VLADIMIR PUTIN NEGA QUE A RÚSSIA USE O GÁS COMO ARMA CONTRA A EUROPA E DISSE QUE SÓ ESTE ANO AUMENTOU O FORNECIMENTO EM 15%

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, disse que seu país não está usando a energia como arma contra a Europa e que o governo está pronto para ajudar a região enquanto sua crise energética continuar: “Mesmo durante as partes mais difíceis da Guerra Fria, a Rússia regularmente cumpriu suas obrigações contratuais e forneceu gás para a Europa”, declarou. Reagindo a relatos de que a Rússia reteve o fornecimento de gás para a Europa, Putin chamou essas acusações de “tagarelice” de motivação política. “Não usamos a energia como uma espécie de arma. Pelo contrário, a Rússia está expandindo seus suprimentos para a Europa”, declarou. As afirmações de Putin foram durante sua participação em um painel na Russian Energy Week, um evento anual em Moscou que agora está em seu 20º ano. Falando antes do painel, que incluiu os CEOs da ExxonMobil, BP, TotalEnergies e Mercedez-Benz, Putin disse que a Europa “não deve lidar com a transferência de culpas” sobre a crise de energia na região e que os países europeus não fizeram o suficiente para reabastecer as reservas de gás no verão.

Aos delegados do evento, Putin disse que “os preços mais altos do gás na Europa são consequência de um déficit de energia e não vice-versa e é por isso que não devemos lidar com a transferência de culpas, é isso que nossos parceiros estão tentando fazer.  O mercado europeu de gás não parece ser equilibrado e previsível.” Putin afirmou ainda que a Rússia estava pronta para cumprir suas obrigações contratuais de fornecimento e discutir ações adicionais e cooperação com seus parceiros europeus e que já havia aumentado o fornecimento de gás para a Europa em 15% este ano. O primeiro ministro russo atribuiu a culpa pela escassez de gás na Europa, pela falta de geração de energia renovável neste verão e o fornecimento reduzido de outros parceiros, incluindo os Estados Unidos: “Vejam que o problema não consiste em nós, é no lado europeu, porque, em primeiro lugar, sabemos que os parques eólicos não funcionavam durante o verão por causa do tempo, todos sabem disso. Além disso, os europeus não bombearam gás suficiente em suas instalações subterrâneas de gás e os suprimentos para a Europa diminuíram em outras regiões do mundo”, avaliou.

A Semana da Energia da Rússia é conhecida por ser onde o presidente expõe sua agenda energética para a economia russa e apresenta especialistas que discutem política, oleodutos, investimentos e mudanças climáticas, bem como riscos para o crescimento global e a segurança. Na semana passada, Putin ofereceu aumentar o fornecimento de gás à região, uma medida que ajudou a estabilizar os preços. No entanto, os críticos do Kremlin disseram que a Rússia propositalmente subestimou o mercado a fim de fabricar a crise a fim de acentuar e destacar a dependência da Europa de seus suprimentos, uma acusação que a Rússia nega. Especialistas acreditam que a Rússia tem restringido o fornecimento de gás à Europa na tentativa de pressionar a Alemanha a acelerar a certificação do gasoduto Nord Stream 2, agora concluído, que aumentará o fornecimento de gás à Europa através do Mar Báltico.

O gasoduto tem uma série de críticos proeminentes, incluindo os EUA, bem como os países do Leste Europeu Polônia e Ucrânia, que dizem que o gasoduto aumenta a dependência da Europa do fornecimento de energia da Rússia e enfraquece a região em termos de segurança energética. A Rússia é o terceiro maior produtor mundial de combustíveis fósseis e responde por pouco mais de 40% das importações de gás da União Europeia todos os anos, de acordo com os últimos dados do Eurostat.