CAIO MÁRIO PAES DE ANDRADE CHEGARÁ NA PETROBRÁS PARA LEVAR O PENSAMENTO DO GOVERNO PARA DENTRO DA EMPRESA
Passadas algumas horas do anúncio da demissão de José Mauro da presidência da Petrobrás, pode-se chegar a algumas conclusões. Há uma série de detalhes que fizeram o rascunho desse desfecho. O primeiro deles foi a própria indicação de José Mauro, que revelava um papel burocrata sem muito prestígio no mercado de petróleo. Foi uma aposta do competente ex-ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, vítima de uma decisão teimosa dos diretores da Petrobrás, que insistiram em ser maiores do que o Presidente Bolsonaro. O apelo dramático do presidente durante a sua Live, ao lado do General Heleno, do Gabinete de Segurança Institucional, pedindo, quase implorando, para que a Petrobrás não aumentasse o diesel naquele momento devido ao risco de uma paralisação do caminhoneiros do país, o que traria um caos para o mercado. Bolsonaro apelou para o lucro sem precedentes que a companhia havia anunciado no trimestre, que poderia dar-lhe gordura e colaborar com a política do governo, maior acionista da empresa. Os diretores viraram de costas para o presidente e anunciaram o aumento. Era o mesmo que dizer: “Aqui não, violão. Aqui, mandamos nós”.
O anúncio do aumento mostrou a fraqueza interna de José Mauro, que foi engolido pelo staff da companhia. Ele tinha o respaldo do presidente, mas por não conhecer os meandros da máquina de moer da Petrobrás, capitulou ao querer mostrar independência. Assinou a própria sentença. Bolsonaro buscou os conselhos de Paulo Guedes, que indicou não só o Ministro de Minas e Energia, como também aprovou a indicação do novo Presidente da Petrobrás, que levantará mais alto a bandeira da privatização. Não para este governo, pelas resistências do Congresso. Mas um novo mandato de Bolsonaro, com uma nova Câmara e Senado. Com uma nova formação, com mais apoio, a privatização poderá sair.
Caio Mario Paes Andrade é formado em comunicação e já recebe as estocadas dos “especialistas do caos,” que são guindados por uma parte da grande mídia ou apoiado por ela. Já se diz que ele não poderá ser eleito, porque não tem experiência de pelo menos dez anos no setor. Mas o estatuto fala em “preferencialmente”, mas não descarta. Aldemir Bendine é um exemplo. De Presidente do Banco do Brasil foi ungido por Dilma Rousseff para a Petrobrás e deu com os burros n’água, acusado e condenado por corrupção.
Hoje (24), a bolsa se comportou sem grandes solavancos e à medida que os dias passam as coisas voltarão para o lugar. José Mauro deverá ficar mais trinta dias à frente da companhia, até a convocação extraordinária do Conselho de Administração e uma nova eleição. O governo tem maioria e não deve ter dificuldades para eleger o novo presidente. Depois disso, as coisas devem mudar na companhia. A turma dos preços e dos aumentos e uma boa parte da diretoria poderão ser afastados para que o governo Bolsonaro assuma de vez a empresa, colocando pessoas que pensam como o governo pensa. Poderemos ter algumas demissões de postos chave e entrega de cargos. Quem viver, verá.
Aí a coisa ficou ruim de vez. Esse governo não pensa.