MAGDA CHAMBRIARD QUER VER A INDÚSTRIA DE PETRÓLEO CRIANDO SUA PRÓPRIA INFRAESTRUTURA PARA PREÇOS MAIS ACESSÍVEIS

magdaO Petronotícias desta quinta-feira (30), véspera de um ano novinho em folha, abre espaço para Magda Chambriard, uma profissional consagrada, que teve uma carreira brilhante a frente da Agência Nacional de Petróleo (ANP), deixando uma marca e um legado significativos, ainda não superados pelos profissionais que assumiram posteriormente a direção da agência. Realizou um trabalho de sensibilidade na fase mais pujante das empresas brasileiras no setor de petróleo e gás, onde o conteúdo local era cumprido e respeitado. E em função disso, proporcionou a criação de milhões de empregos em todas as cadeias de fornecimento dessas indústrias.

BACIA DE CAMPOS

BACIA DE CAMPOS

Mestre em Engenharia Química e  Engenheira Civil, Magda Chambriard se especializou em engenharia de reservatórios e avaliação de formações e posteriormente em produção de petróleo e gás, na hoje denominada Universidade Petrobrás. Iniciou sua carreira na Petrobrás, em 1980, atuando sempre na área de produção, onde acumulou conhecimentos. Foi cedida à ANP para assumir uma assessoria da diretoria de Exploração e Produção em 2002, quando atuava como consultora de negócios de E&P, na área de Novos Negócios de E&P da Petrobrás. Assumiu a Diretoria Geral da agência em 2012, tendo liderado a criação da Superintendência de Segurança e Meio Ambiente, Superintendência de Tecnologia da Informação, os trabalhos relativos aos estudos e elaboração dos contratos e editais, além dos estudos técnicos que culminaram na primeira licitação do pré-sal, e as licitações tradicionais sob regime de concessão.

Hoje, depois de ter deixado a direção da Agência Nacional de Petróleo, Magda dá aulas na Fundação Getúlio Vargas e é constantemente convidada para proferir palestras e dar consultorias técnicas para diversos segmentos da indústria do petróleo. Ela considerou este último ano como “morno” e  fez algumas sugestões para as lideranças do país: “Gostaria  de ver a indústria do petróleo PETROLEOcontribuindo mais para a construção de infraestrutura em prol do fornecimento de combustíveis a preços mais acessíveis.” Vamos ver o que ela disse para o Projeto Perspectivas 2022:

Como foi o ano de 2021 para a senhora e a suas atividades?

– Na verdade foi um ano que decorreu morno, em função da covid-19. Mas acho que merece destaque um certo otimismo moderado no primeiro semestre, que se arrefeceu no segundo semestre.

– O que sugere para o governo melhorar a nossa economia e dar mais força aos setores de petróleo, gás, energia e logística?

– No setor de petróleo, me parece importante que o governo atue em sintonia, buscando entender as especificidades do segmento. Seria bom ter em mentePETROLEO 1 a complementariedade das atuações e definir metas comuns para que um ministério não destrua o trabalho do outro. Exemplo disso é o esforço empreendido desde a 11ª rodada de licitações da ANP até a 17ª rodada, para estudar e licitar áreas na margem equatorial, buscando os excelentes resultados obtidos na Guiana, em condições similares.

No entanto, o país parece ter se assombrado com argumentações sem maiores bases técnicas, como a crença da existência de certos corais em ambientes inóspitos a eles. Como esses, há outros exemplos de políticas que se destroem simplesmente por atravessar momentos de crise, como as ocorridas no mundo: biocombustíveis vulneráveis; licenciamentos e fiscalizações demoradas; e portanto, onerosas; falta de pessoal e de conhecimento do pessoal; e falta de identificação e coordenação de projetos estruturantes que poderiam acelerar negócios.

FPSO– Quais são as suas perspectivas para 2022?

Tenho a expectativa de um ambiente ainda morno, dificultado pela incerteza quanto ao câmbio e às demais questões econômicas em ano tumultuado por eleições majoritárias. Enfim, mais do mesmo no ano que vem. Gostaria de ver um processo de licenciamento ambiental a partir de dados e informações mais divulgadas e conhecidas pela sociedade, inclusive no caso da Foz do Amazonas (foto à direita).

Gostaria de ver a indústria do petróleo contribuindo mais para a construção de infraestrutura em prol doamazonas fornecimento de combustíveis a preços mais acessíveis. Afinal, gargalo logístico é custo, e um exemplo é o caso do gás natural. Além de não termos regulamentado o acesso a infraestrutura essencial, também não as temos em quantidade suficiente para permitir a competição pelo mercado e as empresas independentes serem mais suportadas para garantir o aumento da produção da bacia de Campos. As tarifas de serviços ainda são elevadas para elas. A regulação em prol da produção incremental não se adequa as suas necessidades, se acumulam as plataformas hibernadas e as descobertas com declarações de comercialidade postergadas.

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