NORTE DO RIO CELEBRA INÍCIO DA SAFRA DE CANA E SE PREPARA PARA CRESCIMENTO EXPRESSIVO DO SETOR SUCROALCOOLEIRO
O Petronotícias abre o noticiário desta sexta-feira registrando um momento especial para a economia da região de Campos dos Goytacazes. Expressão máxima da indústria da cana no século XIX, o município viu a atividade perder força ao longo dos anos. No entanto, um movimento empresarial recente liderado pela MPE Participações em Agronegócios, em parceria com a Cooperativa Agroindustrial do Estado do Rio de Janeiro (Coagro), tem dado um sopro de frescor para o setor. Os números comprovam o renascimento da atividade sucroalcooleira na região. Para a nova safra, o grupo empresarial espera alcançar 1,2 milhão de toneladas de moagem. Dada a importância do momento, o início da safra foi celebrado em uma missa com mais de mil pessoas, incluindo a presença do governador do Rio, Cláudio Castro. Para falar mais sobre o reaquecimento da indústria da cana no Norte do Rio, conversaremos com o presidente da MPE Participações em Agronegócios, Renato Abreu. Atualmente, o grupo empresarial conta com uma usina em atividade (Sapucaia). Para o próximo ano, o objetivo é colocar em operação uma segunda unidade (Paraíso). “Para o médio prazo, daqui a dois anos, esperamos moer 1,7 milhão de toneladas em Sapucaia e outras 800 mil toneladas em Paraíso”, contou. O empresário disse que o setor sucroalcooleiro tem criado uma expectativa muito positiva na cidade, por conta da geração de novos postos de trabalho. “Levando em conta as atividades na indústria e na lavoura, estamos falando de 4 mil empregos. E, para o ano que vem, devemos agregar mais 2 mil empregos somente na usina Paraíso”, afirmou.
O senhor poderia começar nossa entrevista relembrando aos nossos leitores como começou esse movimento de renascimento da indústria sucroalcooleira no estado do Rio?
Em junho de 2013, um grupo de empresários coordenado por nós comprou a Usina Sapucaia, no município de Campos dos Goytacazes. A partir de então, começamos a reformar a planta, porque estava parada há alguns anos. A reforma da usina durou dois anos. Estabelecemos uma parceria com a Coagro para operar a usina Sapucaia e a primeira moagem de cana aconteceu na safra 2015/2016.
Naquele momento, a região como um todo estava produzindo apenas 1,2 milhão de toneladas de cana. Foi aí então que esse grupo empresarial começou a plantar e, ao mesmo tempo, passou também a incentivar os pequenos produtores. Como resultado, hoje a produção de toda a região já está passando de 2,5 milhões de toneladas.
Quais serão os próximos passos do grupo empresarial liderado pela MPE Participações em Agronegócios?
Estamos reformando uma segunda usina, chamada Paraíso. O grupo arrendou essa planta em 2019 por um período de 20 anos. Atualmente, estamos fazendo um investimento de mais de R$ 45 milhões para reformar a usina. Já investimos quase metade desses recursos na reforma de Paraíso. O nosso objetivo é iniciar a moagem de cana no próximo ano. Dessa forma, teremos uma usina do lado esquerdo do Rio Paraíba do Sul (Sapucaia) e outra do lado direito (Paraíso). Isso vai trazer ganhos logísticos, evitando, por exemplo, deslocamentos de caminhões para o transporte de cana.
A usina de Sapucaia tem capacidade de moagem de até 2 milhões de toneladas, enquanto que Paraíso pode moer até 1 milhão de toneladas. Ambas as unidades produzem tanto etanol quanto açúcar.
Qual será a estratégia do grupo para ampliar a moagem nessas duas usinas?
O objetivo é ampliar o plantio de cana na região. Para tal, arrendamos as terras do grupo Othon e plantamos 6.500 hectares. Ao todo, levando em consideração o grupo empresarial liderado por nós e nossos parceiros, contamos com 18.000 hectares de cana plantada, tanto em terras próprias quanto em áreas arrendadas. Podemos dizer, de fato, que esse é o renascimento do negócio sucroalcooleiro do estado do Rio de Janeiro.
Com o atual patamar de preço do petróleo, o etanol acompanha esse movimento e também está em um bom preço. A atividade tem sido rentável para os pequenos produtores. Hoje, a Coagro tem 4 mil pequenos produtores que fornecem cana para nosso grupo. Metade da cana moída por nós vem dos pequenos produtores, enquanto a outra metade é de produção própria.
Quais são as suas perspectivas para a atividade sucroalcooleira no país? Pode apontar também alguns dos desafios do setor?
Vivemos atualmente um momento bastante propício para a atividade no Brasil, especialmente na nossa região de Campos. Mas temos alguns desafios. Um deles é que ainda precisamos melhorar a tecnologia para que a nossa produção seja, pelo menos, igual a de São Paulo. A nossa média por hectare é maior do que a do Nordeste, mas ainda é menor do que a de São Paulo. Então, temos que aprimorar a tecnologia, com adubagem, irrigação etc.
No geral, estamos muito satisfeitos com a operação. A última safra foi muito boa e esperamos que a desse ano seja tão boa quanto. Estamos com uma parceria muito produtiva com a Coagro. Nosso relacionamento é excelente com o Frederico Paes, que é o presidente da Coagro; e o Paulo Bastos, que é o diretor financeiro. Tivemos muitos desafios nas primeiras safras, mas agora estamos deslanchando. Estamos partindo para a sétima safra, consolidando a recuperação do setor sucroalcooleiro na região e no Estado do Rio de Janeiro.
Como a cidade de Campos e região têm reagido a esse reaquecimento no setor sucroalcooleiro?
Existe uma empolgação muito grande. Levando em conta as atividades na indústria e na lavoura, estamos falando de 4 mil empregos. E, para o ano que vem, devemos agregar mais 2 mil empregos somente na usina Paraíso. Só de mencionar esses números, é possível vislumbrar os efeitos positivos da atividade na região.
Por fim, poderia falar da expectativa em relação à nova safra?
Iniciamos a nova safra nesta semana e, para marcar o momento, foi realizada uma missa com mais de mil pessoas. Tivemos ainda a presença do governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro. A nossa expectativa é alcançar 1,2 milhão de toneladas de moagem nesta safra. Para o médio prazo, daqui a dois anos, esperamos moer 1,7 milhão de toneladas em Sapucaia e outras 800 mil toneladas em Paraíso. Mirando nesse objetivo, como disse anteriormente, estamos ampliando a nossa plantação de cana.
Eu ouvi irrigação? Essas plantações não são irrigadas, isso é péssimo, eu achei que já era irrigada. O que falta no empresariado do Rio de Janeiro é comprometimento e coragem de agir, alcançar São Paulo, nunca, porque esse estado não brinca com investimento como no Rio que faz de conta. É por isso que esse estado não anda pra frente, só pra traz. Se tem que fazer faça e não fica enrolando.