CENÁRIO DE CRISE GERA DEMANDA DE NOVOS INVESTIMENTOS TECNOLÓGICOS NO MERCADO OFFSHORE

Por Luigi Mazza (luigi@petronoticias.com.br) –

peter richardsEmbora árduas, as atuais dificuldades financeiras do setor de petróleo podem funcionar como um impulso necessário para o desenvolvimento tecnológico da indústria. Com o foco na redução de custos, empresas de toda a cadeia produtiva enxergam hoje a necessidade de aprimorar a eficiência em suas operações, o que tem levado a investimentos estáveis em inovação no setor offshore mundial. É o que afirma o diretor de óleo e gás da Lloyd’s Register, Peter Richards, para quem o cenário ruim pode ser visto também com uma perspectiva otimista para o futuro. A empresa de consultoria marca presença na OTC Brasil 2015, onde está apresentando a executivos uma nova pesquisa de mercado que revela tendências para os próximos anos. O projeto foi realizado junto a mais de 450 empresários de todo o mundo e teve seu lançamento oficial no Rio de Janeiro, onde a companhia atua com grandes nomes como Petrobrás, BG e FMC. Em todo o país, são mais de 300 parceiros. Embora a crise e o baixo preço do barril de petróleo devam continuar atingindo a indústria ainda por longos meses, a tendência é de que aos poucos a movimentação de investimentos volte ao normal, com uma retomada na confiança de empresas do setor. Segundo Richards, este é o momento para as companhias apostarem na inovação e, principalmente, focarem na concretização de novos projetos. “É possível que olhemos para o cenário de uma nova maneira. O momento é muito bom para inovação porque tem forçado as empresas a operarem de maneiras diferentes“, afirma o executivo.

O que a Lloyd’s Register está trazendo à OTC?

Nós estamos lançando uma pesquisa sobre tecnologia na indústria, e estamos apresentando isso. Nesse projeto, nós trabalhamos com mais de 450 executivos em todo o mundo, buscando suas perspectivas acerca de tecnologia e inovação. Também fizemos recentemente um encontro com clientes, no Centro do Rio, para debater os desafios que a indústria está enfrentando hoje e como o baixo preço do barril de petróleo tem direcionado essa busca por inovação.

Quais clientes estiveram no debate?

Os clientes são de diversas áreas. Empresas como Petrobrás, Rolls Royce, BG, Odebrecht e FMC. O que nós estamos vendo é que, com o preço baixo do barril, existe uma necessidade crescente de aumentar a eficiência no setor. Estamos com foco nisso, e o primeiro lugar em que lançamos essa pesquisa foi o Rio de Janeiro. É muito importante para nós termos lançado isso no Brasil. Na próxima semana iremos nos reunir com clientes em Londres, e depois no Oriente Médio.

Como as empresas enxergam essa mudança?

Muito positivamente. Nós vemos cada vez mais pessoas tendo interesse nessa área, porque a tecnologia inovadora é um das chaves para ajudar na transformação da indústria. Nós vimos uma verdadeira mudança no olhar para a inovação e em como isso pode ampliar a eficiência com um retorno muito bom.

Esse mercado tem crescido muito no Brasil?

Acho que o Brasil tem um histórico muito forte em inovação. A tecnologia que a Petrobrás vem desenvolvendo em águas ultraprofundas é líder em todo o mundo. Há desafios no mercado brasileiro sob um ponto de vista político e econômico, mas aqui existe um grande apetite na busca por inovação e desenvolvimento de tecnologias. Sob essa perspectiva, as respostas à nossa pesquisa têm sido muito positivas. Este é o segundo ano em que fazemos isso, e quase dobramos o número de executivos em relação à primeira vez, quando trabalhamos com 250 profissionais.

Alguma área apresenta hoje um maior destaque?

O que tem nos direcionado muito é a redução de custos, porque o mercado está muito sensível em relação a isso. Com a nossa pesquisa, percebemos que a inovação é um dos caminhos para conseguir isso. Na pesquisa, vemos que 46% dos entrevistados afirmam que o grande foco atualmente é a eficiência operacional. Então é possível que olhemos para o cenário de uma nova maneira. O momento é muito bom para inovação porque tem forçado as empresas a operarem de maneiras diferentes.

A pesquisa traz sugestões às empresas?

O fator principal que a pesquisa mostra é a importância do lançamento de tecnologias no mercado. Em nossa pesquisa, 67% dos executivos disseram enxergar isso como a dificuldade central. Debatendo nesta semana com nossos clientes, nós observamos que o nível de inovação praticado hoje pode ser medido pela quantidade de pesquisas que estão sendo lançadas na indústria. Há muitos projetos, mas o verdadeiro problema é a utilização deles. Nós estamos buscando mostrar que é fundamental traduzir os trabalhos acadêmicos em produtos físicos. Este é o maior desafio que a indústria enfrenta no momento: trazer a inovação ao mercado em um tempo reduzido.

Qual é o maior desafio para alcançar isso no Brasil?

O maior desafio no momento é saber onde estão as oportunidades. O país tem recursos fantásticos em sua área offshore, e a recuperação de reservas em campos maduros é hoje um ponto muito importante. Outro desafio que temos visto é a formação de novos profissionais no mercado. É importante garantir que o momento ruim não afaste as pessoas da indústria. A entrada dos jovens é um fator crítico, e é fundamental que as empresas se movimentem no sentido de continuar atraindo profissionais.

A Lloyd’s Register trabalha com quantos clientes no país?

Trabalhamos com mais de 300 empresas. Atuamos de forma muito proliferada nos mercados de certificação, energia e outros. Já trabalhamos com mais de 200 serviços no setor energético, entre análises de risco, consultoria, assistência de softwares e geofísica. Estamos presentes desde os poços até o lado corporativo das companhias.

Há perspectiva de melhora no cenário para o próximo ano?

Nós elaboramos possíveis cenários com a nossa pesquisa, e vemos que o preço do barril de petróleo deve se manter baixo pelo menos nos próximos 18 meses. O preço deve ficar na faixa dos US$ 50 a US$ 70 durante esse período. O que temos visto é que no próximo ano o foco deve ser a retomada da confiança no setor. A incerteza na indústria é hoje um dos maiores desafios, e isso causa uma paralisia nos investimentos. Com uma maior confiança, as empresas podem começar a se planejar.

Como conseguir isso?

Sob a perspectiva da tecnologia, é importante garantir uma maior seguridade em novos projetos de investimento. Na pesquisa que fizemos, 33% das empresas afirmam que o maior desafio para elas é a insegurança quanto ao retorno de seus investimentos. Outro ponto importante para o mercado se tornar mais confiante é a segurança operacional. As empresas precisam saber que estão atuando de forma segura e que estão seguindo um padrão consistente.

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