EX-PRESIDENTE DA ANDRADE GUTIERREZ AFIRMA QUE MINISTRO DO TCU E GIM ARGELLO PEDIRAM R$ 30 MILHÕES EM PROPINAS

O momento é de turbulências em Brasília e uma nova revelação faz tremer ainda mais o chão da capital. Em sua delação premiada, o ex-presidente da Andrade Gutierrez, Otávio Marques Azevedo (foto), afirmou que o ex-senador do PMDB e atual ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) Vital do Rêgo pediu R$ 30 milhões em propinas para blindar empreiteiros na CPMI da Petrobrás. O esquema, operado em conjunto com o ex-senador Gim Argello, do PTB, teria como objetivo movimentar repasses em forma de doações eleitorais a um grupo de políticos.

Segundo reportagem do Estadão, Azevedo confirmou ter participado de encontros em sua residência e no gabinete do peemedebista, no Senado, para negociar sua blindagem na comissão parlamentar. O pagamento seria feito para que ele e outros executivos mirados pela Operação Lava-Jato não fossem convocados a depor. À época, Vital do Rêgo ocupava a presidência da CPMI, tendo Argello como vice.

O depoimento do ex-presidente da Andrade Gutierrez foi anexado à ação penal do juiz Sérgio Moro, onde Argello e empreiteiros atuantes no cartel da Petrobrás são acusados por crimes de corrupção. Denunciado em abril pelo Ministério Público Federal (MPF), o ex-senador atualmente está preso em Curitiba e é réu na Justiça por sua participação em esquemas de propina. Segundo investigadores, há indícios de que Argello pediu R$ 5 milhões em propina à UTC Engenharia e outros R$ 350 mil à OAS em troca de benefícios.

De acordo com Azevedo, Argello atuou como principal interlocutor das conversas, embora Vital do Rêgo tenha participado das reuniões. O objetivo apresentado pelo grupo seria “não prejudicar as empreiteiras”, e teria envolvido também o executivo da Andrade Gustavo Barreto, que esteve presente nas conversas com os senadores.

Em nota, o ministro Vital do Rêgo nega as acusações e critica o vazamento de informações seletivas na delação. “Jamais pratiquei qualquer ato que, de longe, pudesse se ultrapassar as fronteiras da ética, muito menos posso admitir qualquer ilação, por genérica ou remota que seja, de que possa ter praticado alguma ilicitude”.