VIAGEM DE LULA A BUENOS AIRES ABRE PORTAS PARA REGIME TRIBUTÁRIO ESPECIAL ENTRE BRASIL E ARGENTINA NO SETOR NUCLEAR

Por Davi de Souza (davi@petronoticias.com.br) –

FnKhN0aXgAAW7uFA viagem de Lula à Argentina pode ser o pontapé inicial de uma novidade bastante aguardada pela indústria nuclear. A ida do presidente brasileiro a Buenos Aires pode abrir o caminho para a criação de um acordo bilateral entre os países dentro do setor nuclear. A possível parceria deve estabelecer um regime tributário diferenciado para o comércio de produtos e serviços nesse segmento.

Segundo apuração do Petronotícias, o primeiro passo para tirar esse acordo do papel será reforçar e ampliar o chamado Comitê Permanente de Política Nuclear Brasil-Argentina (CPPN), que foi estabelecido por meio da “Declaração de Iperó”, em 1988. A partir desse movimento, seria possível construir um acordo bilateral para o setor nuclear. Os objetivos dessa parceria serão incentivar os intercâmbios comerciais com as empresas e estabelecer um benefício tributário entre os países, semelhantemente como acontece no segmento automotivo.

A proposta prevê uma alíquota mínima para importação e exportação de produtos e serviços previamente definidos, de acordo com os interesses da indústria nuclear de cada país. Além disso, o acordo deverá estabelecer a redução de tributação interna para os produtos e serviços nucleares exportados para o outro país.

celso-cunhaO estreitamento de laços entre Brasil e Argentina no setor nuclear é uma pauta que vem sendo debatida há bastante tempo por especialistas dessa indústria. A Associação Brasileira para Desenvolvimento das Atividades Nucleares (ABDAN), presidida por Celso Cunha (foto), sustenta que vários dos projetos nucleares de Brasil e Argentina devem avançar de forma mais célere a partir desse regime tributário especial entre os dois países.

É urgente estabelecer um regime tributário diferenciado para o comércio bilateral de produtos e serviços de interesses do setor nuclear de cada um dos dois países para que haja um efetivo crescimento no comércio bilateral. Sem tal mecanismo, as atividades de efetiva cooperação tornam-se limitadas e, em certa medida, mais retóricas do que práticas”, avaliou Cunha.

Ilustração do futuro Reator Multipropósito Brasileiro

Ilustração do futuro Reator Multipropósito Brasileiro

Em um artigo conjunto publicado ontem (22), Lula e o presidente argentino Alberto Fernández já haviam sinalizado o interesse de fortalecer a parceria econômica entre Brasil e Argentina. Além de defenderem uma moeda comum sul-americana, eles também apontaram para o interesse em desenvolver projetos nucleares. “Consolidaremos nossa posição como possuidores de tecnologia nuclear para fins pacíficos, fortalecendo a Agência Brasileiro-Argentina de Contabilidade e Controle de Materiais Nucleares e dando continuidade a projetos ambiciosos como o reator multipropósito”, escreveram.

Entre as atividades de interesse comum entre os dois países, estão serviços de engenharia, materiais e produtos para emprego em reatores de pesquisa e reatores de potência, com ênfase na aceleração do cronograma do Reator Multipropósito Brasileiro (RMB). Brasil e Argentina também estão interessados mutuamente em materiais e serviços ligados à cadeia de produção de combustível para pequenos reatores modulares (SMR, na sigla em inglês), reatores de pesquisa e reatores de potência.

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