ENBRIDGE VAI CONTRATAR EMPRESA PARA CONSTRUIR TÚNEL DE SETE QUILÔMETROS PARA LANÇAR TRECHO DE OLEODUTO SOB O LAGO DE MICHIGAN
Desta vez, o polêmico oleoduto da Linha 5, que corta o leito do Lago de Michigan e divide uma região dos Estados Unidos e o Canadá, parece mesmo que vai sair. A Enbridge, dona da linha, está agora procurando uma empresa para construir um túnel de sete quilômetros abaixo do leito do lago, um trecho rochoso sob o Estreito de Mackinac, que vai abrigar um novo trecho da Linha 5, depois que as autoridades estaduais aprovaram os planos da empresa. As autoridades ambientais de Michigan assinaram a autorização para a empresa canadense começar a buscar propostas para construir o túnel. Os funcionários da Enbridge disseram que estão prontos para emitir o pedido de propostas e selecionar um construtor para o que chamam de “projeto crítico de modernização da infraestrutura de serviços públicos”. Apesar disso, a empresa ainda precisa de licenças da Comissão de Serviço Público de Michigan e do Corpo de Engenheiros do Exército dos Estados Unidos.
Críticos do plano de realocar a parte submarina do oleoduto e gasoduto em um novo túnel de US$ 500 milhões disseram que elementos críticos do plano de construção na proposta foram obscurecidos da vista do público como “confidenciais de negócios”, e eles esperam que surjam ainda mais problemas, à medida que os lances de construção chegam, principalmente no lançamento dos dutos em ambientes confinados, caso a empresa construtora não usar a tecnologia brasileira, já consagrada internacionalmente. Isso porque houve a apresentação de um projeto híbrido, usando um método com parte da tecnologia da Liderroll, o que contraria a lei de patentes nos Estados Unidos e no Canadá. O sistema apresentado quase inviabiliza, inclusive, as inspeções e manutenção do oleoduto depois de concluído.
Funcionários da empresa disseram que montaram uma equipe para construir o túnel planejado e pretendem levar o projeto adiante, já tendo investido US$ 100 milhões no empreendimento. O porta-voz da companhia canadense, Ryan Duffy, disse que a Enbridge continua intensamente focada na obtenção das licenças necessárias para construir o projeto. “Enquanto fazemos isso, a Enbridge está comprometida com a operação sustentada e segura da Linha 5 e demonstrou esse compromisso com nossas medidas de segurança aprimoradas no Estreito, que incluem monitoramento 24 horas por dia, 7 dias por semana do tráfego de navios. Colocar o oleoduto em um novo túnel dos Grandes Lagos fornecerá camadas extras de segurança e proteção ambiental, tornando um oleoduto seguro ainda mais seguro, ao mesmo tempo em que cria empregos em Michigan e protege os consumidores de energia em Michigan e na região em que dependem todos os dias para viver suas vidas e alimentar a economia”, afirmou.
A conclusão do túnel não é esperada até 2028, quatro anos após o planejado inicialmente. A aprovação do plano de construção do túnel veio no mesmo dia em que um grupo de defesa ambiental sediado no Canadá divulgou um relatório que dizia que alternativas menos prejudiciais estão disponíveis para transportar petroquímicos entre os campos de petróleo de Alberta e as refinarias em Sarnia, Ontário – opções que não colocar as águas dos Grandes Lagos em risco de derramamento de óleo da mesma forma que a Linha 5 faz.
A Environmental Defense Canada divulgou um relatório de 52 páginas que dizia que o fechamento da Linha 5 levaria apenas a aumentos modestos nos preços da gasolina e do diesel em Ontário e Quebec. O relatório também afirma que, dados os riscos potenciais para os recursos de água potável em ambos os lados da fronteira internacional, o Canadá deveria reconsiderar gastar seu capital político apoiando a companhia petrolífera.
Para lembrar, uma seção de sete quilômetros do oleoduto da Linha 5 atravessa o leito do lago dos Grandes Lagos de Michigan, no Estreito, a oeste da Ponte Mackinac. A governadora de Michigan, Gretchen Whitmer (foto à esquerda), revogou a servidão concedida em 1953 que permitia a construção da seção do oleoduto submarino e exigiu que ela fosse fechada no ano passado. Em vez disso, a empresa processou o estado e vice-versa. Dois casos arquivados independentemente por Whitmer e pelo procurador-geral de Michigan, Dana Nessel (foto acima, à direita), tentaram forçar a Enbridge a fechar a Linha 5. O caso de Whitmer foi removido para o tribunal federal e depois arquivado, enquanto o de Nessel permanece pendente de uma decisão sobre se permanecerá no tribunal estadual ou também irá para a jurisdição federal.
Enquanto isso, Enbridge já recebeu licenças para construir o túnel do Departamento de Meio Ambiente, Grandes Lagos e Energia de Michigan. Mas esta licença de nada vai valer se não tiver uma posição positiva e as licenças da Comissão de Serviço Público de Michigan e do Corpo de Engenheiros do Exército dos Estados Unidos. Espera-se que os impactos para o clima da construção do túnel sejam considerados pelos reguladores estaduais e federais.
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