ABUSO NOS PREÇOS E FALTA DE COMPROMISSO NA ENTREGA DE PRODUTOS DEIXA O MERCADO DE AÇO BRASILEIRO EM DESORDEM

As empresas que são atendidas pelas grandes siderúrgicas brasileiras, nesse gigantesco mundo do mercado do aço, estão comendo o pão que o diabo amassou nas relações comerciais com seus clientes. Está acontecendo dois fenômenos: o desabastecimento e a desconfiança. O mercado de aço no Brasil está em desordem e se não houver um pulso firme e rápido, vai degringolar e a coisa ficará ainda pior do que já está. Já há desabastecimento no mercado. Qualquer encomenda que seja feita, a promessa é que a entrega seja feita apenas em janeiro ou fevereiro de 2021. E olhe lá. Precisa ser bom cliente para receber. Nem as grandes distribuidoras, parceiras o ano inteiro das siderúrgicas, conseguem receber suas encomendas. Para não acabar seus estoques, também deixaram de entregar, principalmente as chapas de aço.

Outra característica danosa para o mercado é a relação de desconfiança que passou a se criar com os aumentos constantes. Quando entregam as chapas, as distribuidoras só garantem os preços por 24 horas. Quando o cliente faz uma encomenda, ele faz com um planejamento e previsibilidade. A todo momento são comunicados novos aumentos. A relação desgasta e os clientes passam a achar que o ganancioso, os que não  tem consideração, os que só pensam em lucrar em detrimento de qualquer coisa, sejam os fornecedores de serviços. Mas ele está de marisco nessa história. É a parte mais fraca.

Se o governo não agir rapidamente, poderá haver falta de produtos no mercado. E não apenas para indústria do aço plano e o de chapas. Para todo mercado. Já está faltando aço para o setor de embalagens. Empresas que produzem produtos químicos e tintas, além de outros setores. Para se ter uma ideia desta desordem, vamos reproduzir uma carta que a Capital Representações está enviando para vários de seus clientes. O Petronotícias teve acesso e reproduz o comunicado na íntegra:

“Bom dia. A CSN é a ÚNICA produtora de folhas metálicas no Brasil e a maior da América Latina, fornecendo material para a produção de diversas embalagens  para alimentos e bebidas, embalagens para produtos químicos, latas decorativas, rolhas metálicas e outras aplicações. – Fonte: www.csn.com.br

Começamos este comunicado com esse pequeno trecho do site da CSN para quem não tinha essa informação, como eu, tenha conhecimento da atual situação de vários fabricantes de tintas e afins.

Todos os fornecedores de latas estão sofrendo com a redução da produção de folhas de flandres pela CSN.

A CSN produzia 7 milhões de toneladas de folhas de flandres por mês. No início da pandemia eles reduziram para 0,25 milhão/mês e só vai estar tudo regularizado em fevereiro do ano vindouro.

Em setembro, ou seja, esse mês, já tivemos um aumento de 9% nas embalagens e em outubro teremos outros 13%.

Por isso, estamos pedindo a compreensão de todos os nossos parceiros comerciais pela demora na entrega.

Não serão mais faturados pedidos sem que o produto esteja no estoque, ou seja, faturar e esperar a produção ou envaze.

Irrá ocorrer casos de produtos virem em outras embalagens, porém, esses produtos serão etiquetados com nome, volume e código de barras para atender seus clientes de forma não convencional, mas ATENDER.

Agradecidos pela compreensão e à disposição para esclarecer qualquer dúvida.”

Hoje (22) à tarde, tínhamos uma entrevista marcada com o Instituto Aço Brasil, que defende os interesses das empresas produtoras. Mas, por uma razão não especificada, seu porta voz, Marco Polo de Mello Lopes, preferiu não dar qualquer esclarecimento quanto a posição das siderúrgicas. O Ministério da Economia, também foi questionado pela situação. Sua assessoria informou que o caso estava sendo pesquisado pela área técnica e iriam responder brevemente. As maiores siderúrgicas já foram ouvidas pelo Petronotícias.