COMERC APONTA SUBIDA NO ÍNDICE QUE REGISTRA O CRESCIMEMTO DE ENERGIA ELÉTRICA
Após um 2020 marcado pelos impactos negativos da pandemia e um 2021 que sinalizou o início da retomada econômica, com a recuperação gradual de alguns setores, análises do Fundo Monetário Internacional (FMI) indicam que, em 2022, a economia brasileira deve crescer entre 0,8% e 1,9%. Em linha com essa expectativa, o consumo de energia, considerado um dos indicativos de desempenho econômico, começa o ano com ligeira alta de 2,16% em relação a dezembro. É o que aponta o Índice Comerc, que avalia o consumo de energia pelos 11 principais setores da economia. Em janeiro, sete setores apresentaram aumento no consumo de energia em comparação ao mês anterior – com destaque para Têxtil, Couro e Vestuário (+ 12,02%), Eletromecânica (+11,42%) e Materiais de Construção (+6,47%).
Marcelo Ávila, vice-presidente do Grupo Comerc Energia, diz que no último trimestre de 2021, a produção industrial apresentou leve retração, impactada pela escassez ou o alto custo das matérias-primas, crise hídrica, alta do dólar e da inflação. “Apesar do consumo de energia em janeiro estar dentro da margem histórica, quando consideramos o cenário de instabilidade dos últimos dois anos, essa ligeira alta pode ser vista de forma positiva”, avaliou.
Mesmo com a expectativa de que, em 2022, a inflação perca um pouco de força – influenciada, por um lado, pela redução da demanda e do preço dos combustíveis, e, por outro, pelo resultado da safra recorde de alimentos –, Ávila reforça que é necessário ver as projeções com cautela, visto que ainda estamos lidando com os impactos da pandemia: “A previsão do Banco Central é de que o PIB brasileiro deva crescer apenas 0,4% neste ano. Mesmo com ares de retomada, levará algum tempo para que a economia saia do patamar de estagnação”, afirmou.
Na contramão dos setores que registraram aquecimento no consumo de energia em janeiro, os setores Alimentos (-0,30%), Manufaturados (-1,01%), Embalagens (-1,27%) e Comércio e Varejista (-1,71%) apresentaram leve desaceleração. Com a pior crise hídrica registrada nas últimas nove décadas, o setor elétrico viveu um momento delicado em 2021, que trouxe à tona um novo risco de racionamento, além do aumento das tarifas de energia em todo país – o que, consequentemente, teve impacto na produção industrial e no consumo de energia ao longo do segundo semestre. Para 2022, a expectativa é que a energia renovável siga em expansão, com a popularização das fontes solar e eólica e com a ampliação dos investimentos em novas fontes, como o hidrogênio verde. A abertura gradual do mercado de energia, permitindo que pequenos e médios consumidores passem a operar no ACL – Ambiente de Contratação Livre, também deverá movimentar o cenário.
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