LOBISTA CONFIRMA REPASSE DE R$ 4 MILHÕES EM PROPINAS A EDUARDO CUNHA

cunhaA panela de pressão de Brasília ferve agora com novas denúncias. Em depoimento prestado hoje ao Conselho de Ética, o lobista Fernando Baiano confirmou ter repassado R$ 4 milhões em propinas ao presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (foto), em esquema de desvios da Petrobrás investigado pela Operação Lava-Jato. Confirmando a versão apresentada em sua delação, Baiano disse ter se encontrado com o parlamentar entre dez e vinte vezes para negociar os repasses pedidos por ele, que foram feitos a funcionários do deputado em seu escritório no Rio de Janeiro.

De acordo com Baiano, o dinheiro era proveniente de uma dívida de US$ 16 milhões que tinha para receber do lobista Júlio Camargo por negócios que intermediou junto à estatal. No esquema, Cunha ajudaria Baiano a receber o valor e ficaria então com parte dos recursos. Além dos R$ 4 milhões, o peemedebista teria acertado um repasse de R$ 7 milhões com Camargo. Em 2014, Cunha ainda tinha cerca de R$ 700 mil a receber pelo acordo, afirmou Baiano.

Inicialmente, o deputado receberia 20% do montante da dívida, mas a parcela depois subiu para 50% do valor, segundo o lobista, que afirmou ter feito negociações também na casa do parlamentar. De acordo com ele, não foram feitos pagamentos no exterior. A confirmação dos encontros pode levantar novas provas contra Cunha, que em audiência na CPI negou ter recebido visita do operador.

Em seu depoimento, Baiano afirmou que que os pagamentos eram feitos a um funcionário de Cunha, chamado Altair. Os encontros pessoais com o deputado aconteceram ainda outras duas vezes desde o início das investigações da Lava-Jato, disse Baiano, mas a operação nunca foi debatida. “Ninguém imaginava a dimensão que tomaria”, ressaltou o lobista.

Ao passo que avança o processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff, o cenário não parece ser de grandes mudanças no Congresso, que abrange políticos investigados tanto no governo quanto na oposição, liderada hoje pela figura de Cunha. Além dele, o vice-presidente Michel Temer e o presidente do Senado Renan Calheiros foram citados na Lava-Jato. Segundo o lobista Júlio Camargo, os três parlamentares eram representados por Baiano no esquema ilícito de repasses ao PMDB.

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