FORMIGLI, DE LUCA E CAMARGO DISCUTEM COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA NACIONAL NA OTC BRASIL
No que era para ser o estande da Petrobrás na Offshore Technology Conference (OTC) Brasil, um palco. Nele, o atual presidente do Instituto Brasileiro do Petróleo (IBP), Jorge Camargo, seu antecessor e atual presidente do conselho do Instituto, João Carlos de Luca, e o ex-diretor de Exploração e Produção da Petrobrás José Formigli Filho. A pauta: “Caminhos para uma indústria competitiva”.
O tom do bate papo parecia um reencontro de velhos amigos, todos com anos de experiência na indústria de óleo e gás e gabaritados para discutir os rumos do segmento. A palavra de ordem é competitividade e, segundo De Luca, é possível enxergar um esforço conjunto para aumentá-la. Para isso, são necessários alguns ajustes, como a questão da política de conteúdo local. Mudanças nessa política podem impactar diretamente no desenvolvimento de novos negócios e na retomada de outros que estão em compasso de espera.
Formigli destacou a busca por sustentabilidade na geração de conhecimento para a indústria de óleo e gás. De acordo com ele, novos patamares vêm sendo alcançados, como o pré-sal e a exploração de gás de xisto nos Estados Unidos. Desafios como esses têm se mostrado eficientes mesmo em um momento de baixa do setor, com barril de petróleo negociado abaixo de US$ 50, valor bastante aquém do praticado pouco mais de um ano atrás.
Camargo foi ainda mais incisivo durante sua fala, afirmando que o Brasil ainda não é um país competitivo dentro da disputa entre países de todo o mundo pelos investimentos do setor de petróleo e gás. Para comprovar seu ponto, o presidente do IBP disse que um valor entre US$ 20 bilhões e U$ 25 bilhões será destinado ao Brasil, em um universo de US$ 600 bilhões a US$ 700 bilhões distribuidos em todo o globo.
Essa baixa competitividade atual é fruto de escolhas feitas por empresas, governo e agentes do setor, de acordo com o executivo. Uma mudança no cenário, no entanto, já passa a ser percebida por ele. E essas mudanças não precisam ser tão grandes como o estabelecimento do monopólio com Getúlio Vargas ou o fim dele com Fernando Henrique Cardoso, conforme dito por Camargo, sendo necessários ajustes, exatamente como dito por De Luca no início do evento.
A sintonia dos três e convergência de ideias ficou bem clara durante os quase 30 minutos de debate. A mensagem passada por eles foi bastante clara: para um Brasil mais competitivo é preciso uma série de mudanças, desde culturais da indústria até regulatórias, mas o otimismo e esperança dos representantes do setor ficou clara para os que estavam presentes.
Ao fim do debate, Camargo disse ainda não saber quais mudanças serão implementadas na política de conteúdo local. Na abertura da OTC, na manhã desta terça-feira (27), a diretora-geral da Agência Nacional do Petróleo (ANP), Magda Chambriard, anunciou que um decreto já está sendo preparado para flexibilizar as regras de conteúdo local no setor de petróleo. “Nós não vimos ainda o teor desse decreto, mas eu acho muito positivo um dos temas da nossa pauta estar sendo levado adiante, no sentido de tornar a indústria ainda mais atraente para investimentos. Nós estamos muito ansiosos para saber quais foram essas mudanças”, declarou.
“Eu vejo um movimento de mudança, de aperfeiçoamentos em função desse novo cenário que se estabaleceu. O setor de óleo e gás é muito grande, por isso há uma certa inércia até que todos os agentes se deem conta de que mudanças são necessárias, mas estou sentindo uma convergência de opiniões em direção a uma agenda de mudanças favorável para a indústria”, concluiu Camargo.
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