ESTUDO ALERTA QUE INVESTIMENTOS DA PETROBRÁS FICARÃO EM RISCO COM O AVANÇO DA TRANSIÇÃO ENERGÉTICA

Pheller_800pUm estudo da Natural Resource Governance Institute (NRGI) divulgado nos últimos dias alertou que os investimentos das empresas petrolíferas estatais devem ser impactados à medida que a transição energética avance pelos próximos anos. Aqui no Brasil, a Petrobrás poderia sentir esse efeito entre 18% e 22% de seus investimentos (de US$ 16 bilhões a US$ 20 bilhões) durante a década, a depender dos preços do petróleo e também do compromisso dos países em alcançar as metas do Acordo de Paris.

O relatório lembra que ainda há muita incerteza sobre os preços do petróleo durante as próximas décadas. Algumas empresas estão apostando em um preço médio de US$ 60 por barril ou mais. No entanto, a NRGI indica que o mundo se afasta dos combustíveis fósseis, o que aumenta as chances dos preços caírem significativamente no longo prazo.

Segundo o estudo, um preço compatível com o cumprimento do Acordo de Paris poderia ser entre US$ 30 ou US$ 40. O NRGI alerta que as companhias estatais que não considerarem essa previsão verão alguns de seus projetos não atingindo o chamado ponto de equilíbrio.

Usando dados de mercado, o relatório estima que essas empresas poderiam investir cerca de US$ 1,9 trilhão nos próximos dez anos. Desse total, cerca de um quinto, ou US$ 400 bilhões, não resultaria em lucro se a transição energética prosseguir em linha com os atuais compromissos climáticos – fazendo com que o preço do barril no longo prazo fique em US$ 40.

No caso da Petrobrás, esse impacto atingiria entre US$ 16 bilhões e US$ 20,2 bilhões do CAPEX aplicado pela estatal brasileira em projetos que não conseguirão alcançar seu break even. “Uma enorme quantidade de investimentos estatais em projetos petrolíferos provavelmente só produzirá retornos se o consumo global de petróleo for tão alto que o mundo exceda suas metas de emissão de carbono”, declarou o coautor do relatório, Patrick Heller, em referência aos objetivos estabelecidos no Acordo de Paris.

O relatório diz que os produtores do Oriente Médio, como a Arábia Saudita, seriam menos afetados por conta de seus baixos níveis de equilíbrio de preço. Enquanto isso, os países africanos e latino-americanos seriam mais prejudicados, citando os exemplos de Pemex do México e a Sonangol de Angola, já sobrecarregadas por dívidas.

“Este gasto arriscado tem implicações importantes para o futuro econômico dos países de origem das companhias nacionais de petróleo. Empresas petrolíferas estatais em países em desenvolvimento e emergentes, incluindo Argélia, México e Nigéria, podem investir coletivamente mais de US $ 365 bilhões em tais projetos de alto custo – despesas que poderiam ajudar a aliviar a pobreza ou diversificar suas economias dependentes do petróleo”, completou Heller.

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