FMC TECHNOLOGIES AJUSTA CAPACIDADE À DEMANDA BRASILEIRA E BUSCA OPORTUNIDADES PARA EXPORTAR EQUIPAMENTOS

Por Daniel Fraiha (daniel@petronoticias.com.br) – 

José Mauro, FMC TechnologiesA crise brasileira está afetando toda a cadeia de óleo e gás, inclusive grandes empresas internacionais do setor, como a FMC Technologies, mas a busca por novas estratégias de atuação no mercado interno tem sido constante. Consciente do cenário menos favorável do que nos últimos anos, a companhia vem adequando sua capacidade à nova realidade nacional, tentando “preservar ao máximo a engenharia construída aqui”, conta o diretor comercial da FMC Technologies no Brasil, José Mauro Ferreira, que diz ter recebido bem algumas medidas tomadas recentemente no País. Para o executivo, as mudanças anunciadas pelo Governo e pela ANP em relação ao conteúdo local podem ajudar a indústria subsea a se recuperar da queda na demanda, com a venda de equipamentos para operadoras estrangeiras interessadas em ganhar créditos de conteúdo local. Na expectativa de Ferreira, esse movimento pode levá-las a assinar contratos de fornecimento inclusive para projetos no exterior, impulsionando a exportação de produtos fabricados nacionalmente. “Isso pode ser um processo mais rápido do que a recuperação da demanda da Petrobrás ou até que o desenvolvimento de outros campos aqui”, afirma. O diretor acredita ainda que a cláusula de Pesquisa e Desenvolvimento da ANP, que destina 1% da receita bruta de campos com grandes produções para atividades dessa natureza, pode passar por algumas mudanças, de modo a incentivar também uma participação maior das grandes fornecedores neste processo, integrando os projetos da academia com outros elos da indústria. Essa situação do petróleo hoje, com a queda no preço do barril, demanda soluções de baixo custo para viabilizar a produção. Esses recursos de pesquisa e desenvolvimento poderiam ajudar na busca de soluções como essas”, diz.

Como está vendo o momento do mercado brasileiro?

O que foi bastante interessante recentemente foi o anúncio da ANP sobre as mudanças nas regras de conteúdo local. Pelo que entendi, será criado um tipo de incentivo e bonificação para as operadoras. Isso cria um efeito muito positivo, porque o mercado se preparou bastante para atender à Petrobrás e à demanda das outras operadoras, mas, com a redução dos investimentos, toda essa capacidade, principalmente da indústria submarina, vai ficar bastante ociosa. Então surge a preocupação de como se preserva toda essa competência que foi gerada nesses últimos 10 anos, para algumas empresas, e 30 anos no caso da FMC, que vem desenvolvendo competências há bastante tempo.

A FMC tem dialogado com a Petrobrás sobre essa situação?

A Petrobrás não é a questão. Ela está passando por uma situação que vai demandar decisões importantes para o negócio dela, mas a nossa preocupação é sobre como que essa reprogramação que ela será obrigada a fazer poderá ser compensada por outras empresas. Ou então com motivações, como essa mudança do conteúdo local, que levem outras empresas a virem comprar no País. Então essa mudança pode gerar uma forma de preservar a capacidade que foi gerada e ajudar a indústria a passar por esse período atual.

Qual o planejamento da FMC para esses próximos anos no Brasil?

Estamos ajustando a nossa capacidade à demanda do mercado. Dentro do possível, vamos preservar ao máximo a engenharia que foi construída aqui. A nossa expectativa é que, com essa mudança do conteúdo local, as empresas estrangeiras se motivem a vir buscar equipamentos no Brasil até para a utilização e projetos fora do país. Isso pode ser um processo mais rápido do que a recuperação da demanda da Petrobrás ou até que o desenvolvimento de outros campos aqui.

No ano passado, o senhor falou que já tinham exportado, pontualmente, alguns equipamentos produzidos aqui. Como essa situação avançou de lá para cá?

A gente não está exportando produtos daqui. Hoje temos a nossa capacidade dedicada para o mercado brasileiro. Mas agora surge essa oportunidade, a partir dessa medida que vá gerar créditos de conteúdo local para o operador estrangeiro que compre aqui, de levar a indústria brasileira a exportar equipamentos.

Mas a FMC já tinha vendido algumas unidades daqui para o Caribe, não?

No passado, nós fornecemos sistemas submarinos para a BG em Trinidad e Tobago. Foi o primeiro sistema submarino do Caribe. Já exportamos para lá e não temos problemas de competitividade. Mas, por uma questão estratégica e logística, a nossa capacidade hoje está montada para atender à demanda do mercado brasileiro. Agora, com essa situação que o país está passando, as medidas que o governo está tomando podem favorecer a manutenção da capacidade que a indústria brasileira construiu. Estou falando isso em relação ao segmento subsea. Não tenho como comentar sobre os outros.

Além dessas mudanças em relação ao conteúdo local, que outras medidas poderiam fomentar mais a atividade da indústria brasileira nesse momento?

A lei que destina 1% da renda de grandes campos produtores para pesquisa e desenvolvimento hoje está muito focada nas universidades e na academia. Poderia ser criado algum tipo de regulamento para que esses investimentos pudessem ser direcionados também para as grandes empresas, que efetivamente podem desenvolver soluções, em conjunto com a academia e com as pequenas e médias empresas. Porque, com o direcionamento apenas para as pequenas e médias empresas, perde-se o link com os problemas dos operadores. Essa situação do petróleo hoje, com a queda no preço do barril, demanda soluções de baixo custo para viabilizar a produção. Esses recursos de pesquisa e desenvolvimento poderiam ajudar na busca de soluções como essas.

A FMC se destacou há alguns anos com o desenvolvimento do separador submarino. Estão com novos projetos no Centro Tecnológico do Fundão que possa citar?

Nós estamos com projetos em desenvolvimento internamente, não apenas para aumento de produtividade interna, mas também esperando que os operadores invistam em projetos para processamento submarino. Temos essa competência, desenvolvemos com Marlim, e hoje acreditamos que podemos oferecer ao mercado projetos que executam o mesmo tipo de funcionalidade, com um custo menor ainda.

Outras empresas demonstraram interesse em negociar equipamentos como o separador utilizado me Marlim?

Não tem outras negociações neste sentido. Não tem outros projetos. Inclusive debatemos isso na OTC Brasil, mês passado, para tentar entender o porquê disso; Por que os equipamentos não têm sido tão aproveitados pelos operadores, se a indústria atingiu certa maturidade em tecnologia de separação e bombeio? A gente, do lado da indústria, está preparado para fornecer a solução.

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