ABDAN APRESENTA PROPOSTAS DO SETOR NUCLEAR AOS PRESIDENCIÁVEIS, COM PREVISÃO DE R$ 25 BILHÕES DE INVESTIMENTOS

Por Davi de Souza (davi@petronoticias.com.br) –

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Representando o presidente Jair Bolsonaro, o general Augusto Heleno, do GSI, recebeu de Celso Cunha as propostas da ABDAN

A corrida presidencial de 2022 ganha cada vez mais a atenção da sociedade brasileira. Daqui a pouco mais de três meses, o país irá às urnas para decidir quem comandará a nação pelos próximos quatro anos. Como é de costume, os setores econômicos estão apresentando suas propostas e sugestões aos candidatos à cadeira de Presidente da República. A indústria nuclear também participa desse movimento. A Associação Brasileira para Desenvolvimento das Atividades Nucleares (ABDAN) preparou um caderno com um conjunto de propostas do setor para os presidenciáveis. Somente no curto prazo, no horizonte entre 2023 e 2026, os projetos apresentados pela associação podem destravar mais de R$ 25 bilhões em investimentos. “Além dos expressivos recursos, estamos falando de uma fonte de geração firme para o país, que garantirá a estabilidade do sistema elétrico brasileiro”, afirmou o presidente da ABDAN, Celso Cunha. Na semana passada, a associação entregou as propostas para representantes da candidata Simone Tebet (MDB). Ontem (23), o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, também recebeu o caderno da ABDAN, em nome do presidente Jair Bolsonaro (PL). Na próxima semana, será a vez de apresentar as propostas à equipe da campanha do ex-presidente Lula (PT). “É necessário um entendimento que a fonte nuclear precisa de um programa de Estado. Para isso, é preciso fazer com que os agentes políticos introduzam esse tema em suas propostas de governo”, concluiu Cunha.

Qual o objetivo da ABDAN ao apresentar esse conjunto de propostas aos presidenciáveis?

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Diretoria da ABDAN em reunião com o ministro Adolfo Sachsida

A tecnologia nuclear não é usada apenas para a geração de energia, mas também é utilizada em outras áreas, como a medicina e a irradiação de alimentos. Por isso, é necessário um entendimento de que a fonte nuclear precisa de um programa de Estado. Para isso, é preciso fazer com que os agentes políticos introduzam esse tema em suas propostas de governo. O mundo redescobriu a geração nuclear após a COP-26. Todos os países têm o entendimento de que sem energia nuclear não será possível atingir as metas de descarbonização.

Além disso, não será possível gerar o volume de energia necessário no planeta apenas com fontes variáveis. Paralelamente, as novas tecnologias nucleares de geração, como os pequenos reatores modulares (SMR), trazem uma série de atributos adicionais, como flexibilidade da geração. Os SMR podem ajudar a fazer o controle e a injeção de potência nas redes, complementando as fontes solar e eólica, que são variáveis e sujeitas às questões climáticas. Assim, defender todos esses pontos diante dos agentes políticos é o primeiro passo para criarmos um programa perene de Estado para a fonte nuclear.

As propostas já foram entregues para quais candidatos?

Na última semana, entregamos as propostas ao comitê do programa de governo da candidata Simone Tebet. Ontem (24), entregamos o caderno de propostas ao general Augusto Heleno, que faz parte do governo Jair Bolsonaro como ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI). Além disso, o material também foi apresentado ao novo ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida. Na próxima semana, vamos entregar para o grupo que cuida das propostas do candidato Lula.

Uma das propostas apresentadas no caderno fala da importância de concluir Angra 3, da extensão da vida de Angra 1 e da modernização de Angra 2. Poderia falar mais sobre os efeitos positivos para o país a partir da conclusão desses projetos?

WhatsApp Image 2022-06-23 at 20.14.20Somente em Angra 3 são estimados cerca de R$ 20 bilhões em investimentos, gerando até 7 mil empregos no pico da obra. Além disso, a extensão de vida de Angra 1 e a modernização de Angra 2 demandarão, juntas, um volume superior a R$ 5 bilhões. Esses recursos serão aplicados entre 2023 e 2026. Isso traz um arraste na cadeia produtiva como um todo. É um número para ninguém botar defeito.

No longo prazo, a ABDAN propõe ainda a construção dos 8 GW em novas usinas previstas no Plano Decenal de Energia (PDE) 2050, com investimentos de US$ 56 bilhões até 2050. Para viabilizar esses recursos, é preciso que a nuclear ganhe um status de programa de Estado, como mencionado anteriormente?

Exatamente. Investimentos dessa natureza, que envolvem a nação como um todo, precisam estar inseridos em um programa de Estado. Veja o exemplo das fontes solar e eólica. O país chegou a dar 160% de subsídio para essas fontes. Agora, é preciso alavancar outras cadeias produtivas. Então, está na hora de pavimentar o caminho para a energia nuclear. A finalização de Angra 3 e a execução do PNE 2050, com os 8 GW de novas centrais nucleares, têm importância fundamental. Além dos expressivos recursos, estamos falando de uma fonte de geração firme para o país, que garantirá a estabilidade do sistema elétrico brasileiro.

Por fim, poderia falar brevemente também sobre as propostas para os segmentos de medicina nuclear e irradiação de alimentos?

Na medicina nuclear, acredito que já passou da hora de construirmos o Reator Multipropósito Brasileiro (RMB). Durante o período do auge da pandemia de Covid-19, muita gente ficou sem o tratamento de câncer, já que o país ainda depende de importações de radioisótopos, apesar de todo o esforço da indústria para trazer esse material para o Brasil. O país precisa concluir o RMB para não ficar dependente da importação de molibdênio, que é um dos principais radioisótopos usados na medicina nuclear.

Enquanto isso, na área de alimentação, o Brasil é reconhecido pela grande capacidade de produção de alimentos. Porém, ainda desperdiçamos mais de 30% de tudo que produzimos. A técnica de irradiação é um meio muito seguro adotado por várias nações. Aliás, muitos países só aceitam comprar certos produtos desde que tenham sido irradiados. Então, é fundamental que o Brasil invista nessa área, com a aquisição de equipamentos de irradiação por parte de empresas e cooperativas e associações setoriais.

Veja abaixo uma galeria de imagens dos encontros da ABDAN com autoridades em Brasília:

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