CONSUMO DE CARVÃO DISPARA EM 2021 E COLOCA METAS CLIMÁTICAS EM XEQUE, ALERTA AGÊNCIA INTERNACIONAL DE ENERGIA
A nova edição do relatório “World Energy Outlook”, produzido pela Agência Internacional de Energia (AIE), afirma que o progresso da energia limpa ainda é muito lento para colocar as emissões globais em declínio sustentado em direção ao zero líquido, destacando a necessidade de um sinal inconfundível de ambição e ação dos governos em Glasgow, durante a COP-26, marcada para o final do mês. O relatório aponta que mesmo com as implantações de energia solar e eólica cada vez mais fortes, o consumo mundial de carvão está crescendo fortemente em 2021, empurrando as emissões de dióxido de carbono (CO2) para seu segundo maior aumento anual na história.
“O momento mundialmente encorajador de energia limpa está se chocando com a teimosa incumbência de combustíveis fósseis em nossos sistemas de energia”, disse o Diretor Executivo da AIE, Fatih Birol. “Os governos precisam resolver isso na COP-26, dando um sinal claro e inequívoco de que estão empenhados em expandir rapidamente as tecnologias limpas e resilientes do futuro. Os benefícios sociais e econômicos de acelerar as transições de energia limpa são enormes, e os custos da inação são imensos”, completou.
As promessas climáticas de hoje resultariam em apenas 20% das reduções de emissões até 2030, necessárias para colocar o mundo no caminho do zero líquido até 2050. “Alcançar esse caminho requer investimentos em projetos de energia limpa e infraestrutura para mais do que triplicar na próxima década. Cerca de 70% desses gastos adicionais precisam acontecer nas economias emergentes e em desenvolvimento, onde o financiamento é escasso e o capital permanece até sete vezes mais caro do que nas economias avançadas”, finalizou.
Além do cenário de emissões zero líquidas até 2050, o novo relatório da agência explora dois outros cenários para obter insights sobre como o setor de energia global pode se desenvolver nas próximas três décadas. No cenário chamado “Políticas Declaradas” estão as medidas de energia e clima que os governos realmente implementaram até o momento, bem como iniciativas de políticas específicas que estão em desenvolvimento.
“Nesse cenário, quase todo o crescimento líquido da demanda de energia até 2050 é atendido por fontes de baixas emissões, mas isso deixa as emissões anuais ainda em torno dos níveis atuais. Como resultado, as temperaturas médias globais ainda continuariam subindo e atingiriam 2,6° C acima dos níveis pré-industriais em 2100”, explicou a AIE.
Já no cenário de promessas anunciadas, os compromissos de emissões líquidas zero anunciados pelos governos até agora são implementados a tempo e na íntegra. Nesse cenário, a demanda por combustíveis fósseis atinge o pico até 2025 e as emissões globais de CO2 caem 40% até 2050. Todos os setores observam um declínio, com o setor de eletricidade sendo de longe o maior. O aumento da temperatura média global em 2100 é mantido em torno de 2,1 ° C.
Pela primeira vez no World Energy Outlook, a demanda de petróleo entra em declínio eventual em todos os cenários examinados. Se todas as promessas climáticas anunciadas hoje forem cumpridas, o mundo ainda estaria consumindo 75 milhões de barris de petróleo por dia em 2050 – abaixo dos cerca de 100 milhões atuais. No cenário de zero emissões líquidas até 2050, esse volume seria de 25 milhões.
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