RIO RECEBERÁ 12 NOVOS FPSOS ATÉ 2024 E INVESTIMENTOS DE R$ 50 BILHÕES, DESTACA NOVO ANUÁRIO DO PETRÓLEO DA FIRJAN
Por Davi de Souza (davi@petronoticias.com.br) –
O Rio de Janeiro é abençoado e privilegiado por natureza. E, mais uma vez, o estado se vê diante de uma grande janela de oportunidade para fazer sua economia girar e crescer, deixando finalmente para trás os já muitos anos de crise que carrega nas costas. Essa nova porta que se abre surge com as perspectivas de investimentos previstos no “Anuário do Petróleo 2021”, que será lançado hoje (24), às 16h, pela Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan). O estudo estima que o setor de óleo e gás fluminense vai receber até R$ 50 bilhões em investimentos entre 2021 e 2023 em Exploração & Produção (E&P) e Abastecimento. Esse valor irá refletir-se em geração de empregos – ao todo, o anuário prevê 63 mil novos postos no mercado de óleo e gás durante o período. Mais do que isso, o Rio de Janeiro também verá sua costa ser preenchida com uma nova frota de navios-plataformas. Nas contas da Firjan, serão até 12 embarcações até 2024. Para falar mais sobre o anuário e o futuro do segmento de óleo e gás do Rio, conversaremos hoje com a gerente de petróleo, gás e naval da Firjan, Karine Fragoso. Ela destaca que o mercado de óleo e gás hoje pode viabilizar o caminhar fluminense em direção à eólica offshore e ao hidrogênio. A entrevistada também pede que o estado não perca a chance de reverter os recursos , criados a partir da atividade petrolífera em benefícios para a população. “O Rio de Janeiro tem a oportunidade de retomar sua economia, a partir dos recursos de petróleo, como royalties ou participações especiais”, avaliou. Também entrevistaremos o coordenador de conteúdo para petróleo, gás e naval da Firjan, Thiago Valejo, que destacou que o petróleo continua sendo uma fonte indispensável de energia e que o Rio reúne atualmente 90% das maiores unidades produtoras do país. “Das 10 plataformas com maior produção no mar, nove são do Rio de Janeiro. O estado também correspondeu a 80% da produção nacional nos seis primeiros meses do ano”, revelou. O evento de lançamento do anuário será transmitido no canal da Firjan no Youtube.
Gostaria de começar nossa entrevista pedindo que destacassem alguns dos principais aspectos e novidades da nova edição do Anuário do Petróleo da Firjan.
Karine – O Anuário de 2021 segue o padrão que empregamos no ano passado. Entregaremos um material de artigos com alguns dados e também disponibilizamos uma plataforma BI [Business Intelligence] com uma série de dados para que as empresas e os analistas façam suas avaliações. Nessa entrega do 6º anuário, o destaque é a integração energética. O trabalho mostra como que o óleo e o gás natural colaboram – e vão continuar colaborando – com a matriz energética e a sustentabilidade.
O óleo pode contribuir com o processo de descarbonização. Isso porque essa commodity traz a riqueza necessária para que possamos desenvolver outras tecnologias para melhor utilização tanto do óleo como do gás natural. Estamos, ao longo do tempo, criando e desenvolvendo tecnologias, tornando a produção de óleo e gás cada vez mais limpa.
Além disso, temos no Rio de Janeiro não só o Cenpes, mas outros centros de pesquisa que também colaboram com esse processo de desenvolvimento de tecnologia para buscarmos, através do óleo e gás, uma matriz energética mais adequada às demandas sociais e econômicas.
Um dos artigos que estarão presentes no Anuário foi escrito pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE). O texto fala justamente o que a Karina acabou de mencionar, sobre como o petróleo continuará sendo uma fonte indispensável de energia e de matéria-prima. Diante desse cenário, qual será o impacto das atividades petrolíferas no Rio de Janeiro?
Thiago – A EPE destacou em seu artigo que mesmo em um cenário de transformação da demanda energética mundial, o petróleo continuará sendo uma fonte indispensável de energia e de matéria-prima. Isso é congruente com a nossa visão de que é preciso sempre olhar para as regionalidades. O Brasil já tem uma matriz energética muito diversa. O estado do Rio de Janeiro também, pois conta com produção de energia de diversas fontes – nuclear, solar, eólica e petróleo e gás, que é muito importante para o estado. Isso tudo se reflete em um ambiente de negócios mais diverso, justamente pela oportunidade de utilizar diferentes fontes de energia.
Karine – O mercado de óleo e gás hoje pode viabilizar o nosso caminhar em direção à eólica offshore e ao hidrogênio. Seja por meio dos recursos das operadoras de O&G que devem estar disponíveis para esse caminho ou pelo desenvolvimento de tecnologia e competência do Brasil. Isso nos permitirá caminhar nesse sentido. Então, essa é mais uma oportunidade para que o Rio de Janeiro abra frentes de novas fontes de energia.
Outro dado interessante do Anuário é a participação do Rio de Janeiro na produção nacional de petróleo nos seis primeiros meses de 2021, que ficou em 80%. Esse e outros indicadores indicam, ao seu ver, que o papel do O&G no estado continuará sendo muito importante no futuro?
Karine – O Anuário dispõe de uma base de dados que nos permite olhar para o passado. Ao mesmo tempo, esses números também nos permitem ter uma visão de perspectiva de futuro. Quando olhamos para os números de 2020 para 2021, percebemos que o mercado de petróleo no Rio de Janeiro se manteve, apesar de todos os fatores negativos relacionados à Covid-19. Conseguimos bater recordes sem a ocorrência de nenhum acidente ou nenhuma notícia de algo que não tenha sido respondido no devido tempo com relação às restrições impostas pela pandemia. Isso é um ponto importante. Não fomos impactos no que diz respeito à produção de óleo e de gás.
Outro ponto é que além da Bacia de Santos e da “nova” Bacia de Campos [a entrevistada faz referência aos novos projetos e novas produções a partir do pré-sal da Bacia de Campos], temos também os campos maduros. Esses ativos ainda devem gerar muitas riquezas.
Falando na Bacia de Campos, há uma retomada na atividade exploratória na região e a perspectiva de novos desenvolvimentos de campos de O&G naquela área. Como vocês estão avaliando esse novo momento da bacia?
Karine – Hoje, temos uma multiplicidade de atores que estão trabalhando na Bacia de Campos e que também estão agregando novos conhecimentos, novos modelos de gestão e formas de recuperação de óleo. Isso traz uma diversidade de olhares, que contribui também para a riqueza desse mercado.
Óbvio que ainda precisamos avançar em algumas frentes. Antes, existia uma condição de mercado com uma grande concentração de ativos nas mãos de um só operador. Agora, esses ativos estão sendo distribuídos entre vários atores. Então, é necessário preparar esse ambiente, com diálogos sobre a regulação e a operação desses ativos. Cada um desses demandadores tem uma prática de fazer negócio. Para os fornecedores do Rio de Janeiro, essa é uma oportunidade de diversificar seus olhares e também uma chance para contribuírem com o desenvolvimento de soluções.
Com relação à Bacia de Campos, assim como temos visto no onshore brasileiro, a recuperação de produção tem sido bastante rápida. Eu acredito que vamos ter muita ainda produção na Bacia de Campos. Isso é importante para a região [do Norte Fluminense] e ajuda na recuperação da atividade econômica.
A Bacia de Campos ainda é muito importante para o Rio de Janeiro. Mas também destacamos tanto o projeto do Porto do Açu, em São João da Barra (RJ), como também o projeto Gaslub [antigo Comperj]. Ambos irão dinamizar a economia do Rio de Janeiro. Vamos também dedicar mais esforços para viabilizar a Rota 4b, que ligará a Bacia de Santos ao Porto de Itaguaí. Com isso, cobriremos a costa do Rio de Janeiro, vindo do Norte Fluminense até a região da Baixada Fluminense, com projetos de O&G estruturantes.
Por fim, seria interessante se pudessem antecipar aos nossos leitores alguns dos dados que serão apresentados no Anuário.
Thiago – O que trazemos no Anuário como número previsto de investimento para os próximos três anos é um potencial de R$ 50 bilhões em recursos no Rio de Janeiro. Isso tem um reflexo no mercado que pode levar a geração de mais de 63 mil postos de trabalho ao longo desse período. Além disso, podemos destacar que das 10 plataformas com maior produção no mar, nove são do Rio de Janeiro. O estado também correspondeu a 80% da produção nacional nos seis primeiros meses do ano, como mencionado anteriormente.
Por fim, vale destacar que 12 novas unidades de produção serão instaladas até 2024 no Rio de Janeiro: FPSO Carioca (Sépia) – 2021; FPSO Guanabara (Mero) – 2022; FPSO Almirante Barroso (Búzios) – 2022; FPSO Anita Garibaldi (Marlim) – 2023; FPSO Sepetiba (Mero) – 2023; P-71 (Itapu) – 2023; FPSO Anna Nery (Marlim) – 2023; FPSO OSX-2 (Atlanta) – 2024; FPSO Marechal Duque de Caxias (Mero) – 2024; FPSO Gato do Mato (Gato do Mato) – 2024; FPSO Almirante Tamandaré (Búzios) – 2024; Bacalhau 1 (Bacalhau) – 2024.
Karine – Esses R$ 50 bilhões são investimentos previstos para águas fluminenses – nas bacias de Campos e Santos. Parte desse investimento será fornecido pelo Rio de Janeiro. O estado tradicionalmente responde por algo entre 20% e 25% nos fornecimentos para esses projetos em Exploração & Produção e Abastecimento. Portanto, quanto mais a iniciativa privada conseguir trabalhar e dialogar com os órgãos reguladores e entidades como a Firjan, mais riquezas podemos agregar no território fluminense, gerando emprego, renda e participações governamentais. O Rio de Janeiro tem a oportunidade de retomar sua economia a partir dos recursos de petróleo, como royalties ou participações especiais.
Ótima notícia