PARTICIPAÇÃO DA PETROBRÁS NA OFFSHORE EUROPE FRUSTRA EMPRESÁRIOS BRASILEIROS E BRITÂNICOS

Edival Dan-tarjaABERDEEN – Se alguém esperava que a Petrobrás pudesse dar importância à maior feira de petróleo da Europa, pode tirar o cavalo da chuva. Pelo jeito, a empresa brasileira não tem nada mais para aprender com ninguém. E quando não se tem nada para aprender, é o início do fim do conhecimento. Esperava-se que a estatal usasse o bom senso, o bom critério, mandando profissionais para que pudessem olhar o que há de novo no mercado de petróleo e gás. O que está se fazendo numa indústria com muita experiência. A busca de todas as empresas aqui na Europa é por desenvolver materiais mais baratos, com mais tempo de duração, operando com maior eficiência, a custos mais enxutos.  Ao contrário da expectativa até mesmo das empresas brasileiras que estão presentes aqui, a Petrobrás enviou apenas o gerente executivo para conteúdo nacional, Edival Dan Junior (foto). Como quem sai aos seus não degenera, Edival seguiu à risca os passos de seu chefe direto, Paulo Alonso, conselheiro do presidente Aldemir Bendine. Chegou na manhã de quarta-feira (9), fez uma palestra de 15 minutos, não disse nada de novo, repetiu um pouco a palestra feita por Alonso em Houston no início do ano, decepcionou a todos que esperavam palavras de confiança da maior empresa da América Latina, terminou, pegou um avião e foi direto para Londres. Não perdeu nem alguns minutos para conhecer a feira ou mesmo visitar o estande do Brasil, onde as empresas o aguardariam para conhecê-lo melhor e saber se o caminho escolhido para recuperar a estatal está certo ou errado. Ele tinha um compromisso de visitar nesta quinta-feira (10) um pequeno evento de petróleo que acontece paralelamente na capital inglesa. Mas um evento sem tradição para o segmento de petróleo. O IMPA.  Por aqui, ninguém reconhece a importância dele,  mas é em Londres. Tem mais apelo.

Além disso, mesmo não investindo numa presença efetiva em Aberdeen, a Petrobrás montou um grande estande na Bienal do Livro do Rio de Janeiro. Chamou a estrutura de “Espaço do Conhecimento”. É fundamental o apoio à educação e à leitura no país, mas como promover o conhecimento alheio restringindo o seu próprio? O Petronotícias reconhece o valor de centenas de profissionais que a Petrobrás abriga  e desenvolveu, mas na empresa nem todos têm a mesma capacidade. Haja visto a origem do problema de desvios de bilhões de reais descobertos pela Operação Lava Jato. O Petronotícias também reconhece o direito da empresa de investir no evento que quiser, seja futebol, Fórmula 1 ou Bienal do Livro. Mas, se o estande da Bienal fosse um pouco menor, o valor economizado poderia dar para mandar alguns profissionais da empresa acompanharem a maior feira de petróleo da Europa, que, afinal, é o core business da Petrobrás. (O Petronotícias recebeu uma nota da Petrobrás reclamando das críticas feitas pela ausência da companhia em Aberdeen na reportagem de abertura do evento. Nós publicamos uma resposta a esta nota no final da reportagem deste link. Veja aqui).

IMG-20150909-WA0139A palestra que o representante da Petrobrás fez foi à convite do governo da Inglaterra, dos membros do UKTI, que fazem um trabalho brilhante de aproximação de empresas britânicas e brasileiras, buscando uma maior interação e desenvolvimento de negócios. Um exemplo que a maior empresa do Brasil deveria ter a humildade de aprender e dar a atenção devida. Não é o que foi feito pelo representante da estatal que veio à Aberdeen. No encontro, não estava apenas o Embaixador brasileiro no Reino Unido, Eduardo Santos, que veio representar o Ministro das Minas e Energia, Eduardo Braga, mas também o Sr. John Crawford, Diretor Regional nas Américas e África do setor de óleo&gás do Grupo de Negócios  da UKTI, com todo o staff  britânico e brasileiro. Além deles, falaram também Sergio Ferreira, da APEX, Vinicius Vidal Almeida, gerente de desenvolvimento de negócios do BNDES, Aloísio Nóbrega, da ONIP, Steve Crosley, gerente internacional de desenvolvimento de negócios da UKEF e Robert Write, diretor financeiro de exportações do Reino Unido.  A plateia era  formada por empresários brasileiros e britânicos. A apresentação do representante da Petrobrás era muito esperada  em função das dificuldades que o mercado atravessa. Mas o que se viu foi quase uma repetição do que já se tinha apresentado  durante a OTC. Uma decepção. Foi quase um não convite para as empresas não terem o Brasil como foco de investimentos.

Quem esperava palavras de incentivo, pedido de trocas de tecnologia, convite de empresas para desenvolver no Brasil as iniciativas que estão sendo gestadas, testadas ou já desenvolvidas na Europa, ouviu apenas uma novidade “A Petrobrás está sentindo os efeitos da queda do petróleo”.  Alguém já ouviu isso antes? Se Edival tivesse “perdido” alguns minutos para dar uma volta sequer em um dos seis pavilhões que mostravam informações reais sobre o desenvolvimento do setor de petróleo, teria aprendido muito e levaria algumas novidades para sua empresa.  Os novos horizontes do petróleo são uma realidade mundial, mas  o mercado internacional está tomando atitudes para sair da crise que, pelos prognósticos dos especialistas europeus, vai demorar ainda alguns anos nesta situação, a não ser que aconteça alguma coisa no mundo que ponha a civilização em risco e que o petróleo volte a vestir trajes de gala novamente.

Reuniao empresario Aberdeen 09.09Mas nem isso desanimou o grupo de empresários brasileiros presentes. Terminado o evento, o grupo participou de várias reuniões de negócios, previamente organizadas pela UKTI, fazendo o link de interesses entre empresas brasileiras e inglesas. Muitas delas interessadas em investir no Brasil, para trazer tecnologias novas e modernizadas para o nosso mercado. Foram muitos contatos e muitas perspectivas que se desenrolarão a partir de agora. O pontapé inicial da partida foi dado. A semente foi plantada. Agora é regar e adubar. Se a Petrobrás não atrapalhar com a sua falta de incentivos, os negócios podem dar certo.

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Jose AmorimFabiocarlos Recent comment authors
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carlos
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carlos

Esqueçam PETROBRAS. A empresa quebrou de vez, dividas em US$ e receitas em R$, isso sem falar no preço do petróleo e custo de extração no pre-sal. O melhor a fazer nessa hora é privatizar já e desmontar esse monstrengo da vida econômica do Brasil.

Fabio
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Fabio

Carlos. Concordo 100% contigo. Mas quando isso vai acontecer? Se a Petrobras nao existisse, o setor de petroleo e gas no Brasil seria um dos mais desenvolvidos no mundo. Eu trabalho na Europa neste setor e vejo o quanto esse mamute paquiderme atrapalha o desenvolvimento da industria no Brasil. A Petrobras so trabalha a partir de propina e com acordos fechados com envelopes por baixo da mesa. E impressionante o grau de terceiro mundismo dessa empresa que nao serve a mais nada alem de empregar amigos ou conhecidos de alguem relacionado com algum partido ou com contato dentro da empresa.… Read more »

Jose Amorim
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O que esperar de uma empresa de petróleo gerida por um banqueiro alinhado com esse governo petista(que acabou com a nossa reputação no mercado externo). Mas infelizmente este tipo de atitude não se restringe somente aos dirigentes da Petrobras, pois nas ultimas feiras da OTC, não recebemos uma visita sequer de apoio, ou solidariedade (em vista do baixo índice de visitas recebidas em nosso pavilhão), por parte do governo brasileiro(ministro de minas e energia), de dirigentes da Petrobras, Firjan (presidente Eduardo Eugênio ficou encastelado dentro da sala de reunião do estande Firjan)e Onip. No caso do Sebrae, tive que chamar… Read more »