EMPRESAS NORUEGUESAS BUSCAM NOVOS INVESTIMENTOS A LONGO PRAZO E APOSTAM NO MERCADO OFFSHORE BRASILEIRO

Por Luigi Mazza (luigi@petronoticias.com.br) –

Erik HannisdalA presença crescente de companhias norueguesas no mercado brasileiro de petróleo e gás traz boas perspectivas para os próximos anos. A indústria nacional atrai por seu potencial de negócios, e não por acaso empresas de fora seguem apostando em projetos a longo prazo no país. Interessadas em suprir as constantes demandas tecnológicas da área offshore, pequenas e médias fornecedoras buscam consolidar clientes no Brasil por meio de representações. É neste mercado que vem atuando a M&O Partners, companhia da Noruega que representa empresas de 15 países no segmento brasileiro de óleo e gás. Além de prover os serviços comerciais de suas parceiras, a empresa atua como plataforma para auxiliar investimentos de pequenos players no mercado brasileiro, conta o dono da M&O, Erik Hannisdal. Atualmente, a companhia vem ampliando seu projeto de internacionalização em países como Estados Unidos e México, mas vê no Brasil o maior potencial para negócios no setor offshore. Segundo Hannisdal, o mercado brasileiro continua atrativo e precisa se adaptar ao novo momento para manter-se no foco dos investidores internacionais. O cenário exige mudanças, mas a sinalização de companhias da Noruega é positiva. “As empresas norueguesas não estão aqui para agora, mas para o futuro”.

Quais são hoje os principais projetos da M&O?

Nós temos várias áreas de atuação dentro da empresa, e hoje atendemos 60 clientes de 15 países. Para alguns, vendemos como representante comercial, e para outros trabalhamos com o desenvolvimento de negócios.  Nós atuamos como incubadora para que algumas empresas possam investir em um mercado desafiador.

Como isso é feito?

Nós administramos subsidiárias, e as companhias investem através de nós no mercado, como uma plataforma operacional. Não é um mercado fácil, mas juntando as competências das empresas é possível ter força para se desenvolver de maneira sustentável.

A companhia atua em que áreas no Brasil?

A nossa proposta é ser mais que um representante comercial. Temos um modelo de gestão baseado na adaptação de projetos para cada cliente. Nós trabalhamos com algumas empresas de pequeno porte que têm tecnologias muito boas, mas precisam de um apoio maior para atender ao mercado brasileiro. Então buscamos possibilitar a entrada de novas tecnologias no país, tornando isso viável em meio à crise.

Como a empresa vem buscando superar o momento ruim?

Todos sabem dos desafios do Brasil e dos problemas com o preço do petróleo, então neste cenário o interesse está diminuindo. Mas para nós, depois da crise vem a oportunidade. Temos que trabalhar mais para atender ao mercado da melhor forma possível. Planejamos ficar em uma boa posição quando houver uma retomada, o que pode acontecer antes da recuperação do preço do barril, em 2016 ou 2017.

A M&O pretende expandir seu projeto de internacionalização?

Nós temos escritório na Noruega, na Cidade do México e em Houston. O mercado é um pouco diferente daqui, ainda que seja na área de óleo e gás e marítima. Aqui fazemos assistência completa, e lá o nosso trabalho deverá ser um pouco mais específico.

A companhia avalia novos mercados para atuar?

A longo prazo, queremos fazer no México o mesmo modelo que fazemos aqui. O mercado mexicano está se abrindo, teve sucesso nas rodadas de licitação e a agência reguladora do país se mostrou rápida em mudar os parâmetros dos processos no segundo leilão. Isso é algo que o Brasil precisa adotar para ficar mais atraente. É preciso se adaptar rápido porque outros mercados estão atraindo, e acho que o Brasil tem um potencial maior que qualquer outro país do mundo no setor offshore.

A visita do príncipe da Noruega ao Brasil impulsionou novos projetos?

A visita trouxe uma mensagem clara e importante: as empresas norueguesas não estão aqui para agora, mas para o futuro. Elas estão investindo muito e querem se manter no Brasil, então precisamos de um ambiente de negócios favorável para continuar trabalhando, como a Noruega tem feito especialmente nos últimos 15 anos.

Qual é a perspectiva de melhora no mercado brasileiro para o próximo ano?

O Brasil é um dos melhores países na relação entre petróleo e preço, então é interessante para o mundo. As empresas fazem investimentos hoje para lucrar daqui a cinco ou dez anos, porque o país tem recursos relevantes a longo prazo. Temos o consenso de que o preço do barril vai permanecer baixo no próximo ano e o momento é difícil, mas o país continua sendo um dos melhores lugares para se investir.

Quais são as maiores dificuldades para a atuação no Brasil?

O grande erro aconteceu a partir das mudanças nas regras para a rodada de 2008, que foi parada no meio. O governo criou um vácuo enquanto montava as novas regras do pré-sal. Naquele momento, o mundo inteiro estava pronto para investir no Brasil. O cenário mudou enquanto organizavam as regras, e essa foi uma oportunidade perdida.

Além disso, há o fator restritivo da Petrobrás, que hoje tem um capital limitado e precisa investir 30% nos projetos do pré-sal. As autoridades precisam cuidar das regras, criando um ambiente atraente para os operadores voltarem a investir, o que a longo prazo alimentaria a cadeia. Também é preciso rever o conteúdo local, que não continuou como o governo queria. Todo país cria isso para estimular empregos, mas a regra não funcionou da maneira ideal e é preciso reverter a situação.

A M&O tem novos investimentos previstos para este ano?

Não há muito mais investimentos este ano. Nós temos a unidade industrial de OSEP, em Macaé, e estamos avaliando um projeto de expansão dos galpões que pode ser feito este ano, mas deverá ficar para 2016. Avaliamos que estamos prontos para o investimento certo, mas temos um olhar mais conservador no atual momento.

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