PROJETO SOBRE INTEGRIDADE DE RESERVATÓRIOS É FINALISTA EM PRÊMIO DE INOVAÇÃO DA ANP

Por Bruno Viggiano (bruno@petronoticias.com.br) –

SERGIO FONTOURAHá mais de 35 anos como professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), o professor Sérgio Fontoura, do Departamento de Engenharia Civil do Centro Técnico Científico (CTC/PUC-Rio), coordenou ao longo dos últimos seis anos um projeto para analisar os efeitos da produção de petróleo nas rochas que envolvem o reservatório. Tanto tempo dedicado ao projeto rendeu uma vaga na final do Prêmio da Agência Nacional do Petróleo (ANP) de Inovação Tecnológica 2015, na categoria Inovação Tecnológica desenvolvida no Brasil por instituições de ciência e tecnologia (ICT). O equipamento concorreu com outros 42 projetos, dos quais outros dois avançaram para a grande final. A conquista para a PUC é ainda maior nesse ano, já que, dos três finalistas, dois são da universidade. Ambos os projetos foram desenvolvidos em parceria com o Centro de Pesquisas e Desenvolvimento Leopoldo Américo Miguez de Mello (Cenpes), da Petrobrás. Nos próximos anos, o Grupo de Tecnologia e Engenharia de Petróleo, coordenado por Sérgio Fontoura, terá ainda mais chances de levar o prêmio. Nesse mês, a PUC inaugurou dois novos laboratórios, em parceria com a Chevron, com as mais avançadas tecnologias do país.

No que consiste o projeto?

O projeto desenvolveu uma metodologia para analisar os efeitos da produção de petróleo nas rochas que envolvem o reservatório. De um modo geral, pode-se esperar que, ao retirar petróleo, as rochas do lado se acomodem a essa retirada, produzindo movimentos. Esses movimentos são de várias ordens de grandeza, podendo atingir a superfície, afetar a integridade de poços existentes e colocar sob risco a integridade do reservatório. Em um caso extremo, o óleo pode acabar escapando por conta dessa falha geológica, mobilizada durante a exploração. O sistema que desenvolvemos é para resolver e responder a essas questões. Este sistema possui uma característica especial, que é trabalhar com programas independentes. Nós podemos unir resultados de programas que simulam o fluxo com outros que simulam questões de deslocamento, integrando em um resultado único, da maneira que foi patenteado. Este é um diferencial grande para o quesito Inovação no projeto. Outro ponto de inovação é a utilização de GPU (Graphics Processing Unit, ou Unidade de Processamento Gráfico). Foram utilizadas placas potentes para resolver problemas científicos. Normalmente, são utilizadas CPUs. Com a utilização desta placa, nós recebemos o rótulo de Centro de Pesquisa da Nvidia (empresa de peças de computador, popular por sua série de placas de vídeo GeForce).

Há quanto tempo vem sendo desenvolvido esse projeto?

Esta é a fase dois do projeto e estamos nela há quase quatro anos e meio. A primeira fase durou menos, cerca de dois anos.

Como é a relação com a Petrobrás no projeto?

Nós temos um termo de cooperação com o Centro de Pesquisas e Desenvolvimento Leopoldo Américo Miguez de Mello (Cenpes). Através dele, nós podemos utilizar os royalties vindos da cláusula de PD&I. Cabe à Petrobrás coordenar tecnicamente o projeto, já que é a agência financiadora. Todo o desenvolvimento é feito na universidade, mas em comum entendimento com o Cenpes. Os testes foram sugeridos pelo Cenpes e feitos em pequena escala. O próximo passo é ir para campos reais.  

Qual a maior vantagem da utilização deste equipamento?

O custo do hardware é baixo frente ao que é possível encontrar no mercado, ficando entre R$ 30 mil e R$ 40 mil. Em termos de processamento, ele é o equivalente a um cluster de CPUs muito mais caro.

Qual a importância dos novos laboratórios, inaugurados neste mês, para as pesquisas da PUC-Rio?

Esses novos laboratórios contam com equipamentos de ponta, praticamente não existentes no país. Eles poderão nos ajudar no estudo das rochas sob condições especiais, como altas pressões e altas temperaturas, por exemplo. Esses nossos novos equipamentos vão contribuir muito para o avanço do conhecimento na exploração do pré-sal. O trabalho será feito junto às empresas que operam no local, principalmente a Petrobrás. Contamos agora com um aparelho para ensaios triaxiais – que permite fazer ensaios de compressão em amostras de rocha sob condições de elevadas pressões e temperatura – o único disponível em universidades no país. Tem de ser levado em consideração, também, o aspecto de pesquisa e formador de recursos humanos, onde o aluno já se acostuma a conviver com um laboratório bem montado e os aparelhos contidos nele.

Como é competir com colegas de laboratório?

Fico realmente muito feliz. É muito importante para o nome da universidade dois projetos estarem na final do Prêmio ANP de Inovação Tecnológica 2015. Não vejo como uma competição entre nossos projetos. Já considero como uma vitória ficar entre os três melhores em um universo de 43 projetos. Como professor da casa, me sinto muito orgulhoso de estar na final com um colega. Ganhar ou não, cabe ao destino.

Além da Petrobrás e da Chevron, que outras companhias têm convênios com a PUC-Rio?

A PUC-Rio conta com convênios com empresas como a Statoil, BG, Repsol e outras. Com o Grupo de Tecnologia e Engenharia de Petróleo, grupo que coordeno, temos acordos com a Petrobrás e a Chevron.

Além do projeto finalista, que outro projeto foi desenvolvido recentemente?

Realizamos um projeto para a Baker Hughes de otimização de perfuração em carbonatos. O projeto pretendia estudar modos de otimizar a perfuração através de ensaios de laboratório e modelagem computacional. O centro de pesquisas da Baker Hughes no Rio de Janeiro liderou este trabalho, junto ao centro americano.

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