DIFICULDADE FINANCEIRA DA SETE BRASIL ATRAPALHA PLANOS TRAÇADOS PELA JURONG

MartinA Jurong, empresa naval de Singapura, tinha todo um plano traçado para seu primeiro estaleiro na América do Sul. Escolheu Aracruz, município capixaba a uma de hora de Vitória, para sediar seu empreendimento, orçado em US$ 1 bilhão. Desse valor, a empresa singapurense já investiu US$ 700 milhões, mas nem todos os seus objetivos no país estão saindo como o esperado.

Duas plataformas flutuantes para a Petrobrás foram encomendadas para operarem no campo de Tupi, enquanto sete navios-sonda foram pedidos pela Sete Brasil. Somados, os dois projetos chegam a US$ 6,3 bilhões. No entanto, a situação da Sete Brasil está afetando a Jurong, que deixou de receber da empresa.

Até a Marinha está frustrando planos da Jurong, já que não autorizou o transporte do casco do navio Arpoador, primeira embarcação a ser entregue pela Jurong à Sete Brasil, prevista para ocorrer no início do segundo semestre de 2015. O casco foi montado em Singapura, com partes feitas no Brasil, e seria finazlizada sua montagem em Aracruz.

Em entrevista ao Valor Econômico, o presidente do Estaleiro Jurong de Aracruz e presidente da empresa para a América do Sul, Martin Cheah (foto) comentou as dificuldades da empresa no país e admitiu que pode ter de recorrer à Justiça para receber a dívida, entre outras medidas, como demitir funcionários e reduzir o ritmo das obras.

Segundo o executivo, o fato de a Sete Brasil não pagar há 60 dias é um problema preocupante. O empréstimo-ponte buscado pela Sete Brasil com o Banco do Brasil é uma esperança, que espera receber em até 30 dias. A Jurong estima em cerca de US$ 200 milhões o débito, mas o valor reconhecido pela Sete Brasil é de US$ 70 milhões, já que a empresa não tem ido ver o medir o avanço das obras.
Usando do pedido de suspensão de contrato previsto no acordo assinado entre as partes, a Jurong já enviou uma carta para a Sete Brasil notificando a parada de alguns projetos. O próximo passo é entrar na Justiça. Para compensar os atrasos, a matriz da empresa vem enviando mais recursos, mas, segundo o executivo, não há muito mais fôlego por parte da matriz.

Quanto à Operação Lava-Jato, Martin Cheah prefiriu não comentar a respeito, mas disse que, se tudo for provado, será bom para o país e para a Petrobrás a longo prazo. Todos os escândalos de corrupção dentro da Petrobrás fazem com que a avaliação do negócio pela Jurong tenham mudado. Segundo o executivo, dois anos atrás o negócio era muito bom devido ao contrato de de longo prazo de afretamento assinado com a Sete Brasil, que, além da estatal, diversos bancos estavam no negócio, mas hoje, com a queda do preço do petróleo e a Operação Lava-Jato, há dúvidas quanto ao risco assumido pela empresa.

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