ESPECIALISTAS ENXERGAM GRANDE POTENCIAL DE CRESCIMENTO DA MEDICINA NUCLEAR NO BRASIL

Por Davi de Souza (davi@petronoticias.com.br) –

Captura de Tela (130)O Brasil é uma terra fértil para que a medicina nuclear experimente um crescimento considerável, apesar dos desafios que a especialidade ainda terá de enfrentar no país. A opinião é de especialistas que participaram de um webinar nesta semana promovido pela Associação Brasileira para Desenvolvimento das Atividades Nucleares (Abdan), em parceria com o Sebrae. O evento reuniu mais de 90 pessoas para discutir como destravar o segmento e levar os benefícios da medicina nuclear de forma mais homogênea pelo território brasileiro. O professor titular da especialidade na Universidade de São Paulo (USP), Dr. Carlos Buchpiguel, foi um dos palestrantes do evento e trouxe sua visão otimista sobre o que poderá acontecer daqui em diante.

O Brasil tem um potencial gigantesco de crescimento. Claro que existem alguns desafios, mas é um mercado extremamente atrativo para crescer. Eu diria que isso traz uma expectativa muito entusiasmante para quem faz a especialidade e para as sociedades médicas também que atuam em diferentes desafios de doenças”, avaliou Buchpiguel, que é diretor da divisão de Medicina Nuclear do Hospital das Clínicas da USP.

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Carlos Buchpiguel

O especialista usou o exemplo do número de PETs, equipamentos usados para fazer diagnósticos de alta precisão. Apesar do crescimento constante da utilização da tecnologia no Brasil nos últimos tempos, o país conta com aproximadamente 0,7 equipamento por milhão de habitantes. Segundo Buchpiguel, o ideal seria ter 2,5 PETs por milhão de habitantes. “Nós temos uma oportunidade de crescimento para atender todo o território nacional, em um país com dimensão continental, de uma forma bastante significativa. Há uma concentração grande no Sudeste do país. Mas temos uma oportunidade de crescimento em todo o Brasil no número de equipamento por milhão de habitantes”, projetou.

Além da concentração da tecnologia e dos serviços de medicina nuclear no Sudeste do Brasil, Buchpiguel ressaltou também que existe uma porta para democratizar o acesso da especialidade pelos usuários do sistema público de saúde. O pesquisador trouxe dados que apontam que 150 milhões de usuários recorrem ao Sistema Único de Saúde (SUS), enquanto 51 milhões utilizam a saúde suplementar. No entanto, apesar de ter menos usuários, a rede privada concentra a maior parte dos procedimentos de medicina nuclear.

Vamos pegar um exemplo da cintilografia de perfusão miocárdica [exame para estudo da irrigação de sangue no tecido do coração]. A grande maioria ocorre na saúde suplementar. E o potencial de utilização no SUS é gigantesco. Então, esse número deveria ser invertido”, afirmou. “Claro que existem desafios, como a política nacional de saúde e quantidade do PIB que é revertido para a área de saúde. Se isso se inverter, o mercado de medicina nuclear triplica no mínimo. Mas não temos isso ainda no país por causa de alguns desafios que precisam ser sanados”, concluiu.

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Roberto Cury

Os impactos da pandemia na medicina nuclear também foram citados durante o webinar. O assunto foi abordado pelo diretor de imagem da empresa DASA/SP, Dr. Roberto Cury. A companhia atua no ramo de medicina diagnóstica na América Latina. “Obviamente que a pandemia teve um impacto gigantesco em todos os setores no mundo. Na saúde, não foi diferente. A medicina nuclear está sofrendo um pouco mais para essa recuperação da parte de cintilografia. A medicina nuclear ainda está dependendo de serviço entre 20% a 30% abaixo”, disse. “E temos um ponto de preocupação para a ergometria. É escassa a mão de obra para esse exame para termos a capilaridade necessária que os serviços de medicina nuclear querem dentro desse projeto de expansão, da cobertura e da capilaridade”, completou.

celso cunhaAo final do evento, o presidente da Abdan, Celso Cunha, agradeceu a participação de todos no evento. Este foi o sexto webinar realizado dentro de uma série de encontros virtuais em preparação para a Nuclear Trade and Technology Exchange (NT2E) – evento previsto para abril de 2021. Cunha também antecipou que a Abdan organizará um novo webinar sobre medicina nuclear no próximo mês.

 

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