APROBIO DEFENDE POLÍTICA DE MISTURA DE BIODISEL PARA MANTER MILHARES DE EMPREGOS E INVESTIMENTOS NO BRASIL
A Associação dos Produtores de Biocombustíveis do Brasil (Aprobio) defendeu nesta terça-feira (9) a manutenção da mistura de biodiesel ao diesel como forma de manter empregos e investimentos no Brasil. Mais cedo, o Petronotícias publicou uma entrevista com o presidente da Associação Brasileira de Importadores de Combustíveis (Abicom), Sérgio Araújo, que defendeu uma redução temporária da mistura como forma de diminuir o preço dos combustíveis no país. A Aprobio declarou que a proposta traria insegurança jurídica para o setor de biocombustíveis, cuja cadeia nacional de produção emprega cerca de 1,5 milhão de pessoas direta e indiretamente.
A Aprobio, cujo conselho de administração é presidido por Erasmo Carlos Battistella (foto), também defende que o aumento da mistura do biodiesel agregou valor à produção de soja e ajudou a reduzir as emissões de gases de efeito estufa. Destacou também que os produtores de biodiesel realizaram investimentos para ajudar o Brasil a ter segurança energética por meio dos biocombustíveis . Leia abaixo o posicionamento completo da associação:
“– A manifestação do Sr Sergio Araújo sobre a mistura de biodiesel reflete um descompromisso da sua entidade com a cadeia nacional de produção de biocombustíveis (50 usinas, mais de 62 mil famílias de agricultores familiares e os cerca de 1,5 milhão de empregos diretos e indiretos) e com a Política Nacional de Biocombustíveis (RenovaBio), maior programa de descarbonização do mundo, coordenado pelo Ministério de Minas e Energia e que tem recebido elogios pelo mundo. O Governo Federal apoia integralmente a iniciativa e manifesta de forma recorrente que se trata de uma Política de Estado;
– A proposta da entidade de redução da mistura de biodiesel é um atentado contra a segurança jurídica duramente conquistada desde o início do programa. A impensada medida provoca impactos severos, pois afeta toda a cadeia produtiva de biodiesel com potencial de gerar desemprego bem como aumentar os custos nas cadeias de proteína animal, reduzindo a disponibilidade local ou o desempenho das exportações deste importante produto;
– O crescimento de B8 para B13 promoveu agregação de valor a milhões de toneladas de soja, produzindo farelos proteicos para a produção de carnes e outras proteínas animais. Além disso, o biodiesel transformou resíduos – óleo de cozinha utilizado e recuperado e gorduras animais como sebo bovino – em bioenergia renovável e fundamental para aumentar a segurança energética nacional;
– A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) já destacou as graves consequências da suspensão da atual política de mistura de biodiesel na mesa do consumidor. A alteração do quadro de custos produtivos vai desencadear mudanças drásticas no planejamento produtivo das agroindústrias de aves – proteína mais consumida e acessível para a população brasileira – diante das altas históricas especulativas sobre o milho e a soja;
– Muitas grandes empresas e cooperativas já informaram que, diante da falta de sustentabilidade financeira, serão necessários cortes na produção. Menos oferta significa maior impulso inflacionário aos produtos para o consumidor, adicionado ao quadro já pressionado em mais de 100% nos preços dos grãos;
– Até agora já tivemos mais de 83,5 Mt CO2eq de emissão evitada de Gases de Efeito Estufa (GEE), com o consumo de biodiesel em lugar de diesel fóssil no Brasil;
– Recente estudo publicado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), registra que as políticas de biocombustíveis possuem impacto positivo “significativo” na saúde humana. A adição obrigatória de biodiesel ao diesel e etanol anidro à gasolina evita centenas de mortes por ano na região metropolitana de São Paulo por meio da redução da emissão de particulados.
– No caso do biodiesel, com base em variações alternativas de dados captados em 2018 na região, o estudo concluiu que a mistura de 12% de biodiesel no diesel (B12) evita 277 mortes anualmente e faz com que a população deixe de perder dez dias de vida desde o nascimento, em comparação com o cenário em que não há qualquer mistura – Retroceder é poluir mais e matar mais;
– Comparar o Brasil com mercados atrasados é um discurso de retrocesso que pune os avanços conquistados pelo Brasil num campo onde o país é referência mundial, motivo de orgulho nacional;
– Os produtores realizaram enormes investimentos para ajudar o Brasil a ter segurança energética, reduzir emissões de gases de efeito estufa no setor de transporte, reduzir custos de produção e promover a eficiência industrial e logística. Todo este esforço traz desenvolvimento ao interior do país, que conta com 50 usinas autorizadas pela ANP que formam o parque industrial instalado;
– O setor opera em regime próximo ao de concorrência perfeita e, portanto, em paridade aos custos de produção, sendo estes alinhados às cotações internacionais dos óleos vegetais e da taxa de câmbio, elementos exógenos aos produtores, ou seja, sobre os quais não possuem poder de mercado. Mesmo diante dessas oscilações, oferece preços estáveis ao longo dos 2 meses de contratos realizados pelos leilões da ANP;
– O setor do biodiesel não depende exclusivamente da produção de soja, mas o diesel fóssil está 100% atrelado à produção do petróleo. Como estamos observando, qualquer questão que afeta esse mercado afeta a estabilidade dos preços dos combustíveis. Ampliar a participação do biodiesel reduz a dependência que temos do diesel fóssil;
– Retroceder na mistura significa poluir mais, matar mais, desempregar mais, menos investimentos em toda a cadeia, mais inflação em função do impacto nos custos de produção de alimentos. Qual é esse impacto no custo afinal? No fim, todos são prejudicados com essa sinalização de retrocesso”.
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