COMISSÃO DO PRÉ-SAL REQUER DEPOIMENTO DE DIRETORA DA CHEVRON NO BRASIL

pj059-milena-palumbo-patricia-padralA relação entre o projeto de mudança da operação única e o interesse das grandes petroleiras pode ganhar ainda maior evidência na Comissão do Pré-Sal. Em reunião feita pela cúpula na última semana, o deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) entrou com um requerimento pedindo a convocação da diretora da Chevron no Brasil, Patrícia Padral (foto), para esclarecer o teor de suas conversas com o ministro interino das Relações Exteriores, José Serra, autor do projeto de lei que retira a obrigatoriedade da Petrobrás na operação de campos do pré-sal. O objetivo é analisar a influência da empresa e de outras gigantes do setor sobre a tramitação da proposta, com base em telegramas de 2009 divulgados pelo Wikileaks.

Nos documentos, trocados entre o consulado americano no Rio e o Departamento de Estado norte-americano, a diretora afirma que Serra, então candidato à presidência, teria garantido a mudança no regime de partilha. O atual ministro é citado em uma das mensagens diplomáticas, entitulada “A indústria de petróleo vai conseguir combater a lei do pré-sal?”, na qual executivos de petroleiras estrangeiras discutem os impactos da mudança. “Deixa esses caras (do PT) fazerem o que eles quiserem. As rodadas de licitações não vão acontecer, e aí nós vamos mostrar a todos que o modelo antigo funcionava…e nós mudaremos de volta”, teria dito o tucano à executiva da Chevron.

Após prestar depoimento à comissão no último dia 7, Serra negou as conversas com Padral. “É mentira! Nunca falei, não tenho a menor ideia de quem é essa mulher. Nunca disse nada”, afirmou o ministro. Em um dos telegramas, datados de 27 de agosto de 2009, a executiva afirma que “as regras sempre podem mudar depois”. A linha foi a mesma seguida pela diretora de relações internacionais da Exxon Mobile, Carla Lacerda, que teria reclamado dos impactos do regime de partilha sobre os fornecedores norte-americanos.

No requerimento apresentado à comissão, o deputado Glauber Braga diz que o depoimento de Padral se faz necessária para esclarecer os diálogos registrados. “Visto que a contradição nas versões em tela se apresenta como fato, submetemos respeitosamente o presente requerimento para a apreciação dos nobres parlamentares”, afirma o texto.

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