TRIDIMENSIONAL FECHA PARCERIA COM A DPS PARA DESENVOLVER TECNOLOGIAS NO SETOR DE ÓLEO E GÁS

Por Daniel Fraiha / Petronotícias

As conversas começaram ainda em 2012, quando a Tridimensional Engenharia pretendia intensificar a sua linha de “EPC com tecnologia”, e no fim de janeiro deste ano o acordo foi assinado em Bristol, na Inglaterra. É uma parceria tecnológica com a britânica DPS, voltada principalmente para o setor de óleo e gás, mas com boas perspectivas em toda área naval. O acordo tem duração de cinco anos, mas o presidente da Tridimensional, Antonio Müller (foto à esquerda), ressalta que o objetivo é atuarem em conjunto a longo prazo. Dentre os destaques da parceria estão um separador mais compacto para plataformas de produção e um equipamento inovador para o tratamento de resíduos gerados em plataformas ou em plantas remotas, como na Amazônia, por exemplo. O primeiro já é utilizado em uma unidade de produção de shale gas nos Estados Unidos, como contou o diretor de desenvolvimento de negócios da Tridimensional, Ivan Furtado (foto à direita), enquanto o segundo foi adquirido pela marinha britânica para sua frota.

O que diz o contrato fechado com a DPS?

Antonio Müller – É uma parceria tecnológica com a DPS, em que a Tridimensional fornece ao mercado brasileiro tanto a tecnologia, quanto a engenharia. Nós temos autonomia e exclusividade para trabalhar as tecnologias deles. Então a DPS no Brasil na verdade é a Tridimensional.

Como será o trabalho em conjunto?

Antonio Müller – Como eles têm muitos equipamentos, já que investem muito em pesquisa, se tivermos que fornecer aqui no Brasil, será via Tridimensional. A ideia é fazer a engenharia básica e a engenharia conceitual em conjunto para utilizarmos as tecnologias até abrirmos uma empresa comum aqui. Será uma joint venture entre a Tridimensional e a DPS.

Onde serão fabricados os equipamentos?

Antonio Müller – Queremos maximizar o conteúdo local. Tudo que pudermos fazer aqui, será feito.

Como seria a produção?

Antonio Müller – Já fizemos uma varredura em algumas empresas que têm capacidade para fazer esses equipamentos, então já temos um leque de empresas que podemos subcontratar para fazer esses equipamentos aqui. A tecnologia vai ficar DPS-Tridimensional. Se tivermos que fornecer um skid completo, vamos fazer toda parte, a fabricação, a montagem e o hook-up (ligação entre um skid e outro).

Ivan Furtado – O gerenciamento e o suprimento também serão feitos aqui.

O acordo envolve transferência tecnológica?

Antonio Müller – Envolve, porque é um acordo em que nós lideramos. Quando formos só utilizar a tecnologia deles, pagamos royalties. Mas na maioria dos casos será feita a transferência. Nosso contrato é de cinco anos, mas o planejamento estratégico está sendo feito em conjunto conosco. Eles fazem o deles e nós fazemos o nosso, depois sentamos juntos e abrimos o deles. Hoje conhecemos o planejamento deles para o mundo inteiro, conhecemos todos os clientes deles. Então, com o fuso, podemos trabalhar 24 horas por dia.

Quais tecnologias estão envolvidas no acordo?

Antonio Müller – Há muitas tecnologias inovadoras, mas podemos destacar duas que devem ter grande impacto na indústria de óleo e gás. Uma de separação e outra de tratamento de resíduos.

Qual a inovação na separação?

Antonio Müller – A DPS desenvolveu um separador de água/óleo/areia/gás mais compacto que os que se usam hoje. Além disso, ele tem um rendimento de separação mais alto.

Ivan Furtado – Ele pode substituir equipamentos maiores ou pode ser utilizado em conjunto com outros equipamentos mais tradicionais para que, juntos, tenham uma performance melhor, com volume e área menor. E principalmente em plataformas resistentes, que podem estar com algum problema de excesso de água produzida, que precisem de algum equipamento novo. Dependendo dos estudos, o separador pode entrar para auxiliar o sistema existente e vai caber pelo tamanho mais compacto.

Poderia auxiliar no Programa de Aumento da Eficiência Operacional da Bacia de Campos (PROEF) da Petrobrás?

Antonio Müller – Muito. 

Ivan Furtado – Estamos olhando isso com o Cenpes também.

Ele já é utilizado em algum projeto fora do Brasil?

Ivan Furtado – Está sendo usado numa instalação de shale gas nos Estados Unidos, onde há problemas sérios de resíduos. Ele faz uma separação mais depurada que os já existentes. Além disso, trabalha pressurizado, na pressão do reservatório, então não é preciso usar bombas para isso. Há uma série de condições muito interessantes.

E o equipamento para tratamento de resíduos, como funciona?

Antonio Müller – Ele trata todo tipo de resíduos gerados em plataformas – ou em unidades remotas, como na Amazônia, por exemplo. Restos de comida, roupas sujas de óleo, lixo, tudo é tratado pelo equipamento. A marinha britânica já utiliza essa tecnologia em seus navios.

Ivan Furtado – Eles passam por uma temperatura de 800°C a 900°C, sem oxigênio – por um processo chamado pirólise –, que não gera a queima dos objetos, então não emite gases poluentes, transformando essa grande quantidade de resíduos em cinzas, num volume muito menor e muito mais fácil de manusear. Os gases que se formam são ricos, pois não houve combustão, e podem ser utilizados para aquecer o sistema, sustentar o próprio equipamento e ainda há um resíduo que pode ser usado para gerar vapor ou água quente.

Alguma plataforma brasileira já utiliza o equipamento?

Antonio Müller – Isso é recente, é uma tecnologia nova, exclusiva da DPS. Nenhuma plataforma da Petrobrás tem isso ainda. Temos conversado muito com a Petrobrás e ela tem mostrado interesse. Temos conversado com o Cenpes também, que sempre é envolvido quando há uma tecnologia nova. Tem até a previsão de uma visita deles lá para ver a operação. Estamos conversando para marcar isso.

Há alguma outra novidade?

Antonio Müller – Outra coisa que estamos investindo muito também é a modularização. Por exemplo, se há um problema de falta de mão de obra em determinada obra, é melhor fazermos o que for possível – e interessante – no nosso ambiente fabril, com gente qualificada, com menos risco de acidente e depois levarmos os módulos para o local, fazendo a interconexão.

Qual o planejamento para este ano?

Antonio Müller – Em relação à parceria com a DPS, queremos chegar a um fornecimento de R$ 50 milhões a R$ 60 milhões em 2014. Sendo de R$ 15 a 20 milhões em 2013. Já em relação à Tridimensional como um todo, queremos ter no mínimo R$ 100 milhões de faturamento este ano.

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