolver tecnologias inovadoras ainda é muito incipiente no Brasil… estamos chegando lá!

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Elton EvangelistavVillanovapauloluzHerodes PintoName (required) Recent comment authors
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Prezados. Gostaria de conversar mais em detalhe sobre esse assunto,pois trabalho há 10 anos no seguimento de óleo & gás onde estou buscando investimentos na China para desenvolver materiais para exploração no pré-sal. Breve apresentação. Sou engenheiro civil com especialização em produção industrial pela COPPE/RIO e há 30 anos atuando na área industrial de construção pesada, passei pelo CNPQ/INT ( Instituto Nacional de Tecnologia/Rio) e tenho perfil em pesquisas, pois já fui professor nas áreas de exatas e também lecionei na área técnica nas disciplinas de tubulações e estruturas metálicas), pesso um canal aberto para que posso manifestar quem sabe… Read more »

Elton EvangelistavVillanova
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Elton EvangelistavVillanova

Meu Caro amigo bom dia ! Seria de seu interesse colocarmos
este projeto o qual aqui fiz uma colocação da fabricação de Reves
timentos de poços de Petróleo fabricado por uma máquina CNC com alta produtividade com 40% de menor custo e de fabricação de altissima
qualida caso vc interesse em conhecer o projeto , já que tenho sob meus cuidados o depósito de pedido de Pantente Protocolado no INPI.
Caso vc interesse meu nome é Elton meu contato 32 991180512.

Herodes Pinto
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Herodes Pinto

PRECISO OBTER MAIS INFORMAÇOES CONCERNENTE A PERFURAÇAO A JACTO DE AGUA DE PREFERENCIA RECENTE…

Elton EvangelistavVillanova
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Elton EvangelistavVillanova

Prezados profissionais do sistema Petrolífero Nscional e mundia. Venho fazer um comentário de que sistema de perfuração com jato certamente ultrapressurizado vai ser um grande avanço pois no solo subaquático existem vários tipos de camadas até mesmo de rochas o Que eu quero dizer que com certeza será um grande avanço e de maior profundidade atingindo em curto prazo de tempo sob cada poços a serem perfurado , salvo que não devemos esquecer da parte da fabricação dos Revestimentos de poços de petróleo .Me disponibilizo a apresentar um projeto de uma máquina CNmáquina fabricar em altissima qualidade Revestimentos de poços… Read more »