MODERNIZAÇÃO DE HIDRELÉTRICAS NO BRASIL AMPLIARIA EM QUASE 5 GW A CAPACIDADE DE GERAÇÃO DO PAÍS
Por Davi de Souza (davi@petronoticias.com.br) –
Depois de vários meses trabalhando em parceria, a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), o Fórum Econômico Mundial (WEF) e o Banco Inter-Americano de Desenvolvimento (BID) concluíram um trabalho que aponta para as oportunidades de investimentos em energia sustentável no Brasil. As entidades apresentaram nesta semana um documento, chamado “Mobilizando Investimentos para Energia Limpa no Brasil” (em tradução livre), que traz um resumo das principais discussões feitas pelos diversos agentes que participaram da iniciativa. Uma das principais propostas contidas no documento aponta para as vantagens da modernização do parque hidrelétrico brasileiro, que poderia ampliar a capacidade de geração de energia em quase 5 GW.
“Com muitas grandes usinas hidrelétricas brasileiras em operação há mais de 30 anos, a modernização da infraestrutura existente apresentaria vantagens como aumentar sua produção de energia (reduzindo assim a necessidade de novas fontes de geração), aumentar sua eficiência e disponibilidade, reduzir interrupções não planejadas, aumentar a segurança e capacidade de reserva, além de reduzir os impactos socioambientais negativos”, apontou o estudo. “Estima-se que a modernização da hidrelétrica resultaria em 4,7 GW de ganho de capacidade para o Brasil, bem como uma redução de 57 milhões de toneladas de CO2 por conta de projetos de modernização que desloquem usinas termelétricas a gás natural”, acrescentou.
Para destravar esse potencial, os autores do estudo argumentam que é fundamental que as políticas e as estruturas de mercado criem um ambiente propício. Entre as propostas para revisar o marco regulatório para incentivar investimentos em modernização e repotenciação hidrelétrica no Brasil, está a inclusão de usinas hidrelétricas em leilões de reserva de capacidade. Outra sugestão é a possibilidade de prorrogação do prazo de concessão em até 20 anos para amortizar o investimento em modernização. “Uma série de discussões deve ser iniciada pela EPE para que as mudanças propostas sejam refletidas e possivelmente implementadas em futuras revisões regulatórias”, revelou o estudo.
Outro assunto abordado no trabalho indica ainda a necessidade de avaliar o risco físico das mudanças climáticas (inundações, secas e chuvas extremas) para todos os ativos de geração hidrelétrica selecionados, com o objetivo de informar as iniciativas de resiliência climática em todo o país e em nível de ativos. “Uma análise completa da vulnerabilidade da infraestrutura hidrelétrica do Brasil é proposta para informar o planejamento energético nacional, orientar as iniciativas e legislação federal de resiliência climática e melhorar os esforços de construção de resiliência no nível de ativos”, detalhou o documento.
Além de abordar a questão hidrelétrica, o estudo também traz uma análise de como incentivar novos investimentos em outras fontes renováveis. Para os sistemas de geração solar distribuída, por exemplo, os autores afirmam que a popularização das melhores práticas em cada estágio da jornada de financiamento reduz os custos transacionais para os financiadores, ao mesmo tempo em que melhora a acessibilidade para desenvolvedores e compradores residenciais ou comerciais.
Por fim, o trabalho sugere também que seja criada uma plataforma aceleradora para produtores independentes de energia (IPPs) existentes (pós-leilão) para encontrar desenvolvedores, suporte técnico, de marketing e financeiro para integrar renováveis e criar modelos de geração híbrida em sistemas isolados. “A criação da Aceleradora de Sistemas Isolados será perseguida pela EPE com o objetivo de chegar a um projeto piloto até 2023. A aceleradora deverá incentivar o desenho de linhas de crédito específicas para projetos renováveis em Sistemas Isolados”, finalizou.
Deixe seu comentário